Setembro Amarelo: Lutando contra o suicídio e promovendo o bem-estar estudantil

A iniciativa do Setembro Amarelo visa informar e conscientizar a sociedade sobre o assunto que ainda é um tabu para grande parte da população

A Associação Brasileira de Psiquiatria mantém a campanha do setembro amarelo há nove anos. Foto: Divulgação

Por Bruna Garcia / Em Pauta

Desde 2014 a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), realiza no Brasil a campanha Setembro Amarelo com o objetivo de trazer informações atualizadas sobre suicídio para conscientizar a sociedade e colaborar para a prevenção do ato no país. A iniciativa chega em seu nono ano.

Em 2023 a campanha chega trazendo um novo tema: “Se precisar, peça ajuda”. E em todo o país diversas ações estão sendo desenvolvidas para falarmos mais sobre esse assunto que cada vez mais, se faz necessário abordarmos. 

À medida que setembro se desenha no horizonte, a ABP preparou uma série de ações destinadas a sensibilizar o público sobre a causa. Com um calendário repleto de eventos online, iluminando espaços públicos e monumentos com a cor da campanha, além de uma blitz nas redes sociais e recursos informativos abrangentes disponíveis em seu site. 

A campanha que acontece durante todo o mês de setembro, sinaliza o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. 

E embarcando nessa longa jornada, a Universidade Federal de Pelotas através da Progep (Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas), promove o passeio ciclístico “Viva bem pedalando”, em alusão ao mês amarelo. A atividade, é voltada para toda a comunidade acadêmica e sairá do Campus Anglo no dia 10 de setembro às 9h30min, com o retorno marcado para o mesmo local. 

UFPel lança campanha “Viva bem pedalando” em alusão ao mês da prevenção ao suicídio. Foto: Reprodução/Instagram

Além da atividade, o Núcleo Psicopedagógico de Apoio ao Discente (NUPADI) implementa ao longo do ano grupos terapêuticos, conduzidos por profissionais altamente qualificados e experientes. Essa iniciativa tem como finalidade principal alcançar o maior número possível de estudantes, proporcionando-lhes um espaço valioso para participar de rodas de conversa. Esses grupos terapêuticos são concebidos como um ambiente acolhedor e seguro, no qual os alunos podem compartilhar suas experiências, desafios e preocupações emocionais. A equipe de profissionais do NUPADI se dedica a criar um espaço empático e de apoio, onde os estudantes podem discutir suas questões, desenvolver habilidades de enfrentamento e receber orientações e suporte emocional.

A oferta desses grupos terapêuticos reflete o compromisso da instituição em promover o bem-estar emocional e psicológico dos alunos, reconhecendo a importância de abordar não apenas as questões acadêmicas, mas também as emocionais. Ao criar esses espaços de apoio, o NUPADI visa contribuir para a promoção da saúde mental dos estudantes, fornecendo-lhes recursos valiosos para enfrentar os desafios da vida universitária e além dela.

“Esse ano, estamos finalizando um grupo de vivências acadêmicas, que é um grupo que tradicionalmente ocorre para os estudantes poderem conversar sobre esse seu momento em que estão vivendo dentro desse universo que é a Universidade, temos o grupo para trabalhadores-estudantes, que dividem a sua jornada estudantil com a rotina diária de trabalho, […] também temos um grupo muito importante que se chama decolonizar, que é um grupo para pessoas racializadas, onde as pessoas negras se afiliam e podem falar sobre as suas dores e os atravessamentos institucionais, do racismo em suas vidas […] é um grupo muito potente, e nós temos muita alegria de poder contar com essa disponibilidade dos nossos estudantes.” aponta Juliana Antunes de Souza, psicóloga do NUPADI.

Dados alarmantes

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são registrados cerca de 700 mil suicídios no mundo todo. No Brasil, os registros apontam 14 mil casos por ano, ou seja, em média, 38 pessoas tiram a própria vida por dia. Embora os números estejam diminuindo no mundo, estudos recentes indicam um aumento nas taxas de suicídio em países de média e baixa renda, especialmente nas regiões do Leste Asiático, da América Central e da América do Sul. Portanto, falar sobre o assunto e disseminar conteúdos orientativos para a população, se torna cada vez mais imprescindível para ajudar a diminuir esses números. “Precisamos orientar para conscientizar, prevenir e no mês de setembro concentramos os nossos esforços e vamos para a prevenção efetiva do suicídio. A morte por suicídio é uma emergência médica e pode ser evitada através do tratamento adequado do transtorno mental de base”, afirma o presidente da ABP, Dr. Antônio Geraldo da Silva.

Os dados são alarmantes quando paramos para analisar a incidência de mortes por suicídio em universitários. De acordo com a OMS, jovens de 15 a 29 anos, estão na faixa etária dos que mais tiram a própria vida e a idade coincide com o período da adolescência até o início da vida universitária. No Brasil, a taxa de suicídio entre universitários tem aumentado anualmente desde 2002, e o país é líder na América Latina nesse preocupante indicador.

Em 2018, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) conduziu uma pesquisa abrangendo 424 mil entrevistados, visando analisar o perfil socioeconômico dos estudantes de graduação nas universidades federais. Os pesquisadores correlacionaram essas informações com dados relativos a dificuldades emocionais e pensamentos suicidas. Um percentual significativo dos estudantes admitiu enfrentar algum tipo de dificuldade emocional, desenvolver crises de ansiedade, buscar ajuda psicológica, já estar em tratamento na época da pesquisa, ou utilizar medicação psiquiátrica. 

A psicóloga Juliana de Souza compartilha conosco que atualmente está no meio de seu programa de mestrado e que o próximo objetivo é implementar um treinamento sobre prevenção do suicídio “pretendo capacitar servidores e estudantes para saber reconhecer alguém com comportamento suicida, como abordar e saber como encaminhar”.

Um dever de todos

Devemos todos conscientizarmos sobre a importância da vida e prevenir o suicídio, um tema ainda tabu no meio social. Falar sobre isso ajuda pessoas em crise a buscar ajuda e perceber outras alternativas.

Quando alguém considera o suicídio, seus pensamentos são restritos pelo sofrimento emocional. Informar-se e apoiar os outros é essencial para combater esse problema grave. Identificar sinais de ideação suicida nas pessoas próximas, ouvindo-as sem julgamento e mostrando empatia, é crucial. E procurar ajuda em meio a profissionais capacitados, é fundamental.

Se precisar ser ouvido, por favor, ligue para o CVV através do número 188. O canal também está disponível através de chat e e-mail 24h todos os dias.  

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