Projeto de Língua Portuguesa incentiva leitura em escola de Pelotas
Visando incentivar o aprendizado das regras ortográficas de um jeito divertido e coletivo de estudar, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Jardim de Allah, localizada na Zona Norte de Pelotas, desenvolve, há cinco anos, um projeto movido pela construção de conhecimento através de brincadeiras: o Soletrando e o Silabando.
A ideia
A criação da atividade surgiu a partir do quadro Soletrando, do programa Caldeirão do Huck. Segundo a coordenadora pedagógica da escola, a professora Carmen Elerth, a proposta foi levada para os alunos que demonstraram interesse em participar, estando hoje muito envolvidos com as atividades. “Eles ficam ansiosos para participar do projeto. Os alunos do 5º ano chegam a comentar que quando estiverem no 6º ano será a vez deles. Alguns pedem que aconteça duas vezes durante o ano letivo”, diz Carmen.
Há cinco anos, os alunos participam de uma competição que preza pela superação e valorização das particularidades de cada um. Segundo a professora de Língua Portuguesa e atual responsável pelo projeto, Gabriela Severo, os alunos se sentem desafiados pelo Soletrando e Silabando e se empenham nos estudos. “Eles levam a sério a competição. Além de melhorar o desempenho, o projeto trabalha com a superação, pois muitos precisam enfrentar a timidez, o nervosismo”, diz Gabriela.
Desafios
Tendo como lema a frase “Desafiando os Feras”, o projeto trabalha com aspectos da personalidade de cada estudante, visando a desinibição frente aos colegas. Todos na escola são capazes, segundo a coordenadora, e por isso é que estão na competição. “Acho bacana também a solidariedade, o respeito e a ajuda entre eles. É muito raro acontecerem brincadeiras com quem erra… existe muita solidariedade, eles se desinibem”. Segundo Carmen, o projeto é um espaço no qual os estudantes mostram que são capazes de aprender. “Nós salientamos bastante que todos têm potencial para chegar à final, todos são feras. Isso é primordial”, relata Carmen.
A competição
A competição é realizada de duas formas. Os alunos das séries iniciais concorrem dentro de seus grupos. Já os alunos do 6º, 7º e 8º ano realizam duas etapas. Cada turma realiza uma etapa entre colegas de sala. Depois, os cinco vencedores de cada turma disputam a final. Para a realização das provas, os alunos recebem palavras e trabalham as regras ortográficas, separação silábica, formação da palavra e o contexto em que podem ser inseridas durante as aulas de português. A professora ressalta a importância do projeto que faz da aprendizagem uma atividade de diversão e envolve os alunos estimulando o estudo em casa. “É uma atividade que mexe com a rotina do aluno. Alguns pais relatam que seus filhos comentam em casa sobre o soletrando, pedem ajuda para estudar as palavras, o que é muito positivo”, diz Gabriela.
Apesar de ser um jogo, que leva a competição, o projeto tem seu foco estabelecido e não deixa margens para a concorrência entre os alunos. Além do incentivo ao trabalho em equipe, os erros são valorizados durante a atividade, conforme afirma Gabriela. “Percebemos o quanto uns são solidários com os outros, quem “erra” é aplaudido. Tentamos mostrar que cada um deve fazer o seu melhor e não desistir na primeira dificuldade”.
A premiação
A premiação do projeto são medalhas concedidas aos cinco vencedores de cada turma. O 1º, 2º e 3º lugar da competição entre o 6º, 7º e 8º ano também recebem medalhas indicando a colocação, além de uma lembrança da escola. “É muito bom escutar deles: Poxa! Essa palavra nunca mais vou errar… Através de uma brincadeira constroem-se conhecimentos! Na final os professores cedem suas aulas e participam juntos no pátio. É muito bom!, enfatiza Carmen, que lembrou uma frase de Paulo Freire para justificar o sucesso da proposta. “O projeto só vai em frente porque existe trabalho de equipe. Sabe aquelas palavras do Paulo Freire: Um sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas um sonho que se sonha em conjunto torna-se realidade. É por aí”, finaliza.