Conheça os lares que acolhem e cuidam de pessoas com transtorno mental em Pelotas e Rio Grande

Serviços Residenciais Terapêuticos oferecem suporte profissional e novas perspectivas de vida para moradores com histórico de internações psiquiátricas.

Andrine Teixeira/Em Pauta

A cidade de Pelotas conta com dois serviços residenciais terapêuticos (SRT), contabilizando 19 moradores entre eles.

O primeiro a ser inaugurado foi o Maria Luz Mattos, em 2016, na modalidade do tipo II, tratando-se de uma moradia destinada às pessoas com transtorno mental e acentuado nível de dependência física, que precisam de ajuda para realização de tarefas diárias, como se alimentar ou tomar banho. São moradores que, além do transtorno mental, têm comprometimento físico. Criado para receber egressos do Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre e do Hospital Espírita de Pelotas, atualmente está localizado na Rua Félix da Cunha, n° 457, e conta com 10 residentes.

SRT Maria Luz Mattos, em Pelotas, recebe moradores na região central da cidade. Fotos: reprodução do google maps

Em 2021 foi aberto o residencial Liberdade, sendo tipo I, uma moradia destinada a pessoas com transtorno mental em processo de desinstitucionalização (processo de retirar pessoas com transtornos mentais de hospitais psiquiátricos e garantir que elas possam viver em liberdade e dignidade fora das instituições), possuindo moradores mais independentes, tendo como objetivo reinserir essas pessoas socialmente. Está localizado na Rua Marcílio Dias, nº 357 e neste momento há nove moradores.

SRT Liberdade, na rua Marcílio Dias, em Pelotas

Os funcionários que atuam dentro deste setor são selecionados por meio de contratos ou concursos públicos. Dariane Portela, enfermeira e apoiadora técnica da Rede de Apoio Psicossocial de Pelotas, afirma que esses profissionais passam por uma sensibilização, que seria basicamente uma roda de conversa na qual são passadas instruções indicando algumas situações que podem ocorrer e a melhor maneira de agir diante delas, e sempre lembrando que a empatia é fundamental para que se trabalhe dentro de um SRT, para que os moradores possam, de fato, sentir-se em casa.

A autonomia desses moradores é trabalhada com terapeutas ocupacionais, e todos possuem o seu plano terapêutico individualizado, sendo definido de acordo com suas necessidades e atualizado sempre que necessário. Além disso, também ocorrem oficinas de artes e hortas proporcionadas pelo CAPS, como uma forma de terapia alternativa. Não há tempo máximo de permanência nesses SRTs, o morador pode continuar até sentir-se auto suficiente para levar a vida de forma independente.

O encaminhamento para um SRT em Pelotas é realizado por meio de ordem judicial ou através da Rede de Atenção Psicossocial, coordenada pela Prefeitura, sendo destinado a pessoas que não possuam suporte familiar para realização do tratamento ou pacientes acompanhados anteriormente pelo Hospital Espírita de Pelotas.

Embora no início os moradores do SRT Maria Luz Mattos tenham sido egressos do Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre, atualmente o atendimento é voltado, prioritariamente, para moradores de Pelotas e região, de acordo com a necessidade identificada pela rede de saúde mental ou por decisão judicial. Além disso, não há tempo máximo de permanência nesses SRTs. O morador pode continuar até sentir-se auto suficiente para levar a vida de forma independente.

Segundo Janieli Garcia, técnica em enfermagem que trabalha no SRT Maria Luz Mattos desde a sua inauguração, alguns residentes se adaptam rapidamente, enquanto outros, inicialmente, aguardam o retorno para a casa da família. Com o tempo, no entanto, vão se habituando ao ambiente e passam a enxergar o residencial como um lar.

No SRT do tipo II, os pacientes geralmente permanecem até o fim da vida, exceto em situações em que não se adaptam ao local e precisam ser transferidos para outro serviço, seja particular ou oferecido pela Prefeitura. Embora não seja comum, há casos de alta e reintegração – como o de um residente do SRT II que, após apresentar melhora significativa, deixou a casa, casou-se e hoje leva uma vida estável e saudável. Esses casos são possíveis quando há um maior suporte à pessoa.

Alguns residentes ainda nutrem o desejo de sair do residencial, mas não possuem condições de viver sozinhos nem têm rede de apoio para garantir essa independência. Nessas situações, permanecem no SRT por uma questão de segurança e bem-estar, e isso é decidido a partir da avaliação da equipe.

Acolhimentos em Rio Grande

Desde 2019, a cidade de Rio Grande também conta com um SRT público, do tipo II, localizado na Rua Gomes Freire, 747. Com capacidade para 10 residentes, o serviço conta com educadores sociais, técnicos de enfermagem, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos. Os encaminhamentos para o SRT podem ser feitos pelo CAPS Conviver ou pelo Ministério Público.

SRT de Rio Grande localizada na rua Gomes Freire, 747

No site da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul é possível localizar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) disponíveis em cada cidade gaúcha.

Comentários

comments

Você pode gostar...