Contra o racismo institucional na UFPel! As ações afirmativas e educação antirracista precisam ser prioridade na universidade!
O DCE UFPel, gestão DCE é pra Lutar, vem se manifestar sobre os recentes casos de racismo institucional vivenciados por estudantes nas últimas semanas.
Conforme exposto em nota pelo Coletivo Negro das Ciências Sociais, um colega nosso, estudante negro da pós graduação em ciência política da UFPel foi contemplado com uma bolsa de mestrado destinada a pessoas negras dentro do programa de ações afirmativas de pós-graduação da Universidade. Atualmente ele reside no Ceará e precisa começar a receber essa bolsa para custear a sua mudança para Pelotas/RS, programada para agosto de 2022, quando as aulas presenciais retornam em sua totalidade na UFPel.
Em março deste ano ele recebeu uma convocação da UFPel para comparecer em Pelotas em 05 dias para realizar a banca de heteroidentificação, sob pena de perder a bolsa. Sem recursos financeiros, naquele momento, ele enviou e-mails a vários setores da UFPel, incluindo o DCE, solicitando que sua banca fosse realizada de forma online ou em alguma outra universidade pública no Ceará, ou, ainda, postergada para agosto/2022 quando terão início suas aulas presenciais na Universidade.
Em todas suas manifestações, o estudante mostrou nítido comprometimento em cumprir o protocolo da instituição e realizar a banca de heteroidentificação, mas devido a sua atual situação financeira, ficaria inviável sua locomoção a Pelotas somente para fazer a banca. O aluno, no entanto, recebeu como resposta que não seria possível a realização da banca de forma remota pela “possibilidade de manipulação de imagens por meio de filtros” e que existiria uma “determinação superior” vedando esse procedimento, sem que a Universidade em suas várias manifestações tenha ao menos indicado o fundamento jurídico onde constaria essa vedação. Também não foi realizado, por parte da UFPel, nenhum esforço no sentido de realizar a banca em uma outra instituição.
“Mesmo sendo um estudante de fenótipo incontestavelmente negro, a UFPel não atendeu a nenhum de seus apelos, pelo contrário, representantes da Universidade aconselharam que ele “tomasse um crédito” para comprar a passagem e vir a Pelotas somente para fazer a banca, recomendação essa que evidencia a falta de sensibilidade com a situação do estudante, com os propósitos reparatórios das políticas de ações afirmativas e, ao mesmo tempo, reforça a cultura de racismo institucional enraizada na UFPel”, pontua a nota do Coletivo Negro das Ciências Sociais.
Casos no Hospital Escola e Faculdade de Odonto
O racismo institucional na UFPel foi também evidenciado em outras duas denúncias que dão conta de estudantes negros sendo barrados em prédios da instituição. O primeiro caso ocorreu na portaria do Hospital Escola UFPel, gerido pela Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares em março. Conforme nota divulgada pelo Diretório Acadêmico da Medicina e Coletivo NegreX, um estudante negro foi impedido de acessar as dependências do hospital que frequenta diariamente, enquanto colegas brancos acessaram o prédio sem precisar mostrar qualquer identificação (confira nota completa). Caso semelhante foi denunciado no fim de abril por uma professora de Odontologia. Um estudante negro que precisava ingressar o prédio da faculdade de Odontologia para o atendimento em uma das clínicas sendo barrado por um atendente da portaria (leia relato completo).
O DCE UFPel vem por meio desta nota se colocar, publicamente, à disposição dos coletivos, movimentos, entidades e indivíduos que vêm realizando estas e outras denúncias. Estamos abertos e vigilantes para acompanhar estes casos e receber novas denúncias. Acreditamos na importância de ampliarmos estas denúncias a toda comunidade acadêmica e na necessidade de seguirmos realizando debates entre estudantes, demais categorias e movimentos sociais para construção de ações que visem que situações como as citadas não se repitam!
Para além disso, o DCE cobra por parte da reitoria e gestão geral da Universidade uma atuação com mais transparência nestes casos, tomando ação que levem em consideração as vozes do movimentos negro que atuam na universidade. Que as ações afirmativas sejam efetivamente cumpridas na prática! Que a educação antiracista seja pautada em todos espaços da universidade para que nenhum estudante, trabalhador técnico administrativo, professor ou terceirizado tenha que passar por situações constrangedoras e discriminatórias.