Manifestação em defesa da permanência dos estudantes indígenas e quilombolas da UFPEL
Estudantes indígenas e quilombolas de todo o Brasil, matriculados no ensino superior vêm sofrendo drásticos cortes no principal e único programa de auxílios voltados para essas minorias, o Programa Bolsa Permanência.
Desde o segundo semestre de 2019 o Governo federal através do Ministério da Educação congelou a concessão de bolsas para esses alunos. Depois de quase três anos, em Janeiro de 2022, o MEC anunciou que abriria uma nova concessão para todo o Brasil, um quantitativo de 2.000 bolsas, um número imoral e insuficiente uma vez que segundo estudos preliminares, seriam necessárias 10.000 bolsas para cobrir toda a demanda.
À UFPEL o MEC concedeu apenas 5 bolsas para um quantitativo em torno de 30 alunos aptos a receber. Algumas Universidades ao se depararem com o descaso do Governo Federal criaram políticas internas de concessão de auxílios, pagando aos estudantes a mesma quantia que o MEC repassava, no valor de R$ 900,00, esse valor sugere que seja suficiente para que os alunos indígenas e quilombolas saiam de suas aldeias, quilombos e comunidades para viver na cidade e cobrir as gastos para comer, vestir, se transportar, morar e participar ativamente na vida acadêmica. Porém a Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, não aderiu ao movimento e concedeu aos estudantes um auxílio de apenas 500,00.
Em reunião extraordinária do coletivo indígena e quilombola, decidimos que lutaremos para que a UFPEL garanta a concessão desses auxílios, uma vez que se a Universidade garante o ingresso, também deve garantir a permanência dos estudantes. Ao assumir o compromisso através de ação afirmativa criando um vestibular especial para indígenas e quilombolas de todo Brasil ingressarem na Universidade, a UFPEL também assume o dever cívico de cumprir com uma justiça reparatória diante da sociedade formando profissionais em diversas áreas de conhecimento, profissionais estes que futuramente retornarão às suas comunidades levando o exemplo e principalmente justiça social.
Como bem sabemos, no Brasil de Bolsonaro a inflação não deixa que as famílias pobres do país tenham sossego de que o salário durará até o fim do mês, na visão da UFPEL R$ 500,00 são suficientes para um aluno viver na cidade, mas nós, estudantes indígenas e quilombolas estamos vindo a público diante da sociedade dizer que, NÃO! Essa quantia não é suficiente! exigimos que a Universidade cumpra com a obrigação de manter seus alunos mais necessitados e à margem da sociedade, e nos coloque como prioridade quanto à assistência estudantil!
Por este motivo, estamos convocando toda a comunidade estudantil para um manifesto em defesa da permanência dos estudantes indígenas e quilombolas da UFPEL, manifesto este que terá concentração na SEDE DO DCE UFPEL, Rua Três de Maio, 665 Centro. Coloque sua máscara, leve seu álcool em gel, e vamos pra rua!
Texto redigido por Lideranças Indígenas e Quilombolas da UFPEL. Com apoio da gestão DCE É Pra Lutar – a voz ativa dos estudantes.