INVISIBILIDADE/VISIBILIDADE: O GUARANI PRÉ-COLONIAL EM GRAVATAÍ
Antonio Gabriel Vergara
Resumo: As discussões acerca de patrimônio e memória têm, nos últimos tempos, tomado cada vez mais espaço nas diferentes esferas da sociedade. Também podemos perceber que, além desses lugares, a preocupação em manter preservada a História, seja ela regional ou mesmo local, entre a população, é uma crescente. Nesse sentido vemos surgir iniciativas de resgate de memórias como de imigrantes, conhecimentos tradicionais, entre outros, que na margem do esquecimento, necessitam ser trazidos de volta e recolocados na esteira do tempo, para que outras gerações possam ter conhecimento. Este trabalho vai ao encontro dessas discussões, tendo como um de seus propósitos, inserir nos debates historiográficos de cunho local a temática da presença indígena pré-colonial para Gravataí. Para tanto, os caminhos a serem percorridos para estabelecer o guarani pré-colonial na região, iniciam-se a partir da historiografia Nacional e de como o indígena foi representado e situado na formação da História brasileira. A historiografia gaúcha foi revisitada e se puderam pinçar alguns elementos para perceber a invisibilidade e visibilidade do guarani pré-colonial para Gravataí, assim como perceber que a Arqueologia também não deu conta dessa presença indígena antiga. E por ultimo, no que tange a discussão da historiografia local, esse exercício busca apontar os processos que contribuíram para o apagamento da memória indígena guarani précolonial, investigando o papel dos agentes sociais, em particular o museu municipal de Gravataí, e os dispositivos usados para, ora tornar invisível, ora dar visibilidade a essa cultura.
Palavras-chave: Invisibilidade, visibilidade, Gravataí, guarani pré-colonial, memória.
Banca: Artur Henrique Franco Barcelos (UFPel, orientador), Fernando Camargo (UFPel), Hilda Jaqueline Fraga (UNIPAMPA)
Data da defesa: 08/05/2012
___________________________________________________________________
Caroline Tecchio
Resumo: Esse estudo trata das memórias de um soldado legalista que participou do combate à Coluna Paulista no oeste paranaense entre 1924 e 1925. Suas experiências militares são narradas em forma de pajadas, versos típicos da cultura gaúcha que comumente apresentam-se oralmente. Os versos escritos aparecem no Caderno de Anotações de outro soldado raso: Ernesto Baptista Tecchio. Este não nomeia, em nenhum momento, o pajador, criando dúvidas sobre sua intenção em forjar ou não a autoria dos versos. Ernesto serviu ao Exército em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, enquanto o soldado pajador partiu para o combate saindo de Alegrete nesse mesmo estado. Em algum momento suas trajetórias se cruzaram e Ernesto teve acesso às pajadas. Considerando as relações estabelecidas entre as memórias do pajador e de Ernesto, que foi guardião e interlocutor dessa memória, esse estudo analisa as escritas de si contidas nas fontes. De maneiras distintas, esses indivíduos conservam suas opiniões através de narrativas. Utilizando-se teoricamente de autores que discutem aspectos memorialísticos e a escrita de si, esse trabalho considera as intencionalidades do pajador em produzir a narrativa na forma de versos que expressam características de sua cultura regional. Leva em conta também que Ernesto era filho de imigrantes italianos, e apesar de falar essa língua em seu cotidiano, foi alfabetizado em português e se apropriou dos versos do soldado gaúcho, o que parece demonstrar a fluidez de identidades entre os soldados. Com esse estudo, pretende-se ampliar as interpretações sobre as Revoltas Tenentistas a partir da análise das pajadas, que constituem o olhar de um soldado raso sobre os enfrentamentos. Os documentos pessoais a que se teve acesso são analisados relacionando-os à outras fontes, como por exemplo as memórias do tenente revoltoso João Cabanas. Quanto às perspectivas teóricometodológicas, destaca-se o diálogo da história cultural recente com a metodologia micro-histórica, bem como as discussões acerca dos conceitos de memória e representação. A historiografia sobre Revoltas Tenentistas auxilia na compreensão das críticas do soldado pajador que, mesmo sendo legalista, questiona a hierarquia militar e as condições em que se encontravam os soldados rasos. Ernesto, por sua vez, pode ter se interessado pelas pajadas devido ao gosto pela leitura e, na condição de soldado raso, possivelmente se identificou com as críticas à hierarquia militar.
Palavras-chave: Memória; Escrita de si; Pajadas; Revoltas Tenentistas
Banca: Márcia Janete Espig (UFPel, orientadora), Edgar Ávila Gandra (UFPel), Benito Bisso Schmidt (UFRGS)
Data da defesa: 20/04/2012
___________________________________________________________________
Deomar Villagra Neto
Resumo: Esta dissertação pretende refletir sobre a atuação política do Senador Pinheiro Machado, suas fontes de poder e sua atuação no sentido de garantir os interesses regionais sem chocar-se com as políticas de valorização do café que caracterizaram a República Velha. Pretende, ainda, analisar a historiografia a respeito do poder de Pinheiro Machado e os sensos comuns formados sem a preocupação maior em comprová-los ou refutá-los com fontes. Em busca desses objetivos, será feita uma análise comparativa entre a historiografia e as fontes primárias sobre o senador, além de um estudo da configuração política do Rio Grande do Sul e do Brasil da nascente República, sendo essencial, para isso, o confronto entre as demandas regionais e o centralismo da União, principalmente após a estipulação da Política dos Governadores pelo Presidente Campos Salles.
Palavras-chave: Pinheiro Machado, coronelismo, borgismo, República Velha e Rio Grande do Sul.
