Gahuer Carrasco: “A luta por um sonho”
Reportagem de Isabelle Domingues –
Gahuer Carrasco tem muito a comemorar. Completando 20 anos de estrada, carrega consigo a arte como sua fiel escudeira e pode contar com o orgulho e satisfação de quem fez do mundo o seu quintal. Em meio às comemorações, as gravações do CD e DVD “Sem Limites” e o documentário “A Luta Por Um Sonho”, conta em entrevista um pouco da sua trajetória artística.
Lá fora chove e fraz frio, mas na Biblioteca Pública Pelotense, onde fizemos a entrevista, a latinidade esquenta o ambiente. Com semblante apaixonado e um brilho no olhar, de quem já avistou muitas paisagens e guardou na memória suas melhores lembranças, ele chega. Acostumado a falar para o público, sabe valorizar exatamente aquilo que lhe interessa explorar, a arte.
Na polidez de um homem culto e sofisticado, a emoção lhe escapa por entre os dedos ao violão através de sua poesia, sempre tão sincera e carregada de sentimentos. Nas histórias e experiências vividas, encontra sua maior expressão através das notas, tocadas e cantadas com exímia maestria, nas canções de amor. É o reflexo de sua identidade, da sua verdade. E o público, por sua vez, obtém o privilégio de assistir o mais belo encontro de um artista e sua música.
O talentoso violonista, cantor e compositor gaúcho fala da sua carreira, CD e DVD, novinhos em folha, que pretende lançar em meados de 2016.
Como Tudo Começou
Aquele garoto que, aos 14 anos, incentivado pelo tio, Baltazar Pereyra, passou a dedilhar os seus primeiros acordes no violão, mal poderia imaginar chegar tão longe. Estudou no Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas. Natural de Jaguarão, sempre esteve em contato com o Uruguai, país vizinho ao Rio Grande do Sul, cuja cultura e musicalidade lhe foram, desde cedo, muito familiares. Essa identidade latina transparece nas suas composições. Revela suas influências através de um repertório variado, que passeia pelo samba, blues e jazz, dentre outros estilos.
A cada novo projeto, são turnês bem-sucedidas e shows requisitados nas grandes casas de espetáculos mundo afora. Em países como Grécia, Itália e França, por exemplo, um público cativo aguarda ansioso o seu retorno, somente para, mais uma vez, poder desfrutar dos maiores sucessos do artista. “Eu me sinto muito acolhido. Em todos os lugares que eu fui, sempre me receberam de uma forma muito cálida, apaixonante, que me emociona bastante. Quando a gente toca uma música bem brasileira, um samba, uma bossa nova ou até um tango, pois eu sou meio uruguaio também, representando não só o nosso país, mas a nossa América, o pessoal adora!”, revela o músico, encantado com a receptividade e carinho dos fãs estrangeiros.
Gahuer Carrasco já atuou em diferentes festivais, no Brasil e no exterior. Recebeu indicação para o prêmio Brasil Sul de Música, em 2013. Foi vencedor, logo no início da carreira, do festival Milton de Lemos. Além disso, também figuram em meio à sua coleção de vitórias o prêmio Rosa Mística, de Curitiba, assim como do Concurso Internacional de Música, no Uruguai. No papel de jurado, esteve em festivais na Itália, Grécia, França, Bulgária, México, Paraguai e outros países.
Logo ao lançar seu novo disco, o “Sem Limites”, foi escolhido para representar o Brasil no Festival Internacional da Canção, no Paraguai. Em meio a candidatos de mais de 30 países, concorreu nas categorias de melhor cantor, melhor composição e melhor videoclipe. Quanto à expectativa com a apresentação, Gahuer disse que estava preparado e tranquilo. “Eu fico sempre muito emocionado de estar representando o nosso país, a minha cidade, o meu estado. Poder mostrar um pouco da minha música, que é minha, mas é nossa, na verdade. Vem tudo daqui, de onde eu vivi, onde eu morei. É uma responsabilidade e uma alegria muito grande estar levando a nossa cultura para outros países”, diz.
Sem Limites Para Amar
“Sem Limites”, gravado nos Estúdios Alfa Omega, do cantor lírico, João Ferreira Filho, é um trabalho autoral, mas com muitas parcerias. Uma delas é Kleiton Ramil, no clássico “Vira Virou”, da dupla Kleiton & Kledir. Vestida de blues e aliando-se à típica sonoridade da viola portuguesa, a canção recebeu uma roupagem diferente em relação à gravação original. Paco Quiroz, produtor musical e compositor mexicano, também participa do disco e assina “Tus Manos”, composta especialmente para Gahuer Carrasco. O disco conta ainda com a participação do músico Rui Cardoso, primo do cantor.
