Wimbledon 2019 marcará o auge da temporada do tênis em quadras de grama

Djokovic, campeão de Wimbledon 2018, tentará repetir esta imagem no ano de 2019. Imagem: REUTERS/ Andrew Couldridge

Por Luís Artur Janes Silva

Nesta segunda (01), teremos o início da chave principal do Aberto de Tênis da Inglaterra, o tradicional torneio de Wimbledon, o mais antigo campeonato do esporte das raquetes, disputado no naipe masculino desde o ano de 1877. O Grand Slam com maior valor simbólico vai movimentar o mundo do tênis nas próximas duas semanas. Neste texto, mostraremos uma breve apanhado sobre o que esperar do maior campeonato de tênis do mundo.

A chave principal masculina de Wimbledon reunirá 128 jogadores, sendo que cento e doze classificaram-se diretamente e outros dezesseis vieram do torneio qualificatório, que iniciou na última segunda, 24 de junho, e teve outros 128 tenistas. Destaque para os brasileiros Rogério Dutra Silva e Thiago Monteiro. Rogerinho venceu na rodada inicial, sobrepujando o britânico Evan Hoyt, por um duplo 7-6, mas foi eliminado na etapa seguinte, derrotado pelo francês Grégoire Barrère em sets diretos (3-6, 6-7). Enquanto isso, Monteiro foi além, garantindo lugar na chave principal em Londres.

O melhor tenista brasileiro da atualidade eliminou o italiano Roberto Marcora, o estadunidense Christopher Eubanks e o japonês Yosuke Watanuki, que foi derrotado por três sets a um, com parciais de 3-6, 7-6, 6-3, 6-3. Na rodada inicial da chave principal, Monteiro terá um grande desafio, pois enfrentará Kei Nishikori, o oitavo cabeça de chave do torneio. O brasileiro não é favorito no confronto, mas poderá aproveitar o fato de que o japonês tem um saque (fundamento essencial na quadra de grama) pouco eficiente e, quem sabe, ir mais adiante no campeonato.

Historicamente, o maior vencedor de Wimbledon é o suíço Roger Federer, oito vezes campeão na grama sagrada da capital inglesa. Federer ganhou cinco vezes consecutivas entre 2003 e 2007, igualando a marca dos britânicos William Renshaw e Lawrence Doherty e do sueco Björn Borg. Na contagem geral de conquistas, o suíço é seguido de perto por Renshaw e Pete Sampras, donos de sete canecos em quadras inglesas.

Federer forma a trinca de favoritos ao título de Wimbledon, junto com o atual campeão, o sérvio Novak Djokovic, quatro troféus no currículo. Para fechar o trio de ases, temos a presença do espanhol Rafael Nadal, que mesmo sem ser especialista, é dono de dois canecos na Inglaterra (2008, 2010). Entre os gigantes, Djokovic inicia a temporada de defesa de muitos pontos no ranking mundial, por causa disso, caso o sérvio não vença o torneio, fatalmente perderá pontos na tabela, ou seja, estará no fio da navalha.

Além dos mitos, cabe destacar o canadense Félix Auger-Aliassime, o espanhol Feliciano López (campeão do ATP 500 de Londres), o estadunidense Sam Querrey e o francês Pierre-Hugues Herbert com possibilidades reais de aprontar para o trio de ferro. Mas também vale lembrar Milos Raonic, cabeça de chave 15 de Wimbledon, que não está num grande momento, mas já foi vice-campeão na Inglaterra em 2016, quando perdeu para o local Andy Murray. Ou seja, o canadense Raonic sabe o caminho das pedras londrino.

A chave feminina de Wimbledon tem uma relação histórica bastante estreita com o Brasil. Graças a performance de Maria Esther Bueno, ícone do esporte nacional dos anos 1960, três vezes campeã e dois segundos lugares nas quadras de grama de Londres. Carreira grandiosa num país que não faz parte do primeiro escalão do tênis, mas longe dos números de Martina Navratilova, nascida na antiga Tchecoslováquia, mas naturalizada cidadã dos Estados Unidos. Navratilova possui nove canecos em Wimbledon e é recordista de títulos consecutivos, com seis conquistas entre 1982 e 1987.

Considerando as tenistas da atualidade, o destaque vai para as irmãs Serena e Venus Williams. Serena tem sete troféus na Inglaterra (2002, 03, 09, 10, 12, 15 e 16), complementados por três vice-campeonatos. Enquanto isso, Venus conquistou cinco títulos (2000, 01, 05, 07 e 08) e, de quebra, possui quatro segundos lugares.

