Tênis: rivalidade entre Djokovic e Murray esquenta briga pela liderança do ranking
Por: Bruno de La Rocha
Mais do que nunca, a maior rivalidade do tênis mundial tem hoje a emoção de uma briga pelo ranking. Novak Djokovic, líder há exatas 119 semanas seguidas (220 no total), está vendo seu maior rival, Andy Murray, encostar e ameaçar muito o reino que, antes soberano, impressionava o mundo do esporte.
Visando esclarecer as dúvidas dos fãs de tênis, a VAVEL Brasil traz hoje a história desta temporada, mostrando os cálculos possíveis e o que causou este final eletrizante que está por vir.
Djokovic tem começo de temporada avassalador; Murray oscila demais e demora a engrenar
2016 parecia ser novamente o ano do sérvio. Já no seu primeiro torneio, em Doha, bateu Rafael Nadal na final, perdendo apenas três games em um jogo que chocou fãs do mundo inteiro, que esperavam uma partida de alto nível de ambos os jogadores.
Chegando no Aberto da Austrália, a rivalidade teria seu primeiro capítulo do ano: na grande final do torneio, Novak atropelou Andy e conseguiu seu sexto título no Major da Oceania, impondo um ritmo superior e o quinto vice do campeonato para o britânico.
Nos Masters 1000 de Indian Wells e Miami, a dominância ficou ainda mais clara: perdendo apenas um set em 12 partidas, Djokovic conquistou ambos os títulos e viu sua vantagem de quase 6000 pontos ser mantida, já que Murray passava por inesperadas derrotas para Delbonis e Dimitrov, na segunda rodada de ambos os torneios.
Temporada de saibro equilibra confronto, mas mantém Djokovic em vantagem
Surpreendido logo na estreia em Monte Carlo, Novak viu o rival diminuir a vantagem. Com derrota para Vesely, o sérvio teve de assistir de longe à campanha do britânico, que chegou até as semifinais e perdeu para Nadal.
Nos Masters de Madri e Roma, a rivalidade escreveria mais dois capítulos. Na capital espanhola, Djokovic chegou na final sem perder sets, e viu um Murray desgastado batalhar para vencer Nadal nas semifinais. A final, porém, teve o britânico jogando seu máximo, mas perdendo no terceiro set.
Mesmo assim, ele seguiu determinado, e, na semana seguinte, na Itália, deu o troco em Novak, vencendo a final por 6/3 e 6/3 logo no dia de seu aniversário, em uma das melhores atuações de sua carreira em jogos no saibro.
É claro que a emocionante disputa teria mais um belo capítulo em Roland Garros. Jogando com muita consistência, ambos os tenistas alcançaram a grande final do torneio parisiense, o que já definia um campeão inédito no Slam francês. Após perder o primeiro set, Djokovic voltou em grande estilo para – finalmente – conquistar pela primeira vez o único título de Grand Slam que lhe faltava.
Wimbledon e Rio 2016 derrubam Djokovic e consagram Murray
Cansado física e mentalmente, Novak tentou seguir firme na temporada, apesar de uma lesão no pulso. Sem jogar após Roland Garros, ele viu Murray conquistar o ATP 500 de Queen’s em uma semana cheia de grandes jogos, diminuindo um pouco a vantagem que naquele momento continuava gigantesca.
Mas o ano de Andy começou para valer em Wimbledon, quando ele viu o rival cair logo na terceira rodada, perdendo para Sam Querrey. Com certa tranquilidade, o número dois do mundo conquistou seu terceiro Grand Slam, sendo bicampeão do Major inglês contra Milos Raonic, em um jogo fácil e de muita empolgação da torcida local.
No meio tempo, enquanto Murray descansava, Djokovic viu mais uma fácil oportunidade de ganhar 1000 pontos, quando jogou o Masters do Canadá e, sem perder sets, derrubou mais cinco adversários para vencer o título.
Sem contar pontos no ranking, a Olimpíada Rio 2016 era pouco esperada pelo mundo do tênis. Mesmo assim, a competição teve os melhores jogos da temporada, muito devido à volta de Juan Martín Del Potro, que veio a derrubar Djokovic logo na estreia, deixando o sérvio extremamente magoado e de coração partido.
Com o caminho aberto, Murray seguiu para vencer o argentino na decisão e virar o segundo homem da história a vencer o Ouro Olímpico duas vezes na história.
Cansaço mental afeta Djokovic; Murray vence mais dois títulos e encosta no ranking
Sem jogar após os Jogos Olímpicos Rio 2016, Novak teve de descansar e apenas assistir à Andy, que faturou mais 600 pontos ao ser vice-campeão do Masters 1000 de Cincinnati, perdendo para o croata Marin Cilic na grande final.
No US Open, a campanha de Murray acabou sendo decepcionante, mas o britânico não perdeu pontos, pois foi eliminado nas quartas de finais pela segunda temporada seguida. Djokovic, porém, perdeu 800 pontos, pois foi derrotado por Stan Wawrinka na grande final.
A partir daí, ambos partiram para a gira asiática, onde Andy teve duas semanas de grande sucesso, vencendo o ATP 500 de Pequim e o Masters 1000 de Xangai sem perder nenhum set, enquanto Novak era derrotado para Bautista Agut nas semifinais, antes que fosse possível enfrentar o rival pela quinta vez no ano.
Os torneios restantes e a matemática do número um
No momento, o sérvio segue liderando o ranking mundial da ATP, com 12900 pontos ganhos, enquanto o britânico é segundo colocado com 10485. No ranking que conta apenas os pontos de 2016, a diferença agora é de apenas 915, dando chance para Murray virar líder pela primeira vez em sua carreira, antes mesmo do ATP Finals.
TORNEIOS A DISPUTAR ATÉ O FINAL DA TEMPORADA
Andy Murray: ATP 500 de Viena, Masters 1000 de Paris, ATP Finals
Novak Djokovic: Masters 1000 de Paris e ATP Finals
PONTOS A DEFENDER ATÉ O FINAL DA TEMPORADA
Andy Murray: 600 (final em Paris) + 200 (vitória/chave no Finals)
Novak Djokovic: 1000 (título em Paris) + 1300 (título no Finals)
Apesar de manter-se otimista quanto ao topo do ranking, Andy afirma que sabe que sua melhor chance não é no fim deste ano, e sem no começo do ano que vem.
PONTOS A DEFENDER NO COMEÇO DE 2017
Andy Murray: 1200 (final no Aus Open) + 45 (terceira rodada em Indian Wells) + 45 (terceira rodada em Miami) = 1290 pontos
Novak Djokovic: 250 (título em Doha) + 2000 (título no Aus Open) + 1000 (título em Indian Wells) + 1000 (título em Miami) = 4250 pontos.
Se o britânico conseguir manter o bom momento, é quase impossível que ele não atinja a liderança do ranking onde ele mesmo prevê, que é na dobradinha de Indian Wells e Miami. Mas, como todos sabemos, o bom e velho tênis é, e sempre será, imprevisível.