Trata-se de uma celebração do amor. O álbum fala de paixão, saudade, de estar junto mesmo na distância. É o caso de “Imprescindible”, composta pelo cantor quando morava no México. Nesse período, sentia-se muito sozinho, sem sua namorada que tanto amava. Gahuer Carrasco se diz um homem romântico por excelência. “Eu falo só sobre o amor. Eu sou um cara romântico! Acabo abrindo o meu coração para dar o melhor de mim. Mostrar o meu melhor!”, afirma.
O videoclipe “Só Pra Te Fazer Feliz” já está disponível on-line, numa amostra de tudo que vem por aí. A canção eleita carro chefe desse novo trabalho, é uma das preferidas do artista. Segundo ele, foi preparada com todo carinho e consiste numa mistura de samba, jazz e bossa nova. O clipe foi gravado inteiramente em Pelotas e tem a participação da modelo pelotense, Karen de Los Santos. A direção geral fica por conta do cineasta mexicano, Pablo Lemus.
Gravação do DVD
No dia 6 de agosto, o palco do Theatro Guarany foi cenário de grande comemoração. O registro do show “Sem Limites” sintetizou 20 anos de carreira do artista que emocionou o público com seus antigos e novos sucessos. “A gravação do DVD foi realmente mágica, maravilhosa”, comenta ele, animado com o resultado obtido.
Foram necessários mais de seis meses de planejamento, além de horas e horas de ensaio até aquela noite. Na produção e gravação do DVD, estão envolvidos profissionais da área do teatro e cinema mexicanos, juntamente com uma produtora da cidade de Florianópolis, Santa Catarina.
Gahuer Carrasco é um artista habilidoso, gosta de se reinventar, estar inovando, sempre. Isso é aplicado não somente através dos sucessos que o consagraram, como também, na constante busca por novos estilos e sonoridades. A mistura de influências da sua trajetória musical foi dividida com o público e registrada por sete câmeras Full HD, além de uma aparelhagem de última geração.
A Luta Por Um Sonho
As melhores cenas do espetáculo, juntamente com outros momentos marcantes da carreira do músico, estão sendo selecionadas para o documentário “A Luta Por Um Sonho”. As filmagens registram turnês pela Espanha, França, Itália e Grécia. O documentário também contou com a participação de Marcio Kinzeski, diretor de cinema pelotense com vários filmes premiados em Los Angeles, EUA.
Mas será que após tantos anos de estrada, o coração do artista ainda bate forte, antes de uma apresentação? Ele garante que sim. Refere-se à música como sendo sua vida. Declara seu amor por ela. Neste momento, ainda é possível enxergar o mesmo jovem, talentoso e promissor, do início da carreira, cujo entusiasmo e dedicação o levarão a chegar longe. “Quando a gente está no palco é uma entrega. Não pensamos em técnica, não pensamos em nada. A gente só pensa em se doar, colocar o nosso melhor, naquele momento. No meu caso, é puro sentimento. Tento expressar aquilo que eu sinto!”
O DVD e o CD “Sem Limites” serão lançados, a princípio, no início de 2016. Então já sabemos que teremos muitas novidades para o ano que vem! “Gostaria de desejar ao meu público, que sempre me acompanha e pra quem eu sempre dou o meu melhor, muita paz, muito amor, música e arte, pois o resto vem junto!”, deseja o músico, ao finalizarmos a entrevista. O Arte no Sul, assim como, certamente, todos os seus fãs, deseja o mesmo, Gahuer. Muito sucesso e que sua estrela brilhe cada dia mais!
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Virada Cultural encerra domingo a Primavera Cultura Livre
Reportagem de Anahí Silveira –
Os “Pontos de Cultura” envolvem as comunidades com atividades que estimulam a criatividade. Conforme a Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul, propiciam o exercício da cidadania pelo reconhecimento da importância da cultura produzida em cada localidade. Basicamente, as organizações que manifestam interesse em representar um ponto de cultura passam por uma seleção e, logo após, recebem recursos para potencializar suas ações. Nasceu assim a Rede RS de Pontos de Cultura, que tem como objetivo promover a diversidade cultural e a articulação em rede no Estado. No mês de outubro, com a contribuição de um dos pontos da Rede RS, o Paralelo 33, foi promovido o Primavera Cultura Livre em Pelotas, que encerra domingo com a Virada Cultural.
