Vidas cinzas durante o setembro amarelo

O Setembro Amarelo marca a luta contra o suicídio. Imagem: reprodução/CVV

Por Giordanna Vallejos e Milene Lages

No Brasil, no mês de setembro há a campanha “Setembro Amarelo”, trazendo a temática de prevenção ao suicídio. A campanha foi iniciada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em 2015, e mundialmente possui o apoio da Associação Internacional de Prevenção ao Suicídio (IASP), agregando ao dia 10 do mesmo mês, o dia de Prevenção do Suicídio.

O CVV foi criado em 1962 e desde então atua sem fins lucrativos para a prevenção do suicídio.  Ao longo dos anos, vários eventos luminosos de grandes obras levaram a campanha pelo Brasil, como a iluminação do Cristo Redentor (RJ), do Congresso Nacional (DF), do Estádio Beira-Rio (RS), da Catedral e o Paço Municipal de Fortaleza (CE), da Ponte Anita Garibaldi (SC) e o Palácio Campo das Princesas (PE). Foram feitas também ações de rua para que houvesse uma maior participação da população.

O suicídio ainda é um tabu em nossa sociedade. A cada ano são aproximadamente 800 mil vidas perdidas para tal ato. Em 2017 o estado do Rio Grande do Sul foi posto em alerta devido aos altos índices de suicídios ocorridos na localidade.

No mês em que se mobiliza essa campanha é importante mencionar que muitas das pessoas que pensam em suicídio são universitários, que estão sobrecarregados com as atribuições da vida acadêmica. Muitos deixam suas cidades e famílias e encaram a solidão de estar em uma cidade com costumes culturais diferentes dos seus, isso somado às responsabilidades acadêmicas torna-se grande peso. Muitos alunos passam anos em cursos preparatórios para que consigam entrar na tão sonhada graduação e ao entrarem, adquirem sérios problemas psicológicos.

Mesmo com a maior visibilidade, o preconceito em relação a transtornos psicológicos ainda é enraizado na sociedade. O aluno que não recebe suporte das pessoas que o cercam, e tem a sua dor banalizada com frases como: “Isso é frescura”, “Respira que passa”, “Pense positivo que tudo vai ficar bem”, “Esse desânimo é falta de ocupação” e entre outras, tende a ter seu quadro ainda mais agravado.

A prevenção é importante, mas a remediação do impasse deve ocorrer. O apoio psicológico das universidades deve ser de mais fácil acesso devido ao fato de que muitos discentes não têm condições de arcar com os custos de consultas particulares e pôr a própria universidade ser um dos gatilhos para esses transtornos.

Enquete realizada em grupo do Facebook

Foi realizada uma enquete com os alunos da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) no grupo do Facebook, para demonstrar que existem alunos que sofreram ou sofrem ansiedade e/ou depressão por consequência da vida acadêmica. Nota-se a maior incidência de ansiedade e ansiedade e depressão concomitantes.

“Respondi a enquete e queria dizer que tive e tenho problemas sérios de ansiedade por conta da faculdade. Pela função de meus colegas sempre estarem à minha frente em notas e sempre conseguirem um estágio e eu sempre ficando para trás”, afirma a estudante de Tecnologia em Alimentos, Gabriella Niewinski. Houveram ainda relatos de alunos agradecendo o interesse em uma pauta como esta, já que o assunto muitas vezes não é dialogado em sala de aula.


Se você está passando por um momento difícil, procure ajuda.

Você pode entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida pelo site cvv.org.br e discando 188.

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