Parte 2: Dia de votação dos repórteres do Em Pauta
Rafaela Stark
Saí para votar com minha mãe, por volta das 14h da tarde em um domingo de clima atípico, com um céu cheio de nuvens, onde o sol lutou para aparecer. Em pouco mais de trinta minutos que estive fora de casa vi o cinza, a súbita chuva e por fim, como uma recompensa por exercer meu papel de cidadã, um belo céu ensolarado.
O tempo, indeciso, combinou com o momento político que o país atravessa. Em meu colégio eleitoral, o Instituto Federal Sul-rio-grandense – Campus Pelotas, consegui identificar uma pequena amostra da polarização do Brasil. O movimento estava mais calmo quando cheguei, demorei cerca cinco minutos na fila da minha seção. Entretanto, ressalto que foi sorte, já que no corredor onde a sala se localizava haviam filas grandes para outras seções. Minha mãe levou mais de vinte minutos para votar.
Ao esperar minha companhia, pude notar o aumento de fluxo na escola, e com ele também notei a distinção das roupas. Em uma alusão ao atual presidente Jair Bolsonaro, eleitores vestiam camisetas do Brasil, ou com as cores da bandeira, algumas com frases como “Meu partido é o Brasil” e “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Contrariamente, haviam diversas pessoas vestidas com roupas vermelhas, adesivos e faixas com o nome do candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva. Foi capaz detectar um comportamento entre os eleitores de esquerda, o de reconhecimento. Muitos passavam lado a lado, se encaravam brevemente e sorriam, ainda que com certa descrição. Felizmente, não presenciei nenhum ato antidemocrático ou hostil, o ambiente era pacífico, embora tenha uma tensão palpável.
A eleitora Manoella Collares, de 20 anos, votou pela primeira vez em uma eleição presidencial. “Tive a sensação de dever cumprido como cidadã”, ela relata. A jovem lembra que votar é exercer o direito de cidadão e que “votar é não só pensar em si mesmo, mas sim em todos os brasileiros, poder escolher alguém que te represente e que também represente e governe para o bem de todas as classes existentes no país”.
Collares classifica a experiência como gratificante, mas ao mesmo tempo difícil, visto o período complexo que os brasileiros enfrentam. A estudante destaca:
“Votar é ser responsável e estar presente na luta pelas melhorias no país. Foi visto dentro das eleições muitas pessoas vestindo roupas que remetem a determinados candidatos, o que foi uma surpresa, porque não me recordo de ver em outros anos essa representação por meio de roupas tão forte e presente como agora, podendo gerar certo perigo para as pessoas nas ruas devido à grande violência propagada entre indivíduos com ideias contrárias.”
Um acontecimento interessante de comentar é a sujeira no chão aos arredores do colégio eleitoral. Notei inúmeros panfletos, os famosos “santinhos”, jogados pelas calçadas. De acordo com a Resolução nº 23.610, de 18 de dezembro de 2019, disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral é:
“§ 7º O derrame ou a anuência com o derrame de material de propaganda no local de votação ou nas vias próximas, ainda que realizado na véspera da eleição, configura propaganda irregular, sujeitando-se a infratora ou o infrator à multa prevista no § 1º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997 , sem prejuízo da apuração do crime previsto no inciso III do § 5º do art. 39 da Lei nº 9.504/1997.”
No momento em que escrevo este texto, as urnas de todo o país estão encerradas, às 17h da tarde. Acompanho a apuração pelo canal da Rede Globo, e espero que quem esteja lendo esta matéria tenha votado em um candidato justo e com bom plano de governo que atenda as necessidades do povo brasileiro.
Jaime Lucas Mattos
O dia de eleição foi um domingo diferente, ora nublado, ora ensolarado. Meu local de votação é na esquina de casa, o que permitiria que o meu caminho fosse completamente monótono, mas não foi. Ao longo dos poucos metros que andei, pude ver pessoas vestidas principalmente de vermelho saindo da escola. Uma dessas pessoas gritava em aprovação ao candidato Lula.
Quando entrei na escola estava chuviscando e poucas pessoas estavam no local, diferentemente dos outros anos em que votei, que estava mais cheio. Apesar da pouca presença de pessoas, as que estavam lá aparentavam estar contentes de estarem exercendo seus papéis na eleição.
Na fila da minha seção de votação, havia apenas duas pessoas aguardando na minha frente. Nas filas ao redor, havia de 1 a 6 pessoas em cada uma. A mesária solicitou meu título de eleitor para adiantar a documentação e alguns minutos depois pude entrar na sala para comprovar os documentos e a biometria, e ir à cabine de votação.
Na saída do local de votação, observei que havia uma divisão de manifestações políticas nas roupas das pessoas que estavam indo votar. Muitos usando roupas vermelhas, em alusão ao candidato Lula, e outros usando roupas em alusão ao candidato Bolsonaro. Vi algumas pessoas com estampas em apoio aos candidatos citados.
O chuvisco não havia cessado quando saí do local, mas o número de pessoas na escola havia aumentado, quase o dobro de quando eu havia entrado. Fiquei cerca de 20 minutos na escola, desde o momento que cheguei até o que saí.
Após o processo de votação ainda teve o momento de apuração dos votos. Foram mais de 4 horas de apreensão na frente da televisão e das páginas na internet, querendo saber o resultado das eleições para os diferentes cargos em disputa.
Foi um dia de felicidade e compromisso por estar exercendo meu papel enquanto cidadão na nossa democracia, além de apreensão e curiosidade por querer saber os resultados da eleição.
Daniela Alves
Eram 12h quando sai de casa, na principal avenida de Pelotas, Bento Gonçalves, rumo ao meu local de votação, que bem se diz, fica no outro lado da cidade.
O caminho para as votações na Comunidade Evangélica Martim Lutero, prestigia o eleitor que vive no centro, com um passeio por uma grande extensão da cidade de Pelotas, marcada por partidos que deixaram lembranças de si espalhadas aos montes pelas calçadas e asfaltos das ruas da Princesa do Sul, em forma dos famosos “santinhos” de divulgação dos candidatos, mesmo que a prática seja considerada crime eleitoral, com possibilidade de multa e até mesmo prisão do autor, caso seja pego em flagrante.
Sendo um local de votação consideravelmente afastado do centro da cidade, uma vez que fica localizada na Avenida Fernando Osório, 5740, na manhã do domingo (02), a Comunidade Evangélica Martim Lutero, adotava para um dia de eleições, o mesmo clima bucólico que permeia seu nome. Sem filas ou grande movimentação de pessoas.