Primavera democrática em Pelotas
Por Cadre Dominguez / Em Pauta
Sábado, sol e protesto. Milhares de pelotenses foram as ruas, ontem, na área central da cidade em manifestação que pedia o impeachment do presidente da República Jair Bolsonaro, responsabilizado diretamente pelas quase 600 mil mortes da epidemia de Covid 19, inflação alta, carestia de produtos como gás, gasolina e comida. Nos cartazes e faixas que coloriram as ruas, muito bom humor, críticas a destruição do serviço público, reforma administrativa e o neo-liberalismo reacionário do ministro da Economia Paulo Guedes.
O protesto teve concentração no Largo do Mercado Público, as 11horas, onde um carro de som usado por lideranças políticas e sindicais faziam o chamamento, intercalado com músicas que traziam versões de sucessos com letras de críticas ao des-governo Bolsonaro. Todos os recentes escândalos de corrupção, descaso com meio ambiente, queimadas, liberação de agrotóxicos, desemprego, destruição das universidades e principalmente a política mafiosa de condução das medidas contra a pandemia de Covid-19, reveladas pela CPI do Senado Federal podiam ser vistos nas manifestações da população.
Pontualmente ao meio dia começou uma passeata que contornou a Praça Coronel Pedro Osório, tomou a Rua Floriano Peixoto e General Osório e foi até a Avenida Bento Gonçalves, no altar da pátria, quando o movimento se dispersou. Na boca do Calçadão, foi feito um rápido ato, onde os oradores teceram críticas a falta de ação do governo federal em relação ao meio ambiente e a pandemia, o caos na economia, a pobreza e fome e a miséria que assolam a população brasileira nos 3 anos de mandato do presidente da República. Também sobraram críticas a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, o governador do Estado Eduardo Leite e do deputado federal Daniel da TV, todos do PSDB. Nas bandeiras e camisetas podia se ver uma composição pluripartidária, onde manifestantes do PT, Psol, PDT, PCdoB, PSB, PCB compartilhavam o espaço com sindicatos, organizações sociais, ativistas LGBT, movimento negro, movimento feminista e movimento de estudantes e um combativo grupo da aldeias Kaingang de Pelotas. Uma saudável pluralidade de vozes que enfrenta o discurso retrógrado da intolerância e preconceito protagonizado pela figura bisonha que ocupa o Palácio do Planalto.
Ao cruzar a área de prédios residenciais da Praça Coronel Pedro Osório, as sacadas dos altos prédios tiveram as janelas cheias de espectadores, inclusive com atos de apoios que também foram ouvidos de carros e ônibus que buzinavam em favor do movimento. Também os comerciários no trajeto interromperam o trabalho e observavam a manifestação. Um carroceiro que recolhia papelão e lixo reciclável, na rua Floriano, juntou-se ao ato com um cartaz de Fora Bolsonaro, em preto e amarelo que ostentava com orgulho e posava para os fotógrafos que acompanhavam o evento e enchiam as redes sociais de fotos e imagens do protesto que aconteceu em todo o país, reunindo mais de 700 mi pessoas que não suportam mais a destruição do Brasil.
Animando a passeata, grupos de ritmistas enchiam as ruas de música e alegria. Pessoas de todas as idades que lutavam em comum pela melhoria da vida da população brasileira. A primavera democrática também esteve presente em Pelotas. E fez bonito.