Dia de votação dos repórteres do Em Pauta

Neste domingo, os jornalistas da Agência Em Pauta se mobilizaram para relatar como foi a votação do 1º turno em diferentes locais da zona sul.

Marianna Bertoldi

Dia 02 de outubro amanheceu nublado e silencioso em Rio Grande. Perto das 10h, depois de caminhar poucas quadras acompanhada de minha mãe e meu namorado, cheguei à Escola Agnella do Nascimento, meu local de votação.

Chegando lá, dirigi-me até a seção 279, onde esperei por alguns minutos. Em seguida, prossegui até a urna e registrei meu voto para os candidatos que escolhi para os cargos de deputado(a), senador(a), presidente e governador.

Tudo isso aconteceu tão rapidamente. Um ato tão significativo e de tamanha importância para o coletivo resumido em poucos minutos. Depois de votar, acompanhei meu namorado até o local de votação dele na cidade de São José do Norte. Diferente da minha experiência, ele enfrentou uma longa fila até conseguir votar. O restante do dia foi como um típico domingo em família.

Agora, resta esperar os resultados deste primeiro turno e, talvez, preparar-me para o possível segundo turno das Eleições 2022 ainda neste mês de outubro.

Acho importante desde os 16 anos de idade começarmos a exercer nosso papel dentro da democracia e praticar o voto. Há tantos países no mundo que não possibilitam que cidadãos, desde tão jovens, tenham este direito. Vamos valorizar e exercer esse direito!

Marco Gavião

Acordei um pouco mais cedo do que o costume neste domingo. Geralmente acordo cedo nos fins de semana para acompanhar os jogos do Campeonato Inglês (não seria diferente nesse fim de semana, que teria o Derby de Manchester, entre City e United). Porém, aproveitei a ocasião para realizar meu compromisso com a democracia da forma mais tranquila possível.

Saí de casa mais ou menos às 8h05, para andar as quatro quadras que separavam a minha casa do Campus II da UFPel, enquanto notava o clima nublado, e os santinhos que estavam espalhados pelas ruas. Santinhos esses, que notava eu, normalmente eram de candidatos ao legislativo pelos partidos do apelidado “centrão”. Para não omitir nada, encontrei um santinho do Lula no caminho.

Ao chegar no Campus II, como eu previa, estava sem fila. Tentava notar se tinha alguém lá dentro cujo perfil desses indicativos claros de quem votaria, mas não cheguei a resultados conclusivos, até mesmo pela quantidade reduzida de cidadãos. O processo para votar é rápido e confiável, ainda mais ao ter que deixar o celular junto aos mesários antes de entrar na cabine (que aliás, confesso que quase o esqueci quando estava voltando para a casa).

Entre os trajetos de ida e volta, e o processo de votação em si, não demorei mais do que meia hora para sair e voltar para minha casa, onde cheguei com a esperança de que meu voto e o de milhares de outros brasileiros possam alterar os rumos do país.

(E ainda deu tempo de assistir o Derby, e ver Erling Håland desfilar seu talento em campo)

Sarah Oliveira

No dia do primeiro turno das eleições de 2022, acordei por volta das 10 horas da manhã e comecei a me preparar para ir até a minha zona eleitoral em Pelotas. O dilema de escolher qual roupa eu iria usar no dia 2 vem me acompanhando desde o início das campanhas eleitorais e conforme as notícias sobre a onda de violência política por todo o país foram aumentando. Foi impossível não sentir uma pontinha de medo ou receio em usar a cor vermelha – a cor que representa o meu candidato à presidência e ao seu partido – nesse dia tão importante, mas no fim das contas, acabei escolhendo usá-la de um jeito ou de outro. Ao finalmente decidir a minha roupa – uma calça jeans preta, meu par de botas vermelhas e a minha camiseta branca com detalhes em vermelho do Homem-Formiga, personagem da Marvel – minha família e eu nos dirigimos à nossa zona eleitoral de carro.