Dentre os inscritos na Rede RS de Pontos de Cultura encontra-se o Paralelo 33 Transformundo, rede que é uma iniciativa do Instituto Unidade da Periferia, com sede no bairro Dunas, em Pelotas, e que envolve também os municípios de Santa Vitória do Palmar, Pedro Osório, Arroio Grande e Jaguarão. O projeto firmou três frentes de ação, sendo elas o Fortalecimento Local, o Coletivo Educador e a Produção e Circulação de Conteúdos e Serviços Culturais.
Foi neste espaço que o Paralelo 33, através de seu coordenador Herberto “Betinho” Mereb, se juntou aos esforços de realização do festival Primavera Cultura Livre, projeto também organizado pelo produtor cultural pelotense Manoval Robe, representando o coletivo Satolep Circus. Desde 2009, o Primavera Cultura Livre promove oportunidades de debate sobre o cenário cultural da cidade em meio à realização de diversos shows gratuitos. Em sua segunda edição, o festival propiciou ao público cerca de 12 horas de shows na Praça Coronel Pedro Osório.
Chegando na quarta edição, o festival surgiu na necessidade de protagonizar projetos culturais em Pelotas, a partir de uma tendência que já surgia em algumas capitais. “Nós juntamos esforços e pessoas interessadas para criar o Primavera. Reforçamos a ideia de que não se trata de um projeto de entretenimento, mas sim uma ação cultural, que pauta assuntos desse eixo”, explica Manoval. A cada ano de realização, novos coletivos e pontos de cultura, como é o caso do Outro Sul, somam esforços para a realização do evento, construindo uma história de grande mobilização regional e mantendo sempre o mesmo propósito: promover o debate sobre a cultura.
Com um tema por ano, a primeira edição do festival abordou a relação entre comunicação e cultura. Na segunda edição, foi a vez de discutir a formação do sistema local de cultura, o que contribuiu para a organização local e resultou no atual financiamento do Primavera Cultura Livre pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Procultura Pelotas/RS). Já o debate que foi tema da terceira edição focou no âmbito acadêmico: a implementação de uma graduação em Produção Cultural na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Manoval e Betinho analisam que a criação de um curso como este seria uma espécie de “guarda-chuva” para todas as outras graduações no setor das artes que já existem na instituição. A pauta ainda segue em debate.
Neste ano, o Primavera Cultura Livre teve como tema o sistema de cultura brasileiro, dando destaque ao Plano Nacional de Cultura (PNC), instituído por lei em 2010 e que busca o planejamento e implementação de políticas públicas de longo prazo voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. A lei que criou o PNC prevê metas a serem atingidas até 2020. Betinho enfatiza que, neste momento, é preciso que os agentes culturais mantenham as energias voltadas à essa questão. “Temos que acompanhar o andamento desse processo para que Pelotas esteja pronta para fazer parte desse Plano. A Secretaria Municipal de Cultura está fazendo o seu papel, mas ainda assim vamos acompanhar, sugerir, propor… A questão está andando, estamos no caminho”, diz. O Plano modificaria a realidade de dependência apenas de editais para que projetos sejam realizados e financiados.
Shows
Em decorrência das chuvas no mês de outubro, a Virada Cultural – com os shows que encerram a programação do festival – foi adiada e acontecerá no domingo (1º de novembro) e segunda-feira (2 de novembro). Segundo os organizadores, o critério utilizado na escolha das apresentações se deu pelos “artivistas”, como costumam chamar, que constroem a cena cultural de sua região – alguns veteranos e outros ainda iniciantes – por isso, uma mistura de artistas e ativistas.
Dessa forma, a estrutura para os shows contará com dois palcos, o Palco Primavera e o Palco Alternativo. Os shows têm produção executiva do artista Serginho Ferret, o Serginho da Vassoura, conhecido por espalhar seu “ilusionismo sonoro” pelas ruas e eventos de Pelotas. Serão mais de 20 bandas, de diversos gêneros musicais, representando as cidades de Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Pedro Osório e Jaguarão.
Vale lembrar que os shows integram a parte final do festival, que já realizou neste mês atividades de formação e capacitação para a Cultura Livre, outras duas frentes de trabalho – uma mesa redonda e uma oficina – , e uma festa de lançamento. Acontecerá ainda uma Roda De Conversa, amanhã, (dia 31 de outubro), às 18h, sobre o PNC e o Sistema Municipal de Cultura, com a participação de Betinho e Duda Keiber, no Quadrado (Katangas), na rua Alberto Rosa, nº 1.
