Saúde Mental dos estudantes universitários: Um desafio emergente
Segundo uma pesquisa realizada em 2019 pela Universidade Federal de Pelotas, os jovens são apontados como as maiores vítimas de ansiedade e o segundo grupo mais suscetível à depressão no Brasil.
Por Pedro Farias / Em Pauta.
Em meio aos corredores movimentados e salas de aula repletas de sonhos, uma questão silenciosa ganha destaque nas universidades: a saúde mental dos estudantes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com sua comunidade. Entretanto, dentro da universidade, por vezes, o estudante pode não desenvolver o bem-estar da melhor maneira, podendo ocasionar problemas psicológicos sérios como depressão, ansiedade e crises de pânico, por exemplo.
É o que enfrentou o ex-estudante de Psicologia na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Vitor Bandeira, de 22 anos. Ele abandonou a universidade devido a situações que afetaram sua saúde mental na época.
“Cuidar da saúde mental é crucial, especialmente para nós, estudantes, que estamos vivenciando uma fase emocionalmente desafiadora com vistas à nossa futura carreira. É essencial buscar o bem-estar para percorrer a jornada da graduação de forma mais tranquila. Dessa forma, evitamos correr o risco de nos tornarmos profissionais frustrados no futuro.” explica, Vitor.
Alguns jovens recorrem a diversas abordagens para lidar com esses problemas de saúde mental, como o uso de medicamentos sem prescrição médica e até mesmo substâncias ilícitas. Este comportamento reflete uma tendência preocupante, evidenciada por um estudo que revelou um aumento de 25% na proporção de jovens universitários enfrentando problemas de depressão e ansiedade no período pós-pandemia.
Lizandra Osório, psicóloga da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), explicou como os desafios psicológicos afetam os estudantes ao longo de sua jornada acadêmica. “Eu percebo que os estudantes lidam de diferentes maneiras, desde manifestando linhas de fuga, não necessariamente para escapar, mas para resistir ou romper com certas condições que os colocam em sofrimento. No entanto, às vezes, eles recorrem a estratégias de evitação, têm dificuldades em pedir ajuda ou acabam seguindo caminhos mais nocivos, como o isolamento em casos mais crônicos ou o uso de substâncias, sejam drogas ou até mesmo medicações sem o acompanhamento adequado.”
Dessa forma, é imprescindível que as universidades priorizem a atenção à saúde mental, oferecendo suporte aos estudantes, visto que essa responsabilidade não recai exclusivamente sobre os serviços de saúde.
É crucial compreender que o estudante pertence à comunidade acadêmica, sendo que aqueles que mais frequentemente interagem com ele são os professores e os funcionários das secretarias acadêmicas. Portanto, é fundamental que esses profissionais também desempenhem um papel ativo no acolhimento dos estudantes.