O torneio feminino de Wimbledon teve 128 jogadoras na etapa qualificatória e classificou a brasileira Beatriz Haddad Maia à chave principal. Bia foi cabeça chave dezessete do torneio de qualificação e eliminou a argentina Paula Ormaechea, a alemã Anna Zaja e a sérvia Olga Danilovic, que foi derrotada por duplo 6-4. A brasileira terá uma parada dura na rodada inicial de Wimbledon, quando encontrará a espanhola Garbiñe Muguruza, campeã em Londres no ano de 2017 e vice dois anos antes. Bia será franco atiradora, mas enfrentará uma Muguruza decadente, residindo neste fato, a chance de um triunfo verde e amarelo. 

No rol das favoritas, os principais destaques da competição são as duas melhores tenistas da atualidade. A australiana Ashleigh Barty, número um do mundo, melhor jogadora da temporada e ganhadora de Roland Garros, parece ser a aposta certa para arrebatar o título, mas a japonesa Naomi Osaka, segunda melhor do planeta e vencedora dos dois Grand Slam anteriores, pode incomodar. Além destas, cabe valorizar a presença da grande campeã Serena Williams, que não vive o melhor momento da carreira, mas pode fazer valer o seu peso histórico. Correndo por fora, a alemã Angelique Kerber, que conquistou o caneco no ano passado, quer manter a sua hegemonia na grama sagrada de Londres. 

Na chave masculina de duplas, Wimbledon terá três brasileiros, sendo que dois deles estão entre os favoritos para conquistar o campeonato. A trinca brasileira terá o gaúcho Marcelo Demoliner, que jogará acompanhado do indiano Divij Sharan, que procurará fazer uma campanha honrosa no Slam, pois todos sabem que a dupla em questão não está no grupo dos principais aspirantes ao prêmio máximo do torneio.

Enquanto isso, Bruno Soares e Marcelo Melo estão no bloco dos principais pretendentes ao título. Melo, que atua com o polonês Lukasz Kubot, faz parte da dupla cabeça de chave número um de Wimbledon. Sem conquistar títulos nesta temporada, a dupla espera mostrar seu verdadeiro jogo em Londres e repetir 2017, quando foram campeões do torneio. Aliás, Melo tem bom retrospecto na capital inglesa, pois abocanhou o vice-campeonato em 2013. Bruno Soares, dono de dois troféus nesta temporada (Sydney e Stuttgart), disputará o primeiro Grand Slam com seu novo parceiro, o croata Mate Pavic.

Os principais concorrentes dos brasileiros Soares e Melo são as duplas formadas pelos colombianos Juan Sebastián Cabal e Robert Farah, que vive grande fase e, além deles, cabe destacar os experientes John Peers (AUS) que joga com Henri Kontinen (FIN) e os irmãos Bob e Mike Bryan, duas vezes campeões (2006, 2011) e outros três vices (2005, 07 e 09). Mike foi campeão no ano passado, mas atuando ao lado de Jack Sock, quando derrotaram Raven Klaasen (AFS) e Michael Venus (AUS) na final. Klaasen e Venus também podem ser colocados entre os favoritos ao campeonato.

Finalmente, chegamos à chave feminina de duplas, que começou a ser disputada em 1913, nas quadras de Wimbledon, no mesmo ano que os duos mistos. A história brasileira nas duplas femininas e mistas é simplesmente fantástica. Maria Esther Bueno conquistou cinco títulos com várias parceiras estadunidenses (1958, 60, 63, 65 e 66). Além disso, foi vice-campeã em 1967. Já nas duplas mistas, Bueno abocanhou três segundos lugares (1959, 1960 e 1967), sempre atuando com jogadores australianos.

As atuais campeãs, as tchecas Barbora Krejcikova e Katerina Siniaková, se quiserem ganhar novamente, terão que superar as cabeças de chave número um, Timea Babos (HUN) e Kristina Mladenovic (FRA). Um pouco abaixo, temos os duos formados por Barbora Strýcová (TCH) e Hsieh Su-Wei (TAIPEI), que terão a companhia de Gabriela Dabrowski (CAN) e Xu Yifan (CHN). Com uma boa quantidade de favoritas e a imprevisibilidade do tênis de duplas, teremos uma dura disputa pelo título.

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