Os shows acontecem na rua José do Patrocínio, em frente ao Galpão Satolep, e são gratuitos. Confira a programação da Virada Cultural:
Domingo (1º)
14h30 – Dunas Rap – Palco Primavera
15h20 – Telúrica – Palco Alternativo
16h10 – Causo Beats e Matudarí – Palco Primavera
17h – Chirrin Chirríon – Palco Alternativo
17h50 – Guido CNR – Palco Primavera
18h40 – Aacrã Mobaid – Palco Alternativo
19h30 – She Hoos Go – Palco Primavera
20h20 – Mato Cerrado com participação de Jecão e os Maldomados – Palco Alternativo
21h10 – Teco Barbachan – Palco Primavera
22h – Tripulação Garagem – Palco Alternativo
22h50 – Freak Brotherz – Palco Primavera
23h40 – Van Zullatt – Palco Alternativo
0h30 – Vicente Pimentero – Palco Primavera
1h20 – Serginho da Vassoura – Palco Primavera
2h10 – Tronco – Palco Primavera
3h – Postmortem – Palco Primavera
Segunda-feira (2)
15h – Celso Krause – Palco Primavera
15h50 – Raiz do Samba – Palco Primavera
16h40 – Zudizilla – Palco Primavera
17h50 – Olho de Marte – Palco Primavera
18h40 – Chapéu de Cobra – Palco Primavera
19h30 – Alex Vaz – Palco Primavera
20h20 – Quintal de Sinhá – Palco Primavera
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Feira do Livro de Pelotas começa hoje
Reportagem de Carolina Ávila e Letícia Eloi Pinto –
O movimento foi intenso para acertar os últimos detalhes da 43ª Feira do Livro de Pelotas que começa hoje. As instalações ganharam forma e já recebem os primeiros visitantes. O local, já tradicional, é o centro da Praça Coronel Pedro Osório e parte da rua Lobo da Costa, onde será a praça de alimentação – palco de várias atrações culturais.
Cerca de 18 expositores apresentam as mais diversas obras literárias durante os 18 dias da Feira. É um dos eventos mais esperados pelos pelotenses e a montagem da estrutura chama a atenção de quem passa pelo local. É realizada pela Câmara Pelotense do Livro, com o apoio da Secretaria de Cultura (Secult) e Bibliotheca Pública.
Neste ano há novidades. A coordenadora da Feira do Livro, Teia Bender, explica que o posicionamento da estrutura mudou, utilizando a alameda que vai até ao Grande Hotel, onde haverá sessões de autógrafos e alguns expositores. Também terá a volta da praça de alimentação, o ponto de encontro do público, onde estará o palco com as atrações diárias.
A programação literária, neste ano, passa a ser nos casarões e na Bibliotheca Pública, pois serão atividades que necessitam de lugares mais reservados. Teia está empolgada: “Vamos confiar que a Feira permaneça da mesma forma, que ela continue sendo um sucesso, como ela tem sido nos últimos anos. Acho que a Feira está pronta pra acontecer.”.
Tatiane Coelho é pedagoga e leciona na educação infantil, ressalta que sempre incentiva os alunos como educação básica, pois a leitura é essencial para qualquer faixa etária. “A Feira do Livro é uma das coisas que nos oportuniza a despertar na criança esse interesse pela leitura”, destaca. Diariamente, das 14h às 17h, haverá apresentações escolares; depois das 17h, apresentações artísticas como dança e teatro; e, das 19h30 às 21h, shows com músicos locais e regionais. O horário de funcionamento da Feira será das 14h às 22h.
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Ju Lund está na Feira do Livro dia 14 de novembro
Reportagem de Roberta Kegles Chiesa e Priscila Machado –
Com uma grande criatividade em criar e recriar suas histórias, a pioneira dos contos Queer Chic no Brasil lançou no dia 15 de Outubro, na Livraria Vanguarda do Shopping Pelotas, a edição de luxo de Doce Vampira, publicado pela Editora Avec. O livro, que revela os vampiros ao mundo, conta a história de amor entre Duda e Esther e a discriminação por serem do mesmo sexo e também, uma por ser humana e a outra, vampira. No sábado, dia 14 de novembro, às 19h, Ju terá um encontro com seu público na Feira do Livro de Pelotas, quando ela fará uma sessão de autógrafos para Doce Vampiros e a coleção Sobrenatural.
A autora, que “transforma os melhores sonhos e piores pesadelos em contos e romances”, conta como foi desbravadora na escolha dos seus temas.
Arte no Sul – Quando foi que tu tiveste a percepção sobre o gosto por escrever os contos?
