Os olhos da justiça

por Graça Vignolo de Siqueira

Sinopse:

A vida dos investigadores do FBI Ray (Chiwetel Ejiofor), Jess (Julia Roberts) e da procuradora Claire (Nicole Kidman) é severamente abalada pelo assassinato da filha adolescente de Jess. Treze anos após o crime, Ray continua buscando pistas e finalmente parece ter encontrado um caminho para solucionar o caso. A verdade é chocante e os limites entre justiça e vingança tornam-se imperceptíveis.”

O segredo de seus olhos, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em  2010, chega seis anos depois, revisado por produção americana. No lugar de Ricardo Darín temos Chiwetel Ejiofor.

O remake é fiel ao enredo principal, mas deixa a desejar em alguns pontos. O filme argentino é intimista e o americano não consegue dar o mesmo ar de complexidade entre os personagens.

O elenco oscarizado, Chiwetel Ejiofor, Nicole Kidman e Julia Roberts, entretanto, prendem nossa atenção e, por essa razão, o filme tem minha simpatia.

Ray Kasten é um agente do FBI chamado para investigar um crime. Ele é acompanhado pelos colegas, Jess e Bumpy.  Ele só tem conhecimento de que foi encontrado um corpo em uma lixeira e ao chegar ao local descobre que a vítima é Carol, a filha de Jess.

A partir daí o que sustenta a trama é a obsessão de Ray em resolver o crime. Ele quer saber quem fez, os motivos e, mais do que isso, quer prender o assassino.

O filme passeia entre 13 anos. Ou seja, somos apresentados ao momento atual, mas ao mesmo tempo temos flashes do passado e de como tudo evoluiu. A vida de Ray é procurar por um rosto e por 13 anos ele dedica as horas de sua vida para descobrir por onde anda Marzin, o assassino.

Há um romance velado entre Ray e Claire, que começaram a carreira juntos e por quem Ray se sentiu atraído desde que a viu pela primeira vez. Mas não há química. Infelizmente Nicole mais parece uma boneca de porcelana e não corresponde ao olhar intenso de Chiwetel.

O que mais impressiona é que quem assistiu ao original ainda tem expectativas no remake. E se tanto um quanto o outro são filmes de atores, Chiwetel não decepciona representando o que Ricardo Darín fez tão bem.

Uma das mudanças na releitura é o gênero da personagem que perdeu o ente querido. Neste caso o que tem a favor de Os Olhos da Justiça  é a interpretação exemplar de Julia Roberts.

Ela entra no personagem da mãe destroçada pela perda da filha. E me perdoem os que não suportam  spoilers, a cena de Jess ao descobrir o corpo de sua filha é simplesmente perturbadora. Confesso que chorei.

Não entendo o motivo de o diretor Billy Ray optar por deixar a atriz sem maquiagem e tentar enfeá-la.  Talvez ele pensasse que sua beleza distrairia a atenção… De qualquer forma ela está perfeita. Com a medida certa da dor.

Os dois filmes são baseados no romance do escritor argentino Eduardo Sacheri, “La Pregunta de sus Ojos” e enquanto o original é ambientado na ditadura Argentina dos anos 70, o americano traz, mais uma vez, o ambiente paranoico do 11 de setembro.

A solução encontrada pelo diretor  para americanizar o filme é bem aceita e o espectador é preso pelo suspense. Não poderia ser melhor, tendo em vista a experiência de quem já foi responsável pelos roteiros de Jogos Vorazes e Capitão Phillips.

Embora o título O Segredo de seus olhos tenha muito mais a ver com a trama, Os olhos da justiça não decepciona, muito pelo contrário, pode ser sim, uma verdadeira aula de como readaptar uma história de sucesso.

Não perca a chance de assisti-lo no Cineflix Cinemas e conferir a crítica ou simplesmente compará-lo ao estupendo filme argentino.

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