Xavante vence Bra-Pel decisivo, garante permanência na Série A do Gauchão e complica situação do Pelotas

Por Luís Artur Janes Silva

Domingo, dia 17 de março, uma tarde nublada na cidade de Pelotas, que presencia a volta do clássico Bra-Pel, o maior do interior do estado do Rio Grande do Sul. Depois de um hiato de cinco anos, rubro-negros e áureo-cerúleos se reencontraram e presentearam os torcedores com um jogo de muita emoção e disputa, que terminou com a vitória do Brasil (2×1), triunfo que somado às derrotas de Avenida e Veranópolis, garantiu o Xavante na Divisão Especial do Campeonato Gaúcho. Derrotado, o Pelotas, que esteve durante quase toda a fase de classificação no G-8, complicou-se na busca por uma vaga na etapa decisiva da competição.

PRIMEIRA ETAPA – O EQUILÍBRIO PREDOMINA

Torcida do Pelotas carregava a esperança de que seu time voltasse a vencer no Gauchão. Imagem: Luís Artur Janes Silva.

O Brasil, que havia sido inapelavelmente batido pelo São Luiz, chegou pressionado ao Bra-Pel. Caso fosse derrotado, a crise estaria definitivamente instalada no Bento Freitas. Assim, o Xavante partiu para cima do Pelotas nos minutos iniciais da partida, chegando duas vezes à meta defendida por Aírton. Primeiro num chute de Bruno Paulo e depois num arremate do centroavante Michel.

Acuado, o Pelotas visitou a área do Brasil aos 5 minutos, após cruzamento de Giménez, que Léo Bahia desviou para intervenção de Carlos Eduardo. Aceso em campo, o Brasil abriu o marcador aos 8 minutos. Pará cobrou falta da direita, mas utilizou o pé esquerdo, fazendo a bola viajar e surpreender o arqueiro do Pelotas, que errou o tempo de saída da meta. Aírton se recuperou da falha no lance do gol na jogada seguinte do Brasil, quando Bruno Paulo foi à linha de fundo pelo lado esquerdo e cruzou na cabeça de Michel, que golpeou com estilo, mas o goleiro do Pelotas operou um milagre.

Sentindo o gol do Brasil, o áureo-cerúleo foi dominado nos primeiros vinte minutos de jogo, sendo pressionado pela linha ofensiva do rubro-negro. Mas uma jogada fez com que o predomínio das ações começasse a passar para o lado azul e amarelo. Aos 21 minutos, Germano acerta passe primoroso para Jarro, que entra na área do Brasil, mas de forma arrojada, o goleiro Carlos Eduardo sai nos pés do atacante, dá um tapa na bola e afasta o perigo. Renascido, o Pelotas chega novamente aos 25 minutos, quando Jarro dribla Pará, entra na área e chuta para defesa do arqueiro xavante. Um minuto depois, Germano bate falta do lado direito do ataque, a bola passa, mas a arbitragem paralisa o jogo, alegando ação irregular no goleiro xavante.

Sem conseguir incomodar a defesa do Pelotas com a bola no chão, o Brasil se utilizou de uma sucessão de escanteios para fustigar o rival. Mas este momento de desconcentração do Lobo acabou aos 33 minutos, quando Germano levantou da esquerda e Reinaldo Dutra cabeceou muito alto. O gol áureo-cerúleo amadurecia e nasceu aos 36 minutos. Germano fez outra jogada pela esquerda, colocou o balão na área e esperou a defesa do Brasil atrapalhar-se na tentativa de aliviar o lance. A bola sobrou para Jarro, que de frente para o gol, emendou para garantir a igualdade no placar.

Depois do gol, o Pelotas diminuiu de intensidade e permitiu ao Brasil chegar aos 40 minutos do primeiro tempo. Ricardo Luz cobra falta da esquerda, a bola sobrou para Barnquinho, que havia entrado no lugar de Daniel Cruz, que corta para o meio, mas chuta por cima do travessão.