Ju – Minha paixão por escrever contos apareceu como coisa do destino mesmo. Escrevi o primeiro e não parei mais, lá entre 2009 e 2010. É muito gostoso criar textos, principalmente os mais curtos para leitura na web.
AS – A maioria deles, falam sobre suspense, romances e vampiros. Como surgiu essa empatia?
Ju – Acredito que nossa maior influência sejam as leituras que fazemos. Neste caso, escrevo sobre aquilo que mais gosto de ler.
AS – Teu companheiro foi quem te incentivou em publicar tuas histórias. O que faltava para esse empurrãozinho?
Ju – Devo tudo ao meu marido, realmente foi o estimulador – ainda é – para minha carreira. Nunca teria me encontrado, nesse sentido, sem suas palavras e apoio incondicional. Foi ele que descobriu esse potencial em mim!
AS – De todos os teus livros, a sequência de Doce Vampira traz a mistura da homossexualidade e da aceitação diante da discriminação. Como foi escrever dois assuntos paralelamente?
Ju – Tanto Doce Vampira quanto a sua continuação Alma Vampira tratam de discriminação e homossexualidade, fanatismo religioso, hipocrisia dentre outros preconceitos e tudo misturado ao romance. Não tive problemas de construção, tudo foi se encaixando naturalmente.
AS – Como foi a construção dos personagens Duda e Esther? O que te inspirou?
Ju – Foi uma construção atenta, fiz muitas pesquisas de campo, conversei e observei personagens da vida real que lidam com situações semelhantes ou não. Tudo com muito carinho, são como duas filhas do meu coração. Amo Duda e Esther!
AS – Na coleção sobrenatural, do qual participas, tu desmitificas a ideia dos vampiros das histórias atuais. Porém é nítido teu amor pela temática. Como foi explorar esse romance?
Ju – Foi maravilhoso fazer esse conto – Anunciação – volume1 da Coleção Sobrenatural, no caso com temática de vampiros. Tentei abordar o tema de forma leve e sensual, mas finalizar com um “quê” dos vampiros da velha escola. Deixa-me muito feliz que transpareça minha paixão.
AS – De todos os personagens que já criaste, um deles mexeu mais contigo? Qual é aquele que te deu mais prazer e empolgação em escrever?
Ju – Esther é uma amostra de uma personagem que mexeu e mexe muito comigo. Gosto tanto que, depois de terminar a trilogia, provavelmente escreverei um spin off, [uma sequência], sobre o mundo dela. Mas tenho vários outros contos como Morgana ou Agnes, que me cativaram tanto a ponto de ter projetos paralelos para elas.
AS – Com toda essa criatividade, tens algum autor que tu não abres mão de ler sempre?
Ju – Não, não há um autor que seja aquele cujo trabalho acompanhe cem por cento. Mas existem vários de quem sempre voltarei a ler seus livros de tempos em tempos, aqueles que marcaram de alguma forma, como Charlaine Harris ou Mag Cabot.
AS – Temos mais novidades vindo por ai?
Ju – Sim, sempre!! Em breve participarei de uma nova antologia embora ainda não possa divulgar. No primeiro semestre de 2016, tem o lançamento do livro físico de Alma Vampira (editora Avec). Muitos projetos pessoais estão voltando, como a disponibilização dos meus contos de forma totalmente gratuita e um novo livro que estou em fase de revisão – um romance new adult [, gênero com protagonistas entre os 18 e 30 anos de idade]. Como se não bastasse, pretendo escrever outro novo livro nesse próximo ano.
Para quem ainda não conhece o trabalho da Ju Lund, ela também mantém o Portal Ju Lund e as Gurias com a participação de mais de 17 escritores, entre temas como Literatura, Filmes, CineLivros e Variedades. Lá, é possível encontrar posts diários, com dicas de leituras, sinopses, booktraillers e notícias.
Ju também mantem seu Site Oficial e uma página no Facebook.
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Alunos criam projeto de extensão para divulgar literatura
Reportagem de Nágila Rodrigues –
Quem nunca ouviu a velha teoria de que o livro sempre é melhor que o filme? Quando se trata de uma obra literária adaptada para o cinema, geralmente, essa é a primeira dúvida que permeia a mente do espectador. Independente de ter lido ou não a obra, ocorre a curiosidade em saber as semelhanças e discrepâncias entre livro e filme.
Guiados por esta pergunta, Carlos Ossanes e Cássia Benemann, estudantes de Letras da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), apaixonados pela literatura e também amantes da sétima arte, levantaram a questão ao propor o Projeto de Extensão “24 Frames de Literatura”.
