Segunda temporada de The Last of Us está confirmada

Apesar das polêmicas, produção é a mais assistida na HBO Max da América Latina e da Europa

Pedro Pascal e Bella Ramsey são Joel e Ellie na adaptação de The Last of Us. – Foto: Reprodução/HBO

Por Larissa Bruno / Em Pauta

A segunda temporada de The Last of Us já está confirmada, com previsão de lançamento entre o final de 2024 e início de 2025, conforme informou Bella Ramsey (atriz que interpreta a personagem principal da série) em entrevista. Ainda, segundo os produtores Craig Mazin e Neil Druckmann (também criador do jogo), o arco narrativo de The Last of Us 2 exigirá mais episódios. “Não, não tem como”, disse Mazin sobre a segunda temporada cobrir toda a segunda parte do jogo. “Vamos precisar de mais de uma temporada para isso”, respondeu Druckmann.

The Last of Us se tornou a produção mais assistida da história da HBO Max na América Latina e na Europa. A informação foi divulgada pelo próprio departamento de comunicação da Warner Bros. Discovery no dia 14 de março. Segundo dados publicados pela empresa, a primeira temporada teve uma média de 30,4 milhões de espectadores (por episódio), superando A Casa do Dragão, com cerca de 29 milhões de espectadores.

A série também recebeu elogios nas reviews como a “melhor adaptação de games já feita”. Em números, o show é, de fato, uma das adaptações de videogame mais bem avaliada da indústria. Sua média é de 97% de aprovação entre a mídia especializada no Rotten Tomatoes – superior às outras produções do nicho. Alguns exemplos mais recentes incluem Uncharted (41%), a animação de Castlevania (94%) e o primeiro Sonic The Hedgehog (61%).

Entretanto, a série tem gerado polêmica e recebido ataques homofóbicos pelas redes sociais. O episódio três “Long, Long Time” discute a trajetória amorosa de um casal homossexual. Por um lado, a representatividade foi bem recebida pela crítica, conforme a NBC News “a história, embora inédita para alguns, é apenas uma história queer em uma indústria na qual as narrativas LGBTQ estão se tornando mais proeminentes.”

O episódio não foi apenas bem recebido por sua representatividade, mas também por sua construção, com diversos críticos exaltando este feito. Segundo David Cote, da The A.V. Club, ele é: “um flashback estendido dentro do quadro que foi tocante e revigorante emocionalmente. O engraçado e trágico caso de amor de Bill e Frank não estabeleceu novas regras mundiais nem alterou o objetivo de Joel e Ellie, mas mostrou um lado mais terno e adulto da pandemia e como dois homens nutriram uma tempestuosa paixão e sua versão da civilização por trás de portões e armadilhas.”

Chris Bennion, do The Telegraph, afirmou que “é, de uma só vez, um dos maiores episódios de drama televisivo da era moderna. Que reduz de forma impressionante todos os conceitos do gênero zumbi para criar uma peça de teatro filmada tão brilhantemente quanto qualquer coisa que The Sopranos ou The Wire tenham a oferecer.”

Por outro lado, a história foi vítima de ataques em suas avaliações no IMDB, fenômeno denominado “review bombing”, no qual diversas pessoas em suas contas no portal dão notas negativas por não concordarem com o conteúdo do enredo, o elenco escolhido, etc.

Também foi alvo de ataques homofóbicos o episódio Left Behind, que explica como Ellie foi contaminada e tem como contexto a sua paixão pela amiga Riley Abel. Storm Reid, atriz que interpreta a personagem Abel, respondeu em entrevista à EW que, definitivamente, não está preocupada com os homofóbicos: “Como Bella [Ramsey] disse quando o episódio 3 foi ao ar, é simples, se você não gosta, não assista. Estamos contando histórias importantes. Estamos contando histórias das experiências das pessoas, e é para isso que atuo. É isso que faz uma boa narrativa, porque estamos contando histórias de pessoas que ocupam espaço no mundo. É 2023. Se você está preocupado com quem eu amo, preciso que você coloque suas prioridades em ordem”, pontuou a atriz, que continuou: “Há tantas outras coisas com que se preocupar na vida. Por que você está preocupado que esses jovens – ou qualquer um – se amem? O amor é lindo, e o fato de as pessoas terem coisas a dizer sobre isso é um absurdo”, finalizou.

Já Craig Mazin, dupla de Druckmann no comando do show, acredita que a polêmica é até boa. Segundo ele, é melhor ter uma série que gere avaliações “1” ou “10” do que uma que tenha apenas notas “5”. “Raiva, confusão, decepção. Eu acho que é melhor gerar essas emoções nas pessoas do que a pior de todas, a indiferença. Falou-se muito do nosso terceiro episódio, que nos deixou bastante orgulhosos e emocionou muita gente. Mas muita gente deu nota 1 e ele ficou com média 8 no IMDB, porque também tem muitas notas 10. E essas opiniões fortes, para um lado ou pro outro, são melhores do que ter um show sempre na média”, explicou.