SEGUNDA ETAPA – BRASIL PARTE PARA CIMA E VENCE O JOGO

Torcida do Brasil faria a festa no final do jogo. Imagem: Luís Artur Janes Silva.

No segundo tempo, com a igualdade no marcador, o Brasil partiu para cima e passou a buscar a vitória. Com o armador Diogo Oliveira oscilando, o rubro-negro abriu o seu jogo e passou a forçar os laterais do Pelotas (Giménez e Rômulo), que não conseguiram barrar as investidas xavantes. Pará protagonizou as primeiras jogadas ofensivas do Brasil, animando a torcida, que passou a acreditar na vitória.

E, o lance que definiu o jogo, aconteceu aos 10 minutos da etapa final. Tudo começa com um chute desferido por Diogo Oliveira, que é defendido parcialmente por Aírton. Bruno Paulo pega o rebote e coloca a bola na pequena área, para o centroavante Michel completar para o gol. Justamente ele, que já era vaiado pela torcida xavante, torna-se o protagonista do lance que decidiu o clássico. O gol incendeia a torcida rubro-negra, que aos 15 minutos ficou com o grito de gol entalado na garganta. Ricardo Luz cobrou falta da esquerda, a bola foi até a cabeça de Michel, que mandou para o gol, invalidado pela marcação (errada) de impedimento do bandeirinha. Um minuto mais tarde, Branquinho teve duas chances de aumentar o placar no mesmo lance, mas desperdiçou.

Depois disto, o Pelotas passou a atacar o Brasil na busca do empate. O técnico Gavilán lança Giovane Gomes no ataque e com a expulsão de Reinaldo Dutra, saca Germano e coloca o meia ofensivo Léo Costa. Mas com apenas dois meio-campistas (Makelele e Léo Costa), o Lobo não consegue organizar jogadas e as chegadas do áureo-cerúleo acontecem através de ligações diretas entre a defesa e o ataque. Isto acabou facilitando o trabalho defensivo do Brasil.

Assim, aos 19 minutos, o goleiro Aírton lança Jarro, que aproveita-se da indecisão da ala direita de defesa xavante, entra na área e é parado por Carlos Eduardo, um dos destaques da partida. Mais nove minutos e a bola parada, uma das virtudes do Pelotas, aparece em lance protagonizado por Léo Bahia, que cobra falta, que desvia no meio do caminho, mas acaba defendida pelo goleiro rubro-negro.

Aos 31 minutos, Jarro arranca pela esquerda, cruza a bola, que atravessa toda a extensão da área. Mesmo desorganizado, o Pelotas chega com Giovane Gomes, que é abafado por Carlos Eduardo, em lance no qual o bandeirinha marca impedimento. Gomes ainda tenta surpreender aos 42 minutos, chutando de longe, mas para fora.

O Brasil, que já não contava com o zagueiro Héverton, expulso, ainda passou por um susto no último lance da partida, quando Rubinho, que entrara no lugar de Giménez, cobrou falta da direita, tirou a bola da barreira, mas esta encaminhou-se para fora.

Com o apito final de Leandro Vuaden, o que se viu foi uma festa vermelha e preta no Bento Freitas. O Brasil ganhava o clássico e, ainda por cima, garantia seu lugar na elite do futebol gaúcho para 2020. Enquanto isso, o Pelotas chegou ao terceiro jogo sem vitórias e está seriamente ameaçado pela possibilidade de não disputar a fase final do Gauchão.

Após a vitória no clássico Bra-Pel, o Xavante continua na décima colocação na tabela de classificação do campeonato. O rubro-negro soma dez pontos, mas não pode mais ser alcançado por Avenida e Veranópolis, que estão rebaixados. Já o Pelotas, ocupa o sétimo lugar na tabela, com 12 pontos. Assim, na última rodada da fase inicial do Gauchão, os dois clubes de Pelotas têm chances de classificação.