O 24 FRAMES
Instigados a criar teoricamente um projeto de pesquisa, os estudantes apresentaram a ideia de trabalhar adaptações cinematográficas de enredos literários, de modo simples, apenas para cumprir com a atividade acadêmica e concluir mais uma disciplina. Mas, no decorrer das aulas, ainda no primeiro ano de faculdade, nasceu o protótipo do que é o “24 Frames” hoje.
Carlos e Cassia foram além e levaram até o professor João Luis Ourique, hoje coordenador do Projeto de Extensão “24 Frames de Literatura”, suas aspirações e, em seguida, iniciaram a atividade que chegou à sua quinta temporada neste ano. “No primeiro semestre de 2013, começamos a maturação do projeto, pensamos em vários nomes até chegar ao ‘24 Frames’, que indica a sequência de imagens padrão do cinema. Pensando nisso, unimos a palavra ‘literatura’ ao título”, conta Carlos.
O projeto visa elucidar os elementos da literatura dispostos nas telas a partir da análise de uma obra adaptada de um livro. A equipe organizadora é formada por mais três estudantes que ajudam a promover o debate com o público após a exibição cinematográfica. Segundo Fernanda Teixeira, integrante, o público mudou desde a primeira temporada. “No início, os participantes eram muito mais presos aos aspectos literários, a partir da segunda edição, talvez por termos apresentados módulos temáticos, as pessoas que passaram a frequentar iam muito mais interessadas no cinema”, descreve.
AS TEMPORADAS
A primeira temporada aconteceu em 2013,constituída por dez encontros e composta por obras escolhidas previamente pelos organizadores.
Mudou a dinâmica e passou-se a utilizar temáticas divididas em eixos, na segunda temporada. Foi tratado a problemática narrativa, desconstrução dos contos de fadas, criação de um personagem, recriação de cenários históricos e no último eixo a configuração de identidade.
A terceira temporada foi especial para o projeto. O “24 Frames” chegou à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), em uma promoção do Centro de Literatura Portuguesa (CLP), dentro da Área de Estudos Brasileiros. Foi apresentada a adaptação da série televisiva “Contos Gauchescos: Simões Lopes Neto nas telas”, com direção de Henrique de Freitas Lima, em parceria com a Cinematográfica Pampeana. “Tivemos a gentileza da professora em ceder espaço da disciplina e agregar a adaptação feita pelo Henrique, juntamente, com o ‘24 frames’ como conteúdo avaliativo”, diz Carlos Ossanes, que ministrou debates sobre a cultura brasileira, com ênfase na cultura gaúcha, durante o período na Universidade de Coimbra.
Concluem o cronograma de 2015 a quarta e quinta temporadas em cinco módulos. Acontecem oficinas de produção e ciclo de debates. A quinta iniciou em setembro e traz rodas de conversa sobre intersemiótica, debate sobre séries de TV e fecha novamente com oficinas de produção.
O projeto propicia a análise dos diversos elementos artísticos dos quais o cinema se apropria para construir sua identidade. Faz com que não só a comunidade acadêmica atente para essa percepção. Todas as atividades são abertas ao público, sem qualquer taxa de inscrição. “Nossa prioridade é fazer com que as pessoas que conhecem literatura passem a conhecer cinema também, e quem conhece cinema entenda a literatura”, destaca Cássia. Carlos completa: “Nós não pretendemos criar um tipo de público, queremos que eles sejam atraídos pelas suas preferências”.
Para os alunos da UFPel participantes é necessária uma frequência mínima por módulo para a obtenção do certificado. Ainda há tempo de conferir. Dia 24 de outubro, às 14h, continuam os trabalhos com séries televisivas, trazendo a versão de Stefan Moffat e Mark Gatiss para as história do detetive Sherlock Holmes, no auditório da Agência de Desenvolvimento da Lagoa Mirim (Lobo da Costa, 447). O projeto 24 Frames de Literatura é promovido pelo Grupo de Pesquisa ÍCARO (Interdisciplinaridade, Crítica ao Autoritarismo, Regionalidade e Oralidade – CNPq/UFPel), Acompanhe as atividades também pela página no Facebook.
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COMENTÁRIOS
Juliano Guerra: personalidade, sarcasmo e amor
Reportagem de Estevan Garcia e Vanessa Kleber –
Sotaque marcante, ritmos tipicamente brasileiros e letras que transformam o cotidiano em poesia. Essas são algumas das características do trabalho do músico Juliano Guerra, nascido no município de Canguçu, em 7 de outubro de 1983.
