Como o Brasil se expandiu no Grammy Latino
Por Maria Clara Morais Sousa / Em Pauta
No dia 28 (terça-feira), foram anunciados os indicados para as 53 categorias do Prêmio Grammy Latino 2021, o qual acontecerá no dia 18 de novembro deste ano. Entre os brasileiros da lista estão Giulia Be (artista revelação), Caetano Veloso (gravação do ano), Hamilton de Holanda (melhor álbum instrumental), Barões da Pisadinha (melhor álbum de música sertaneja), Ivete Sangalo (melhor álbum de raízes brasileiras e melhor música de língua portuguesa junto com o Emicida), além de muitos outros artistas.
O Prêmio Grammy Latino foi fundado em 2000 por Michael Green, ator americano, com a função de dar destaque e respeito para artistas não contemplados no Grammy tradicional. Atualmente, são 21 anos de apresentações musicais, prêmios e tapete vermelho para cantores e bandas que cantam em língua portuguesa ou espanhola.
Muitos acreditam que essa diferenciação entre Grammy Latino e Grammy tradicional seja discriminatórias, porém o professor de História Social do Rock na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Fábio Cruz acredita que “o Grammy é separado por muitos estilos” e essa premiação seria apenas uma nova categorias com outras diversas subcategorias.
Desde o início da sua história, o Grammy já contemplava categorias específicas para o México e o Brasil, porém a partir de 2016 as categorias brasileiras viraram categorias de língua portuguesa – mesmo ainda contemplando estilos musicais típicos do Brasil. Atualmente as categorias para a língua portuguesa são: Melhor álbum cristão, melhor álbum de pop contemporâneo, melhor álbum de rock ou música alternativa, melhor álbum de samba/pagode, melhor álbum de MPB (Música Popular Brasileira), melhor álbum de música sertaneja, melhor álbum de raízes brasileiras e melhor música.
Segundo o cantor Eduardo Ravier, a música brasileira ainda é muito mal representada em grandes premiações, ele afirma que “indicaria artistas de outros gêneros, do funk, do pop, do brega que não são vistos pelos avaliadores do Grammy, mas são consumidos por toda América Latina servindo muitas vezes de inspiração para artistas de fora”. Fábio Cruz concorda com a importância do cenário musical brasileiro citando nomes como Sepultura, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes e Villa-Lobos como grandes influências para músicos de todo o mundo.
Nesse ano foram dez indicações nas categorias não relacionadas a língua portuguesa e três delas foram para as quatro categorias de mais destaque – Giulia Be como artista revelação, Nana Caymmi com “Nana, Tom Vinícius” em álbum do ano, Caetano Veloso e Tom Veloso com “Talvez” em gravação do ano. Nas categorias gerais Hamilton de Holanda e Mestrinho concorrem a melhor álbum instrumental (“Canto da praya – Ao vivo) assim como com Toquinho e Yamandu Costa (Bachianinha – Live at Montreux jazz festival) e Rogério Caetano e Cristovão Bastos (Cristóvao Bastos e Rogério Caetano), Antonio Adolfo disputa o melhor álbum de jazz (“Bruma: Celebranting Milton Nascimento”), Aline Barros concorre ao melhor álbum cristão de música espanhola (“Redención”), Ney Fialkow & Hugo Pilger estão na categoria de melhor álbum clássico (Claudio Santoro: a obra integral para violoncelo e piano) e Mauro Araujo disputa o prêmio para melhor engenharia de um álbum (“Iceberg”).
Entre tantos indicados, o nome mais comentado foi o da novata Giulia Be. A cantora começou seu trajeto no Rock In Rio de 2017, quando entrou no camarim do Maroon 5 para tirar foto e acabou cantando “She will be loved” com eles. Já em 2018, possuía contrato com a Warner Music. A artista revelação lançou seu primeiro single “Chega” em abril de 2019, mas obteve sucesso em agosto do mesmo ano com “Menina solta” – música que já possui 183 milhões de visualizações no YouTube e foi Top 10 no Spotify.
Caetano Veloso foi outro indicado com destaque, já que está concorrendo a uma das grandes categorias e coleciona 12 Grammys. Com mais de 50 álbuns lançados, o cantor já lançou filmes, livros, participou de abertura de Jogos Olímpicos e é uma referência para a Música Popular Brasileira e para a música em geral.
Outra veterana indicada foi Ivete Sangalo, a qual está concorrendo a duas categorias. A baiana já foi indicada 14 vezes ao Grammy e ganhou 474 prêmios em diversas premiações, além de ter uma das suas músicas eleitas como “refrão do século” pela Billboard e ter sido homenageada em samba enredo pela escola de samba carioca “Acadêmicos do Grande Rio”.