Surge o novo fenômeno do tênis mundial?
Por Luís Artur Janes Silva
Neste domingo, 18 de novembro, tivemos a decisão do último grande evento do tênis na temporada de 2018. O ATP Finals, realizado na cidade de Londres, reuniu os oito tenistas mais consistentes do ano e consagrou um jovem alemão de 21 anos, que promete ser o novo gigante do esporte em breve. Alexander Zverev, atual número cinco do mundo e dono de 10 títulos no circuito da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) bateu o sérvio Novak Djokovic por 2 a 0 e conquistou o Finals pela primeira vez na carreira.
Esta edição do ATP Finals reuniu oito dos dez melhores tenistas de atualidade e surpreendeu pela disparidade de alguns resultados, pois vários jogos terminaram 2 a 0 (14) e as diferenças de games entre vencedores e perdedores foi enorme, não condizente com o equilíbrio entre os jogadores que disputavam a competição.
Na chave liderada por Roger Federer, tivemos a presença do japonês Kei Nishikori, do sul-africano Kevin Anderson e do austríaco Dominic Thiem. Apesar de ter sido derrotado na estreia pelo japonês Nishikori, Federer conseguiu recuperar-se e com duas vitórias avançou às semifinais do torneio. Junto ao suíço, Kevin Anderson também atuou em bom nível e passou de fase.
Enquanto isso, no grupo liderado pelo sérvio Novak Djokovic, número um do mundo, tivemos a presença de Zverev, mas também do croata Marin Cilic e do estadunidense John Isner. Djokovic sobrou da turma e aplicou “surras” em todos os seus oponentes, inclusive no jovem tenista da Alemanha, que foi arrasado por 2 sets a zero (6-4, 6-1). Mesmo com este massacre, Alexander não se abateu e sobrepujou os outros dois adversários, conquistando vaga nas semifinais.
Na fase semifinal, Djokovic seguiu impávido e arrasou Kevin Anderson por 2 sets a zero (6-2, 6-2). Enquanto isso, o jovem Zverev bateu o mito Federer, num raro jogo equilibrado deste Finals. O placar marcou 2 a 0 para o alemão, mas as parciais foram apertadas (7-5, 7-6). Na final, o alemão devolveu a derrota da fase inicial na mesma moeda, pois massacrou Novak Djokovic. O tenista germânico foi agressivo e superou o sérvio nas trocas de bolas, no saque (uma das principais armas de Novak) e no jogo de fundo de quadra. Zverev conseguiu três quebras de saque contra uma do sérvio e fechou o jogo em sets diretos (6-4, 6-3).
A vitória maiúscula de Alexander quebrou um jejum de 23 anos sem títulos alemães no Finals. O último triunfo germânico havia acontecido em 1995 e foi protagonizado por Boris Becker. Além disso, o título deste domingo coloca Zverev no centro da discussão sobre quem será o novo rei do tênis mundial, depois das aposentadorias do trio Djokovic-Nadal-Federer, um fato cada vez mais próximo.
Entre os tenistas da faixa Sub 21, Zverev domina o ranking de títulos de ATP com ampla vantagem. São dez conquistas em torneios deste circuito, incluindo três Masters 1000 (Canadá, Roma e Madri). Em 2018, obteve quatro canecos. Seu concorrente mais próximo nesta faixa etária, o grego Stefanos Tsistsipas, conquistou apenas dois campeonatos da ATP na carreira. Se a comparação subir ao nível dos tenistas Sub 23, Zverev mantém-se na ponta, mas a diferença para o concorrente mais próximo diminui, pois o russo Karen Kachanov tem 4 troféus na carreira, incluindo um Masters, conquistado recentemente.
A realidade é que Alexander Zverev, que terminará a temporada no posto de quarto melhor jogador do mundo, ainda tem bastante tempo para solidificar cada vez mais sua posição de grande tenista e mostrar que não tem apenas um tempo presente consistente, mas também possui talento suficiente para figurar entre os maiores da História. Para tanto, precisará passar por dois desafios, que provarão sua têmpera. Primeiro, terá que aguentar os primeiros períodos de irregularidade de resultados, normais para quem já é um tenista a ser batido e que enfrentará adversários temíveis e um calendário de competições extenuante. Mais que isso, Zverev precisará vencer um Grand Slam, pois ninguém é suficientemente grande se não triunfar neste tipo de campeonato. E é notório que o alemão ainda não consegue ser consistente em jogos de maior duração, caso dos embates nos torneios do Grand Slam.
Em suma, o futuro é imprevisível, mas Alexander Zverev mostrou até agora que tem potencial para ser o que os amantes do tênis esperam dele, nada menos que o próximo mito do esporte.