O artista iniciou sua carreira ainda no final dos anos 90, quando participou de projetos como “Banda de Rock Revel e o Quinteto de Choro” e “Samba Noesis”, até começar a sua caminhada solo. Seu primeiro álbum, denominado “Lama”, lançado em agosto de 2012, mescla ritmos como bolero, samba e bossa nova, utilizando instrumentos musicais não muito usuais, como o sopapo, instrumento da cultura negra do Rio Grande do Sul.
Nos anos 2013 e 2014, Guerra se dedicou a produções com colaboração de outros artistas e às gravações de seu segundo disco solo, o “Sexta-Feira”. O disco, pré-produzido em parceria com o percussionista e baterista Davi Batuka, foi inteiramente gravado no município de Pelotas, produzido de maneira independente e distribuído pelo selo pelotense da Escápula Records. O “Sexta-Feira” conta com 10 canções com letras de um tom sarcástico e de amor, com um ritmo carregado instrumentalmente e ainda guardando um espaço para um diálogo com o samba. Entre as faixas está “Logo Vem”, que teve videoclipe produzido pela Moviola Filmes.
A fim conhecer um pouco mais o trabalho desse artista de personalidade, entrevistamos Guerra, que nos contou um pouco sobre a carreira, a música independente na região, o “Sexta-feira”, além do videoclipe de “Logo Vem” e seu mais novo show. Confira a entrevista.
Arte no Sul (AS): Como tu enxergas o desenvolvimento da música independente aqui na região?
JG: Acho que temos produzido cada vez mais (em quantidade) e, até por isso mesmo, temos progredido na qualidade e no acabamento das produções. A revolução digital deu essa possibilidade de se gravar com muito mais ferramentas em um home studio, por exemplo, do que aquelas que eu tive gravando pela primeira vez, em 2000, quando a Revel (minha primeira banda) foi para um estúdio em Porto Alegre gravar nossa primeira demo. Falando ainda das possibilidades de produção – e puxando a brasa pro meu assado sem constrangimento -, penso que termos selos como o Escápula Records, pelo qual lancei o “Sexta-Feira”, oferecendo ótimas condições de trabalho. Também há um estúdio com o equipamento e a perícia técnica do A Vapor, que contribui imensamente pra esse aumento de qualidade do qual falei.
Por outro lado, temos ainda bastante dificuldade com os shows, tanto pelas poucas possibilidades de circulação (mostrar o trabalho fora de Pelotas não é fácil) como pela ausência de um bom teatro de pequeno/médio porte no qual os artistas possam mostrar seu trabalho sem um investimento absolutamente fora da realidade de quem faz, por exemplo, música autoral por aqui.
AS: Quando tu decidiste que querias trabalhar com música? Da onde surgiu ou surgem as tuas inspirações?
JG: Eu não sei bem quando eu decidi trabalhar com música, foi mais uma coisa que me aconteceu do que uma decisão, até porque tive meu primeiro instrumento ali pelos 6 anos e desde então eu já gostava de “inventar” minhas próprias canções. Com 17 anos eu já tinha uma banda que tocava canções escritas por mim, além de minhas primeiras parcerias, feitas com o Mauricio Antunes, batera da banda que também escrevia letras que eu passei a musicar.
Sobre inspiração, eu gosto de ter cuidado quanto ao caráter meio místico que às vezes se dá a essa palavra. Meu processo de composição é fazer/refazer/revisar/desistir/retomar, muito mais do que descer uma entidade ditando a canção já pronta. Dito isto, os temas que me interessam na hora de escrever uma canção são diversos e aparecem de todo lado: das músicas que ouço, dos filmes, dos livros, da conversa na rua, do que está acontecendo ou aconteceu na minha vida. Depois do surgimento do tema (às vezes só um verso solto, uma expressão, um ou dois acordes no violão) começa a parte que considero a mais prazerosa: montar e remontar as peças até chegar a um resultado satisfatório.
AS: Esse ano tu lançaste teu segundo disco, o “Sexta-feira”. Conte-nos um pouco como foi o processo de produção desse álbum.
JG: O “Sexta-Feira” foi a realização de algo que eu ansiava muito por fazer, um disco com uma “bandona”, com uma turma de músicos com os quais eu tenho afinidade, pessoas que se envolveram de verdade com aquilo que estávamos fazendo. A gente ensaiou no estúdio do baterista e percussionista Davi Batuka, que foi meu parceiro na pré-produção. A logística da coisa toda foi da Ana Maia, que passou a ser minha produtora depois do “Lama”, meu primeiro disco. Quando fomos pro estúdio (o A Vapor, como eu disse anteriormente), as músicas já tinham arranjos definidos e, conforme gravamos, a coisa foi sendo burilada, ajustada. A captação, mixagem e masterização do disco foram trabalho do Lauro Maia – sem dúvida, um dos técnicos mais talentosos e dedicados da cena. Foi um bocado de trabalho e dedicação de bastante gente e o resultado está aí pra ser ouvido – eu tenho muito orgulho desse disco.
