Em noite ruim de Rogério Zimmermann, Brasil vai da perfeição à desorganização e perde mais uma no Bento Freitas

O desolado camisa 10 do Brasil, Diego Miranda, parece não acreditar na recém consumada derrota do Xavante, enquanto Leandro Leite explica o revés aos repórteres

Por Luís Artur Janes Silva

Terça-feira, 16 de outubro, o Brasil volta ao Bento Freitas para cumprir mais um compromisso pela Série B do Campeonato Brasileiro. Animado pela vitória conquistada em Criciúma, a segunda consecutiva fora de Pelotas, o rubro-negro enfrentou o Atlético Goianiense em jogo que valeu pela 32ª rodada do campeonato nacional.

O torcedor xavante teve uma noite de grandes emoções, pois acreditou na possibilidade da vitória após um primeiro tempo perfeito do Brasil, mas voltou para casa decepcionado ao ver o rubro-negro cair de produção na segunda etapa e ceder a virada ao time goiano. O resultado final da partida (1×2), assinalou a sétima derrota do Brasil nos seus domínios nesta Série B, a terceira consecutiva.

PRIMEIRA ETAPA

O Brasil teve um início de jogo avassalador. Interessado, rápido na movimentação, optando por explorar o lado direito de ataque, trocando passes e organizando jogadas, o rubro-negro envolveu a defesa do time goiano, chegando com relativo perigo em três oportunidades antes dos cinco minutos de partida. O Atlético, organizado no 4-1-4-1, também esteve perto de abrir o marcador no segundo minuto de jogo, quando Vitinho foi à linha de fundo pela esquerda e cruzou para Júlio César, um dos destaques do Dragão de Goiânia, que cabeceou a bola, que passou perto do gol de Pitol.

Mesmo com este susto, o Brasil parecia um time treinado por Rogério Zimmermann, partindo para cima do adversário e tentando decidir desde o começo do jogo. Comandado pelas boas atuações de Itaqui, Diego Miranda e Éder Sciola, o Brasil ainda chegou à meta do goleiro Kléver aos 17 minutos, quando Diego Miranda rolou a bola para Wellinton Júnior, que girou e chutou rasteiro, obrigando o arqueiro goiano a mandar a bola para escanteio.

Com a saída de Sciola, lesionado, o Brasil mostrou outra característica dos times treinados por Rogério Zimmermann, a alternância de ritmos no transcorrer da partida, ora abafando os adversários, ora diminuindo a intensidade, cedendo espaços e dosando energia. Assim, entre os 20 e os 28 minutos da etapa inicial, o Xavante foi acossado pelo Atlético, que teve duas oportunidades de abrir o marcador, ambas desperdiçadas pelo meia-atacante Júlio César, que junto com Renato Kayser, incomodaram a defesa rubro-negra com sua constante movimentação e troca de posições.

Depois deste intervalo de tempo de domínio goiano, o Brasil voltou a tomar as rédeas das ações, impulsionado pelas cobranças de faltas de Itaqui, eficientes como nunca haviam sido nesta Série B. A retomada de controle do jogo pelo Xavante levou pavor ao inseguro sistema defensivo atleticano, que mesmo tendo a proteção dos volantes Pedro Bambu e Fernandes, vazou por todos os lados.

Finalmente, aos 40 minutos da etapa inicial, a insistência e intensidade do Brasil foram premiadas com o gol. Diego Miranda, soberano, acionou Wellinton Júnior, que dividiu com a defesa, mas a bola espirrou e sobrou para Itaqui, que chutou forte da entrada da área, aproveitando-se de mais um rebote ganho no ataque. Gol e explosão de alegria na arquibancada.

SEGUNDA ETAPA

No segundo tempo, o Brasil voltou determinado a atuar sob o signo de outra característica das equipes treinadas por Rogério Zimmermann, recuando suas linhas e passando a esperar o erro do sistema defensivo goiano para sair em rápidos contra-ataques que possibilitasse ao rubro-negro decidir o jogo. Mas a estratégia de Zimmermann não deu certo, pois o Brasil recuou demais e quando chegava ao ataque não conseguia segurar a bola neste setor. Pior que isso, o Brasil só teve uma oportunidade de saída em contra-ataque, que não foi aproveitada.

Com a melhora do Atlético, Rogério Zimmermann teve que mexer no seu time, visando adiantar suas peças e evitar a pressão dos goianos. Mas, o técnico rubro-negro não estava numa boa noite, fazendo duas substituições equivocadas, que desorganizaram o Xavante e possibilitaram a virada do adversário. Primeiro, Rogério tirou Rafael Gava, o operário da meia cancha rubro-negra, responsável pela consistência defensiva deste setor, permitindo que Diego Miranda e Wellinton Júnior possam jogar soltos e decidir jogos. Atuando desta forma segura, o Brasil conseguiu vencer Ponte Preta e Criciúma fora de casa.

Gava foi substituído pelo zagueiro Rafael Dumas, que entrou na lateral esquerda, possibilitando que Alex Ruan avançasse para o meio. Esta mudança, escancarou outra característica de Zimmermann, a teimosia, pois a utilização de Dumas na lateral já havia acontecido nos jogos contra o CRB e Oeste, redundando em fracasso, pois o eficiente zagueiro é lento demais para enfrentar diretamente os atacantes de velocidade dos adversários. Mas o teimoso Zimmermann insistiu no erro e foi no lado de Rafael Dumas que o Atlético fez o gol de empate aos 21 minutos do tempo final. O centroavante Thiago Santos fez um lançamento preciso ao rápido Júlio César que na frente de Pitol escolheu o canto e conclui.

Após sofrer o empate e perder a meia cancha, Zimmermann tirou o centroavante Michel e lançou Wallace Pernambucano. Wallace, sem ter o cacoete do homem de referência, acabou sendo inoperante, pois sofreu com a falta de criatividade do setor de meio campo do Xavante na segunda etapa.

O golpe fatal do Atlético veio aos 30 minutos do segundo tempo após confusão no sistema defensivo do Brasil. A bola sobrou na esquerda para o lateral Jonathan, que cruzou na cabeça de André Luís, que concluiu sem chances para o goleiro Marcelo Pitol. Um apático Brasil ainda tentou partir para cima do time goiano, desperdiçando uma chance com o improvisado meia Alex Ruan, que sozinho, chutou por cima do gol aos 33 minutos do tempo final. Depois disto, o Atlético passou a controlar o jogo e desestabilizou emocionalmente o Xavante, que foi incapaz de buscar o empate.

Após o apito final, parte da torcida passou a ofender o técnico Rogério Zimmermann. Enquanto isso, os jogadores rubro-negros, atônitos com a derrota, buscavam explicar a queda de produção observada na segunda etapa. Marcelo Pitol era o mais indignado na saída de campo. O goleiro reclamou de forma veemente da arbitragem, que teve atuação insegura no aspecto disciplinar e que teria sonegado um pênalti favorável ao Brasil nos minutos finais do jogo.

Mesmo derrotado, o Brasil ainda ocupa a 15ª colocação na tabela de classificação da Série B do Brasileirão, somando 37 pontos e mantendo cinco pontos de distância da Zona de Rebaixamento. O Xavante volta a campo no próximo dia 23, quando enfrentará o CSA, na cidade de Maceió. A partida está marcada para começar às 19h15.

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