O estudante Júlio da Silva, 27 anos, que já tinha jogado os jogos que inspiraram a série, comenta que ficou bastante animado quando soube que o game ia ser lançado em streaming. “A história é fenomenal, com ótimos personagens que te sensibilizam, como se você estivesse assistindo um filme”. Após ter assistido a primeira temporada, afirmou que: “foi uma das adaptações de jogos mais fiéis que já vi, tanto em relação aos cenários, como aos diálogos. Também a construção do roteiro e essência dos personagens ficou muito bem feita, comparado ao jogo”. Mas criticou o fato da pouca ação presente na produção, “A ação que existe de forma intensa foi tirada na série, porque, conforme o próprio diretor, o foco era o drama. Outra questão também foi a pouca presença dos infectados, o que me decepcionou, por se tratar de uma história com tema pós-apocalíptico de zumbis.”

Quanto a polêmica envolvendo os episódios com histórias homossexuais, para ele não foi problema, exceto pelo fato do excesso do drama e do romance, descartando a problemática do gênero. “A história do Bill para mim foi um spin off, porque não ajudou em nada na construção da narrativa do Joel e da Ellie. Apesar disso, achei legal o fato de contarem no episódio, como o Bill e o Frank se conheceram, porque isso não é trabalhado no jogo. Quanto ao episódio da Ellie e da amiga, foi bem fiel ao game, apesar de ter algumas coisas diferentes. Foi legal terem explorado a vida dela antes de ser mordida e ter que começar a jornada com o Joel, mas também aqui achei que eles focaram muito no drama, e deixaram a desejar na questão da ação e das cenas de luta, o que acabou, na minha opinião, deixando o episódio mais chato do que interessante”. Questionado sobre a expectativa para as próximas temporadas, afirmou que não estão muito boas. “Apesar da série ter sido fiel ao jogo em muitas partes, deixou um gosto de decepção”, finalizou.

A mestranda em ciência política, Renata da Silva, 25 anos, também assistiu a produção. Ela já conhecia a história por ver streamers que jogaram o game e comentou: “Achei mais profundo a discussão do que no jogo. A princípio fiquei decepcionada pela falta de ação e presença dos monstros, mas percebi que isso deu espaço para que fosse abordado o lado emocional dos personagens e da sociedade na qual estão inseridos”.

Para ela, quanto aos episódios considerados polêmicos, afirmou que “os desenvolvedores tiveram que criar essas pequenas narrativas na história para atender o público de hoje. O romance do Bill e do Frank foi bonito de se ver, apesar de triste, mas não contribuiu para a construção da história principal. Em relação ao episódio com a Ellie, foi interessante assistir, ainda mais por se tratar de uma relação menos sexualizada, com um afeto sincero por elas serem mais jovens. Também proporcionou entendermos o motivo da personagem carregar tanta dor, contribuindo para a construção da narrativa com o Joel”, afirmou.

Conheça a história de The Last of Us, vencedor de mais de 240 prêmios de Jogo do Ano

Em uma civilização devastada, em que infectados e sobreviventes veteranos estão à solta, Joel (Pedro Pascal), um contrabandista, é contratado para tirar uma garota de 14 anos, Ellie (Bella Ramsey), de uma zona de quarentena militar e levá-la a uma base médica, pois ela pode ser a cura para o fungo Cordyceps, que arrasou a humanidade. No entanto, o que começa como um pequeno serviço se transforma em uma jornada brutal através dos Estados Unidos.

Pôster do jogo “The Last of Us”. – Foto: Reprodução/Naughty Dog

Com nove episódios ao todo, a primeira temporada de The Last of Us adapta os acontecimentos do jogo da Naughty Dog, originalmente lançado em 2013. O tom geral da adaptação é de fidelidade ao material original, mas com pequenas mudanças e adições que expandem e complementam a narrativa da franquia.

A produção foi comandada por Craig Mazin, do aclamado Chernobyl, e Neil Druckmann, diretor criativo do game. A dupla juntou experiências de mídias diferentes para trabalhar em um roteiro que faz um excelente trabalho ao “traduzir” a história de Joel e Ellie para outra mídia, cortando o que não faria sentido em uma série (como momentos com muito gameplay) e adicionando novos acontecimentos para amarrar toda a trama.

​​Além dos monstros que os personagens precisam enfrentar, eles ainda têm de lidar com questões pessoais e emoções humanas. “As pessoas que vieram ver apenas uma série sobre zumbis estão percebendo que elas estão lidando com um programa sobre família, amor, perda, luto e cura. Todo tipo de experiência importante que faz parte das nossas vidas e de grandes histórias”, afirmou Gabriel Luna, ator que interpreta Tommy Miller, irmão de Joel, em coletiva de imprensa virtual da qual GALILEU participou, no dia 8 março.

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