Situação do meu local de votação neste domingo. / Foto:Sarah Oliveira

Quando chegamos à zona, pude perceber que havia uma boa quantidade de carros estacionados nas ruas e também com bastante gente dentro do local. Conversamos com um dos funcionários para saber se havia fila preferencial para que a minha mãe pudesse ficar pouco tempo na fila devido ao seu problema de saúde. Com a resposta de que havia uma fila secundária, fomos até a seção que ela e meu pai votam, esperamos alguns minutos e ela realizou o seu voto. Depois de acompanhar minha mãe, entrei na fila da minha seção, que por sinal estava ocupando quase todo o corredor. Enquanto esperava a minha vez, pude ter uma visão melhor de como estava a situação no local: todas as salas estavam com filas consideravelmente grandes – havia apenas uma cujo número de pessoas era pequeno -, mas o que chamou a atenção foram os visuais: muitas pessoas usando roupas neutras, que não indicavam nenhum sinal de apoio silencioso á nenhum candidato, uma boa quantidade de gente utilizando adesivos, camisetas e acessórios de apoio ao candidato Lula (PT) e apenas um homem expressando o seu apoio, de forma explícita, ao candidato Jair Bolsonaro (PL) vestindo uma camiseta. Praticamente não havia verde e amarelo, apenas uns pontos de vermelho e de outras cores.

Nesse meio tempo, uma senhora idosa ficou atrás de mim na fila e conversamos por um breve momento. Ela comentou sobre o quanto as filas estavam grandes e de que ela estava ali pela segunda vez, pois quando ela chegou a primeira vez, um dos voluntários lhe havia dito que a sua seção era no Fórum, então ela foi até o local só para descobrir que sua zona era realmente no primeiro local que havia ido. “É muita vontade de votar!”, disse ela sorrindo em tom de brincadeira, mas depois completou dizendo que era melhor realizar seu voto do que não fazê-lo e ter problemas com a sua aposentadoria depois, fazendo referência às possíveis consequências que a ausência no dia da eleição pode trazer. Lhe sugeri que ela pedisse para algum dos voluntários que a colocasse para a filha preferencial, mas na nossa seção não havia essa opção – o que achei um tanto estranho. Depois de 40 minutos contados em pé esperando, finalmente pude entrar na sala para realizar o meu voto. Quando cheguei à mesa para assinar, ao ver a minha camiseta do personagem da Marvel, a mesária me perguntou: “Será que o Homem-Formiga vai morrer pro Kang?”, em referência ao próximo filme do herói que irá sair no ano que vem, respondi rindo “Não sei, hein”, assinei o livro, coloquei a minha digital e votei. Votei naqueles que eu acredito e sei quais são as ideias para liderar nosso país e tirá-lo da decadência que o atual governo o colocou.

Na fila da seção esperando a minha vez de votar./Foto: Sarah Oliveira

Ao sair da sala encontrei meu pai ainda na fila da sua seção e como já estava perto do meio dia resolvemos ir para casa almoçar e que ele iria retornar para votar durante à tarde. No caminho de volta para casa, assim como na ida, percebemos a quantidade de pessoas que estavam nas ruas demonstrando o seu apoio aos candidatos, tanto nas filas dos locais de votação, quanto das que estavam apenas seguindo o seu caminho. Passamos por um grupo de jovens apoiadores do ex-presidente Lula e meu pai buzinou para eles em sinal de apoio, que em resposta fizeram o sinal do “L”, que é um dos slogans e símbolos do candidato nessas eleições. 

Durante a tarde, esperei ansiosamente pelo momento de apuração dos votos daqui do país enquanto acompanhava pela internet os resultados das apurações feitas nos países onde disponibilizam às urnas para os brasileiros que vivem no estrangeiro e ficando feliz conforme boa parte dos resultados mostravam a vitória do meu candidato. Enquanto isso, conversei com Raquel Alba, 21 anos, sobre como foi exercer o seu direito de voto nessa eleição tão importante devido o cenário atual do nosso país. Apesar de ser a segunda eleição que participa, esta é a primeira vez que Raquel vota para escolher seu presidente e não esconde como se sentiu nesse momento: “Exercer meu direito de voto […] foi no mínimo emocionante”, diz ela. A jovem também fala que ver as pessoas ao seu redor e se identificar com elas vestindo a cor vermelha, mesmo que em acessórios, nesse momento e nessa decisão tão importante é gratificante”. Por fim, enquanto acompanha a apuração e os primeiros números oficiais, Alba dá o seu parecer sobre este momento tão histórico para o Brasil e os brasileiros: “Os últimos 4 anos foram deprimentes politicamente, então ter a urna a minha frente, aparecendo rostos em que eu confio que vai direcionar o Brasil a um caminho melhor, foi esperançoso.”

Meu dia começa a se encerrar cedo, esperando pelo churrasco que recém começou a assar, assistindo a apuração e torcendo para que tenhamos um novo presidente que verdadeiramente irá governar para todos os brasileiros e não só aqueles que lhe convém. 

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