Banca: Elisabete da Costa Leal (UFPel, orientadora), Fernando da Silva Camargo (UFPel) e Paulo Ricardo Pezat (UFPel)
Data da defesa: 26/04/2012
___________________________________________________________________
Helenize Soares Serres
Resumo: O estudo trata das relações existentes entre as estâncias missioneiras e as reduções jesuíticas. Pretende-se compreender como se davam estas relações entre a estância de La Cruz, no lado oriental do rio Uruguai – localizada na fronteira oeste do atual Estado do Rio Grande do Sul, Brasil; e a redução de La Cruz, do lado ocidental do mesmo rio, – localizada na fronteira leste da atual Província de Corrientes, Argentina, no período de 1629 a 1828. A partir da perspectiva da administração colonial da América espanhola e do papel da Igreja Católica Romana nesse território foi possível entender e discutir a organização e a produção interna de toda a Província Jesuítica do Paraguai e principalmente da redução de La Cruz e sua estância. As relações entre o povo da Cruz com grupos indígenas como as nações dos charruas e dos minuanos no espaço alegadamente pertencente à coroa Espanhola, também foram referidas, levando em conta aspectos aplicáveis aos conceitos de fronteira, limite, espaço e região. Igualmente foi tratado o papel das estâncias missioneiras no território das Missões Orientais do Uruguai, em especial a estância de La Cruz, em um período de várias discussões diplomáticas entre as coroas Ibéricas, sob disputas e conflitos que determinavam aproximação e distanciamento com a população indígena.
Palavras-chave: La Cruz; Estância; Jesuítas; Geopolítica; Antigo Regime; Guaranis missioneiros.
Banca: Fernando da Silva Camargo (UFPel, orientador), Artur Henrique Franco Barcelos (FURG), Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa)
Data da defesa: 10/04/2012
___________________________________________________________________
URBE EM TEMPOS DE VARÍOLA: A CIDADE DO RIO GRANDE (RS)
DURANTE A EPIDEMIA DE 1904-1905
Paulo Sergio Andrade Quaresma
Resumo: Ao longo do tempo, a história do homem esteve fortemente marcada por crises geradas em consequência da incidência de doenças, principalmente aquelas de natureza infectocontagiosa. Nesse cenário, tem destaque a varíola, cujos registros demonstram que causou a morte de milhares de pessoas, desde a antiguidade até a sua extinção na segunda metade do século XX. Antes da sua erradicação, essa doença foi um problema social e político, interferindo no cotidiano e nos hábitos da sociedade. Em consonância a esses fatos, o presente estudo tem como objetivo traçar um perfil histórico da cidade do Rio Grande durante a epidemia de varíola entre 1904 e 1905. Neste estudo, far-se-á análise do estado sanitário, das atitudes individuais e coletivas da população diante do morbo infeccioso e os estigmas associados à doença, a partir do olhar dos estudos preconizados pela história social, história das doenças, da demografia histórica, da imprensa e da literatura. Para alcançar esses objetivos, foram recolhidos dados quantitativos nos livros de óbitos e de sepultamentos da Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande e notícias veiculadas na imprensa local da época, junto ao acervo de jornais da Biblioteca Rio-Grandense. Esse manancial de informações auxilia na construção de gráficos e tabelas, abrindo, dessa forma, a possibilidade de diferentes conjecturas e permitindo a realização de observações diversas. Esta dissertação é constituída por três capítulos: o primeiro analisa a presença das doenças ao longo da história das civilizações; o segundo foca a estrutura sanitária e as incidências de epidemias no Brasil ao longo século XIX e início do século XX; o terceiro faz um cotejo entre os dados quantitativos coletados e as matérias veiculadas na imprensa rio-grandina.
Palavras-chave: Cidade do Rio Grande/RS (1904-1905). Epidemia de varíola. Estigmatização. Livro de óbitos e sepultamentos da Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande. História, imprensa e literatura.
Banca: Lorena Almeida Gill (UFPel, orientadora), Aristeu Elisandro Machado Lopes (UFPel), Juliane Conceição Primon Serres (UNIPAMPA)
Data da defesa: 26/04/2012
___________________________________________________________________
HISTÓRIA DO TRABALHO DOS CAMINHONEIROS NO BRASIL:
PROFISSÃO, JORNADA E AÇÕES POLÍTICAS
Rafael Antônio Kapron
Resumo: Na história do Brasil os caminhoneiros têm sido marcados por uma excessiva jornada de trabalho e pelos expressivos índices do trabalho informal. A história profissional desses motoristas de caminhão deve ser percebida a partir a preponderância que se mantém desde as suas origens do trabalho em pequenas empresas e da coexistência entre os motoristas empregados e os autônomos. A intensa concorrência de mercado no transporte rodoviário de cargas é um dos fundamentos que explica o trabalho precário, seja na informalidade perante a legislação como na oferta irregular de trabalho. Bem como são essas condições gerais que situam as elevadas incidências de doenças advindas do trabalho e o envolvimento em acidentes do trabalho. As pesquisas em diversas fontes documentais apontam todas essas afirmações na história profissional, bem como informam que os caminhoneiros tiveram formas diversificadas de reivindicações, seja através das greves como nos protestos diversos que foram identificados. Característica da história profissional também está em suas fragmentações, seja na atuação nos diferentes tipos de sindicatos, nas entidades paralelas, nas diferenciações entre os motoristas autônomos, os empregados com salário por tempo e os assalariados por comissão. Na escrita dessa história as interpretações dos diversos tipos de fontes documentais dão evidências para essas constatações.
Palavras-chave: Relações de trabalho. Motoristas de caminhão. Brasil.
Banca: Beatriz Ana Loner (UFPel, orientadora), Edgar Ávila Gandra (UFPel), Pedro Alcides Robertt Niz (PPG em Sociologia/UFPel)
Data da defesa: 17/04/2012