AS: Recentemente tu lançaste o videoclipe da música ‘Logo Vem’ em parceria com a produtora independente Moviola Filmes, como que se deu essa parceria e a produção do clipe?
JG: Tenho um amigo que conta uma história engraçada sobre como ele já namorava a mulher dele mesmo antes dela namorar com ele, ela só não sabia ainda. Minha história com a Moviola é parecida: eu já namorava com eles antes deles saberem de mim. O filme “O Liberdade” fez parte da minha vida de forma muito intensa durante a gravação do “Lama” – ainda hoje, ao rever qualquer cena do filme, fico impressionado com a beleza desse registro (e o bar Liberdade, num causo meio longo que eu não pretendo reproduzir dessa vez, foi o responsável direto pelo meu “pulo” do rock pro samba, ainda ali pelo fim da adolescência). Fazer o clipe com a Moviola foi, portanto, uma dessas felicidades que aparecem na vida da gente meio por acaso. Tenho muita afinidade com a turma toda da Moviola, tanto na forma de pensar sobre o que se faz quanto na escolha de temas, nas inclinações estéticas, essa coisa toda.
Nós (eu, Ana, Eduardo e os moviolas) trabalhamos bastante antes de ir pros finalmentes, o que foi essencial pra produção do clipe, gravado todo em um único dia de muito calor que me fez derreter no vestidão vermelho. Foi também uma oportunidade de trabalhar com uma pessoa muito querida que é o Eduardo Bandeira Braga, nossa estrela e, sem dúvida, a “alma” do clipe que bolamos. Taí mais um trabalho que só me dá satisfação ter feito.
AS: Tu estás produzindo um novo show em que irás cantar sucessos da década de 60, 70 e 80, que são considerados por muitos música “brega”. Da onde surgiu essa ideia?
JG: O brega está “amarrado” na minha formação: nasci e cresci na zona rural de Canguçu, ouvindo as rádios AM de tabela pelo radinho de pilha do meu pai (deve fazer uns 30 anos que ele praticamente só desliga o rádio pra dormir). Minha mãe, que sempre cantou lindamente e desprovida de preconceito musical, cantarolava pela casa – ainda outro dia a vi cantando “As Pastorinhas” pra minha sobrinha recém nascida, mais ou menos como deve ter feito quando nasci também – canções belíssimas que só depois de tempos fui entender que eram de “universos” diferentes, de Noel Rosa a Waldick Soriano, Odair José, Agnaldo Timóteo. De alguma maneira, talvez por causa dos preconceitos bobos que a gente pega na adolescência (só gosto de rock, buuu, só gosto de samba, blééé), essas canções ficaram meio deixadas de lado na minha vida até uns dois anos atrás, quando minha esposa me apresentou o filme “Vou rifar meu coração”, dirigido pela Ana Rieper, um documentário simplesmente maravilhoso sobre o brega. Lembrou-me dessas coisas todas, além de despertar meu interesse em ouvir e conhecer melhor os artistas e canções que se enquadram nessa estética. Esse show, portanto, tá na incubadora faz algum tempo, e, conforme eu fui ficando mais íntimo dessas canções, ele também foi se tornando mais impossível de evitar: é algo que eu tenho que fazer, um pouco como desculpas (a mim mesmo) pelos anos de desatenção com esse conjunto de artistas, mas principalmente pelo prazer que me dá tocar as músicas de artistas brilhantes como Wando, Odair José e Reginaldo Rossi.
O “Sexta-Feira” está disponível para download gratuito no site do músico ou pode ser adquirido pelo valor médio de R$ 25,00 nas lojas de CD, pelos serviços de distribuição digital como iTunes, Spotify e Deezer, além do próprio site.
Veja o clipe “Logo Vem” produzido com a Moviola Filmes.
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Grupo Tholl retorna aos palcos com “Exotique”
Reportagem de Rayssa Lima Natale e Camila Porto –
O grupo Tholl retornou aos palcos pelotenses em setembro, com o espetáculo “Exotique”, para uma ação beneficente. A renda do espetáculo foi totalmente revertida para o Clube Grêmio Esportivo Xavante, com o cunho de ajudar na construção de novas arquibancadas para o estádio do Grêmio Esportivo Brasil, o Bento Freitas.
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