Aula inaugural IRI-PUC Rio (17/09) – Mulheres indígenas desafiando a ordem global: soberanias vernaculares
As mulheres indígenas continuam a ser imaginadas como sujeitos passivos à margem da tomada de decisões políticas, mas na realidade elas são dinâmicas na política internacional e suas formas de resistência influenciam a soberania do Estado na América Latina. Manuela L. Picq utiliza o caso das mulheres Kichwa no Equador para mostrar como as mulheres indígenas desafiam a política mundial de forma fundamental. Embora elas enfrentem opressões sobrepostas, desde a violência sócio-econômica até a sexual, seu ativismo político as permitiu alcançar direitos inigualáveis na constituição de 2008, a primeira a garantir explicitamente os direitos das mulheres indígenas e a primeira no mundo a exigir a paridade de gênero na administração da justiça. Combinando miradas feministas com estudos indígenas, esta pesquisa interdisciplinar expande os debates conceituais sobre a soberania do Estado nas relações internacionais.
Manuela Lavinas Picq é professora de Relações Internacionais na Universidad San Francisco de Quito (USFQ), Equador, e Loewenstein Fellow em Amherst College, EUA. Seu livro Vernacular Sovereignties: Mulheres Indígenas Desafiando a Política Mundial (University of Arizona Press 2018) é fruto de uma década de convivência com os povos Kichwa nos Andes do Equador.
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