Texto em movimento: Cinema e Literatura em debate

Por Jéssica Gebhardt

Conheça o 24 Frames de Literatura, projeto desenvolvido por estudantes da Universidade Federal de Pelotas, que fomenta o debate das relações entre literatura e cinema

Com o objetivo de debater as relações entre literatura e cinema, o Projeto 24 Frames de Literatura foi idealizado em 2012 através do grupo de pesquisa ÍCARO (CNPq/UFPel). Dois colegas do curso de Letras, Cassia Benemann e Carlos Ossanes, tiveram a ideia e resolveram procurar um orientador para viabilizar a execução da proposta. Em contato com o Prof. Dr. João Carlos Ourique, eles amadureceram o projeto e então começaram as atividades em maio de 2013, no Centro de Integração do MERCOSUL.

(Foto;Divulgação)

(Foto: Divulgação)

O projeto 24 Frames de Literatura é focado em descontruir binarismos como fiel/infiel, que tanto rondam os comentários sobre adaptações cinematográficas de elementos literários.Trabalhamos nos encontros para deixar claro que cada uma das versões é uma obra diferente, com seu próprio sistema de símbolos e ferramentas narrativas. Uma adaptação é um leitura, não sendo necessariamente a certa ou a única”, explica Carlos, um dos coordenadores do projeto.

Segundo Carlos, a cada ano um cronograma de atividades do projeto é lançado, divido em temporadas. Na primeira temporada em 2013, foram programados 10 encontros quinzenais. No segundo ano, duas temporadas foram feitas – uma em Pelotas, com 10 encontros semanais e uma junto à Universidade de Coimbra, em Portugal, com 3 encontros sobre as adaptações de Henrique de Freitas Lima para os Contos Gauchescos de João Simões Lopes Neto. “Nesse ano, duas temporadas foram pensadas para Pelotas: a quarta, que está ocorrendo agora, e a quinta, para o semestre que vem. Ao todo, 29 encontros serão feitos nesse ano”, diz.

 

Grupo que participou da temporada do projeto na Universidade de Coimbra, em Portugal. (Foto: Clariane Barros)

Grupo que participou da temporada do projeto na Universidade de Coimbra, em Portugal. (Foto: Clariane Barros)

Cada encontro é muito bem planejado e há sempre uma preocupação com a escolha do material, com a crítica a ser feita e com a recepção do público. “Com o decorrer da prática, alguns métodos aplicados no projeto foram se aprimorando. Na primeira temporada, trabalhávamos apenas com traduções cinematográficas (filmes que vieram de livros), mas a partir da segunda temporada começamos a trabalhar com a análise de outros longas-metragens, que trouxessem elementos simbólicos referentes da literatura, como hipertextos”, explica Carlos. Ele ainda diz que cada encontro tem um eixo temático diferente (voz, fotografia, quote, casting, verossimilhança, entre outros elementos). “Nos debruçamos sobre os elementos simbólicos mais importantes e provocamos os participantes a pensarem a obra de uma maneira mais crítica, profunda”, acrescenta.

Em 2015, as duas temporadas são interligadas e divididas em módulos. Carlos explica que no primeiro módulo uma pequena oficina foi realizada, para introduzir os participantes às análises semióticas do texto e da imagem, trabalhar com adaptação criativa, aprender a escrever roteiro e até ensaiaram a gravação de algumas tomadas. Já no segundo módulo, em execução agora, o foco é a análise de obras cinematográficas com suas relações literárias – método narrativo, hipertextos e outros elementos. Além de filmes, o projeto abordará algumas séries televisivas, para mostrar como funciona a adaptação em obras continuadas. O último módulo irá trazer alguns workshop para criação de materiais adaptados: fotografia, teatro, música e vídeo, encerrando as atividades de 2015 com uma mostra audiovisual do que foi produzido ao longo do ano.

Ao todo, o projeto conta com 7 integrantes. Dois coordenadores (Prof. Dr. João Ourique e Carlos Ossanes) , quatro pessoas  atuam como ministrantes (Beatriz Castro, Cássia Benemann, Erivelton Lima e Fernanda Teixeira), e uma na organização geral dos encontros (Patrícia Pereira). Além disso, outros integrantes se somam em atividades específicas, como é o caso da Bettina Wieth, que organiza o material prático da área do cinema nas oficinas.

Carlos diz que os encontros são abertos à comunidade em geral, sem custo para os participantes. A maioria é estudante universitário, dos mais variados cursos. O grupo começa cada encontro com uma fala introdutória para depois dar início à exibição do filme a ser analisado. “Após isso, retomamos falando sobre os tópicos, intercalando os comentários e dúvidas do público com nossa análise crítica dos elementos”, explica.

No próximo sábado, o projeto irá trabalhar com o filme “O show de Truman”. A análise será feita com base na criação do universo ficcional dentro do próprio filme: o reality show do qual Truman é o protagonista. Carlos diz que, apesar de ser uma comédia, “O Show de Truman” tem um método narrativo muito interessante, pelo qual pode-se pensar outras obras que abordam o tema da quebra da privacidade, como o livro “1984”, de George Orwell, por exemplo. “Por esse eixo, pretendemos que os participantes dialoguem com a questão da aceitação do universo da narrativa em prol do entendimento da obra, fazendo correlações com outras obras que tragam elementos semelhantes”, finaliza.

 

(Foto: Divulgação)

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O ciclo de debate sobre o filme “O Show de Truman”, ocorrerá no próximo sábado, dia 6, às 14h, na Sala de Cinema Digital da UFPel, situado na Rua Lobo da Costa, 447 (esquina Álvaro Chaves). Haverá sorteio de um exemplar do recém-lançado livro Literatura e Formação do Leitor: Escola e Sociedade, Ensino e Educação, publicado pela editora UNIJUÍ. A entrada é franca. Para mais informações, acesse o link do evento no Facebook

Para saber mais sobre o projeto acesse a página do Facebook  e confira o cronograma completo no blog do 24 Frames de Literatura 

 

 

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