Aliás, a dupla Bra-Pel encerra sua participação nesta fase do Estadual, na próxima quarta (20), quando o Pelotas enfrenta o Grêmio, que atuará com os reservas. Este jogo acontecerá na Boca do Lobo. Enquanto isso, o Brasil encara o Veranópolis, que se despedirá da Divisão Especial, na partida que será realizada no estádio Antônio David Farina. Os dois jogos iniciarão às 21:30 horas.

CURTAS SOBRE O JOGO BRASIL 2X1 PELOTAS

O Brasil voltou a vencer um Bra-Pel, válido pelo Gauchão, após 26 anos de jejum. A última vitória rubro-negra havia acontecido em 1992, quando o Xavante triunfou por 1×0, gol do centroavante Gilson. Neste período, o Pelotas venceu dois clássicos e empatou outros seis.

O time do Pelotas sentiu a falta do versátil lateral John Lennon, que foi substituído de forma ineficiente pelo paraguaio Giménez, que tem apresentado atuações constrangedoras, tanto na lateral direita, quanto na lateral canhota. O lateral Rômulo também sofreu com as investidas xavantes na segunda etapa.

Makelele jogou sobrecarregado como o único marcador do meio campo aúreo-cerúleo. Lutou como um leão, mas precisa de ajuda, sob risco do Pelotas perder a meia cancha contra adversários gabaritados.

Mesmo que tenha pressionado o Brasil na segunda metade do tempo final, o Pelotas mostrou ser um time sem criatividade no meio campo. Léo Costa está longe de ser o armador que o time necessita. A maioria das jogadas do Pelotas se iniciaram com ligações diretas entre a defesa e o ataque, fato que fez crescer, sob os olhos dos torcedores, a atuação de Jarro, que recebeu bolas de pouca qualidade e quase conseguiu o milagre de garantir a igualdade no placar.

Jarro, Germano e Makelele foram os destaques do Pelotas. Já o atacante paraguaio El Ogro, a “arma secreta’ de Gavilán, foi o pior jogador em campo. Totalmente ineficiente.

O Brasil voltou a vencer no Bento Freitas pelo Gauchão, depois de sete jogos de jejum. O Xavante não triunfava desde a segunda partida das quartas de final do Estadual do ano passado nos seus domínios. Naquela ocasião, bateu o São Luiz (2×1).

O Brasil tem sérios problemas de criação, mas Diogo Oliveira é um pouco mais regular que Léo Costa.

Branquinho (que não começou jogando o clássico) e Bruno Paulo, parecem cavar suas vagas no time titular do Brasil. Atuaram em alto nível na primeira etapa do jogo contra o São Luiz e arrasaram com os laterais áureo-cerúleos, principalmente no segundo tempo.

Leandro Leite foi o líder que o Brasil precisava, embora não seja o mesmo jogador de outros tempos. Sua voz de comando e fibra ainda são insuperáveis.

Até ser expulso, Héverton vinha fazendo uma grande partida, mas a ala direita defensiva do Brasil, formada por Leandro Camilo e Ricardo Luz, titubeou em alguns lances.

Ameaçado em boa parte da competição pelo rebaixamento, o Brasil entrará na rodada final da primeira fase do Gauchão, com pequenas chances de classificação.

Carlos Eduardo, contestado por boa parte da torcida, teve outra grande atuação em partida importante. Antes do clássico, havia fechado o gol contra a dupla Gre-Nal. Parece ser talhado para os jogos decisivos.

Carlos Eduardo, Héverton, Bruno Paulo, Leandro Leite e Michel (autor do gol da vitória do Brasil) foram os destaques do Xavante.

A ideia da torcida mista, embora de viés oportunista e utilizada com objetivos eleitoreiros por alguns políticos da cidade, teve sucesso, apesar da resistência que sofreu.

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