Como um aplicativo de celular pode mudar eventuais fraudes do TSE

Por Juliana Santos

Com a finalidade de dar transparência às eleições no País, professor de Computação da Unicamp planeja aplicativo que fiscaliza o resultado oficial das urnas eletrônicas

É eletrônico, não é cédula. Agora temos a biometria! Essas afirmações não são mentiras, mas não têm valor por si só. A urna eletrônica possui diversas falhas no mecanismo de segurança dos votos. Quem comprova isso é o professor especialista em segurança digital da Universidade Estadual de Campinas, Diego Aranha. Segundo ele, a urna não garante que os votos sejam secretos e pode sofrer manipulação indevida nos resultados finais de votação.

O modelo da máquina em que depositamos nossos votos possui registro unicamente eletrônico do resultado das votações. Para que não dependêssemos unicamente da honestidade à adulteração do software responsável pelo rumo dos que ficarão à frente do País, o professor teve uma ideia. Contando com mesários e pessoas encarregadas no dia das eleições, foi pensado em um aplicativo de celular onde seria depositado o comprovante físico dos votos.

O professor colocou o projeto que chamou de “Você Fiscal” no site de financiamento coletivo Catarse (saiba mais sobre financiamento coletivo aqui). Ao conseguir a meta de 30 mil reais para o desenvolvimento do aplicativo o projeto será imediatamente colocado em prática. Ainda falta um dia para o fechamento das doações e Aranha já arrecadou mais de 54 mil reais.

Com o app instalado, a pessoa envia uma foto do Boletim de Urna, que é uma espécie de recibo onde mostra a quantidade de votos de cada candidato daquela urna (atenção: ele não exibe o autor do voto, apenas a quantidade de votos recebidos por cada candidato). Esse boletim é gerado por cada urna no final da votação (17hs em ponto). Os dados eletrônicos da urna são diretamente enviados para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o resultado oficial. Após tirar a foto a pessoa deve enviar pelo aplicativo a imagem com as informações da urna.

Entenda o funcionamento do aplicativo. Foto: Divulgação oficial (http://goo.gl/Axwqod)

Entenda o funcionamento do aplicativo. Foto: Divulgação oficial (http://goo.gl/Axwqod)

Aos que questionam se realizar a tarefa não seria violar o sigilo do voto, o professor explica: “O Boletim de Urna é uma espécie de recibo que contém os totais de votos para cada candidato. Trata-se de um documento público que deve ser afixado em lugar visível pelo mesário ao final da votação, não existindo qualquer obstáculo para um registro fotográfico”.

O que protege o software de votação que é instalado nas urnas é uma chave criptográfica uma espécie de segredo. O correto e seguro é que cada urna tenha um segredo distinto, mas não é isso o que acontece. Todas as urnas compartilham a mesma criptografia. Ou seja, ao descobrir a chave de uma urna, a pessoa tem acesso a todas elas.

No ano de 2012 o foram realizados testes onde se descobriu algumas vulnerabilidades no sistema de programação da urna. O TSE decidiu não realizar testes em 2014 e dessa forma fica impossível afirmar se esses problemas foram reparados. O aplicativo deve ser lançado entre 15 a 20 de setembro.

Entenda o que o projeto pretende:

“A eleição eletrônica no Brasil possui duas fases: contagem e totalização.

Na primeira fase, as urnas eletrônicas coletam os votos dos eleitores e produzem o Boletim de Urna em formatos impresso e eletrônico, uma espécie de recibo com os totais de cada candidato naquela urna.

A sociedade não pode fiscalizar a primeira fase, por decisão de projeto do TSE.

Na segunda fase, os Boletims de Urna recebidos eletronicamente são somados pelo TSE para calcular o resultado final.

O Você Fiscal é um aplicativo que permite a fiscalização da segunda fase da eleição. Cada usuário captura e envia uma seqûencia de fotos do Boletim de Urna, que são processadas e posteriormente comparadas com a versão eletrônica do documento. Se houver discrepância, há indício de fraude na transmissão dos resultados.” – Equipe do Você Fiscal

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