Resenha: Simonal

Por Graça Vignolo de Siqueira

Sinopse:

“Dono de voz marcante, carisma encantador e charme irresistível, Wilson Simonal (Fabrício Boliveira) nasceu para ser uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. Após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, suas finanças descontroladas e o vício no álcool influenciarão em sua carreira.”

Na primeira metade do filme a plateia do cinema se deliciou com as canções da década de 60/70. Eu, literalmente, cantei no cinema. É incrível como a voz de Simonal, e suas músicas, marcaram uma geração. 

É importante destacar que o diretor Leonardo Domingos optou pela voz real de Simonal. O trabalho magnífico de dublagem do ator Fabrício Boliveira, faz com que acreditemos que, não só estamos ouvindo, mas também  estamos vendo o cantor.

A malemolência do carioca está ali. O jeito de falar, andar e gingar foi copiado pelo ator. E, além disso, temos a fotografia de época misturada ao cenário atual. Foram usados filmes antigos, inclusive do cantor.

O carisma de Wilson Simonal era inegável. Seu sorriso encantador. Mas também era arrogante, principalmente em seu auge. E no filme você verá como foi sua ascensão e o porquê de sua queda.

Embora tenha tido vários casos com fãs, foi com Tereza (Ísis Valverde) que ele  teve seus três filhos. E, com certeza, foi o negro de maior sucesso no Brasil, alcançando patamares jamais conquistados antes.

O plano-sequência que mostra o poder que Simonal tinha sobre a plateia é sensacional. Cantando “Meu Limão Meu Limoeiro” , ele rege o público que o assiste, sai do palco, vai ao barzinho ao lado do teatro e volta, sem que ninguém tenha parado de cantar. E nesse momento parecia estar regendo a todos nós. Que até esquecemos que ambos não se parecem fisicamente.

Quando lança a música “Tributo à Martin Luther King” ele tem problemas com o DOPS e a partir daí sua carreira passa a ter problemas. Embora fosse casado com uma mulher branca, a sociedade sempre o respeitou, mas o racismo  aparece a partir da homenagem.

O filme têm as mãos de seus filhos, claro. Até para que se limpasse o  nome do pai, que jamais se envolveu com política, mas teve problemas no regime militar, sendo injustamente chamado de dedo-duro.

Inteligente, Simonal tocava piano, pandeiro e trompete. Morreu aos 62 anos, em junho de 2000. Doze anos depois foi eleito o quarto melhor cantor brasileiro de todos os tempos pela revista Rolling Stone Brasil. 

Recomendo que assista. Tem um colorido bonito, uma trilha sonora maravilhosa, fotografia e figurinos eficientes e você terá a oportunidade de adivinhar  quem são os personagens que vão aparecendo no decorrer da história: Elis Regina, Carlos Imperial, Erasmo Carlos, Bôscoli e Miele, entre outros.

Nota: 9,5

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