Subjetivas: plataforma quer reunir realizadoras do audiovisual nacional
Por: Claudine Zingler
Não é novidade que o machismo afeta nós, mulheres, em todos os aspectos da vida, seja socialmente ou no trabalho. No âmbito artístico isso não muda: segundo uma pesquisa Agência Nacional de Cinema (Ancine) , temos a presença feminina na direção de somente 19% do audiovisual nacional, assim como apenas 23% das roteiristas do Brasil são mulheres. Para um país onde mais da metade da população é composta por mulheres, os números são baixos.
Foi pensando nessa desigualdade que duas acadêmicas do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Adriana Yamamoto e Digliane Andrade, criaram o Projeto Subjetivas. O Subjetivas é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) das gurias, que consiste em um filme que une um apanhado de fragmentos (nome dado aos vídeos recebidos) que contêm o ponto de vista das mulheres sobre sua leitura do mundo.
O que era para ser um filme se transformou na ideia da plataforma virtual, que é quase um acervo de subjetividades. Adriana conta que a inicialmente seria feito apenas o filme colaborativo com mulheres do audiovisual brasileiro, e, para isso foram enviadas cartas de convite a diversas cineastas do país. Ao receberem as primeiras respostas, as gurias decidiram ir além: surgiu a ideia da plataforma Subjetivas, um site que pretende catalogar realizadoras do cinema no Brasil, disponibilizando, entre outras informações, sua filmografia de forma gratuita e com fácil acesso. Digliane exemplifica: “Quando, por exemplo, eu pesquisar pelo nome de uma realizadora brasileira, terei lá um relato curto de como foi fazer seu vídeo subjetivo, sua biografia, sua filmografia e um link que direcione à sua página pessoal ou à produtora (caso a participante queira).“ Para isso, elas criaram um financiamento coletivo no Catarse , que vai até o dia 04 de setembro e recebe contribuições a partir de 10 reais.
As gurias contam que a diversidade de pontos de vista é um ponto importante dentro do Subjetivas. Elas prezam pela união de todas as mulheres componentes do audiovisual nacional, “sejam elas conhecidas ou não pela grande mídia, (e) não somente nas funções de direção, produção e roteiro, mas também mulheres que se inserem na parte ‘técnica’ (captação de áudio, fotografia, etc.)”, explica Digliane.
Já foram realizadas uma promoshare, uma mostra de subjetividades no Cine UFPel, em Pelotas, com exibição de curtas feitos pelas realizadoras que estarão na primeira “leva” de subjetividades, além da exposição Subjetivas, que mostrou todos os fragmentos recebidos até agora pelas gurias, assim como as telas da artista visual Vivian Herzog, autora de uma coleção de obras na temática do projeto. Aliás, esses desenhos podem ser adquiridos como recompensa lá no projeto do Catarse que as subjetivas lançaram a fim de que isso tudo se torne realidade!
Adriana conta quais são os planos para o futuro do Subjetivas: “Após encerramento do financiamento, poderemos lançar nossa plataforma online com a possibilidade de entrada de mais realizadoras. ”Portanto, o Subjetivas pretende ainda alçar voos mais altos, colhendo mais vídeos assim que o site for ao ar. Ela afirma: “Existe todo um jeito de fazer ‘cinema tradicional’ que gostaríamos de repensar e experimentar através do Subjetivas.”
O Subjetivas também está no Facebook e no Instagram.