O Butiazeiro no Rio Grande do Sul

Por Ariadne Siqueira

Integrada aos costumes gaúchos, está a cultura do butiá. Cultura essa, que cria expressões, dá nome a cidades e agrega renda aos produtores.

Butiá, Santa Vitória do Palmar, Palmares do Sul e Palmeira das Missões são cidades que fazem parte do cenário gaúcho. Mesmo que bem distantes, em comum em suas paisagens estão os butiazeiros, palmeiras, provedoras do butiá. Um fruto que tem diversas facetas, ora doce, ora ácido, ora amarelo, ora alaranjado, o butiá é uma alternativa para os produtores que podem aproveitar o fruto tanto para consumo in natura,  como no processamento de bebidas e alimentos. Suas folhas, bem como suas fibras, ainda são muito usadas no artesanato.

Foto: Embrapa Clima Temperado

Foto: Embrapa Clima Temperado

Na Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS, são estudadas cinco espécies desta planta. Dentro das espécies existem grandes variações, desde o formato da fruta nativa ao seu tamanho, cor e sabor.  Atualmente na Unidade de pesquisas, está sendo realizado o mapeamento de populações naturais de butiazais e as variações genéticas existentes. A pesquisadora da Embrapa, Rosa Lía Barbieri, explica que os butiazeiros demoram de cinco a dez anos para produzir os primeiros cachos, porém, vale o investimento, já que estes podem passar de 100 anos e continuar a produzir.

O butiá agrada ao produtor devido a seus vários usos. No Rio Grande do Sul, além da produção de doces, sucos, sorvetes e bolos, ainda é possível ver o butiá servindo de complemento para cachaça em bares do interior do Estado. Suas folhas e fibras, depois de secas, ainda podem servir para o artesanato. Bolsas, garrafas ornamentadas, caixas e até mesmo esculturas, podem ser construídas com partes “não comestíveis”da planta.

Além de agradar ao produtor, o butiá também agrada ao consumidor: o fruto é saboroso, rico em carotenóides, precursores da vitamina A, possui altíssimos níveis de potássio e ferro, além de grande quantidade de vitamina C.

O butiá, assim como a pitanga e o araçá, fazem parte da composição do cenário gaúcho. Essas e outras frutas nativas são apresentadas, em suas várias formas e usos, no VI Encontro sobre Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul, que se realiza desta terça-feira, 8, a quinta-feira, 10 de abril, na Embrapa Clima Temperado (Rodovia BR 392 Km78 – Pelotas/RS).

Foto: Embrapa Clima Temperado

Foto: Embrapa Clima Temperado

 

QuintaMartins

Há sete anos, Ubirajara Martins decidiu fazer de seu hobby um empreendimento. Transformou seu pequeno sítio de lazer na região da Cascatinha, em Pelotas/RS, em um local de produção de frutas nativas, que seriam, mais tarde, processadas e transformadas em sucos e doces. Filho de produtores rurais e formado em administração há mais de trinta anos, ele sempre acreditou que toda propriedade pode produzir, independente de seu tamanho.

Vindo de Rosário do Sul, cidade da Fronteira Oeste do Estado, Martins trabalhou na indústria de conservas por muitos anos até decidir se dedicar a seu hobby. Mesmo tendo uma empresa de comunicação empresarial, no momento, Ubirajara investe seu tempo somente na sua pequena agroindústria, nomeada de QuintaMartins. E garante: a receptividade de seu produto é excelente. Como os sucos e conservas são feitos sem conservantes e aromatizantes, Martins diz que sua aposta é em “qualidade de produtos”.

A agroindústria de processamento de frutas nativas nasceu em conjunto com a Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS. A ideia era explorar o potencial das frutas da região gaúcha de um jeito inovador, que não só despertasse a curiosidade de turistas, mas também dos próprios rio-grandenses.

Atualmente, Martins processa cerca mil quilos de butiá por ano, destinado somente a produção de néctares. Sua única reclamação quanto à fruta é a dificuldade em encontrá-la em grandes quantidades. A produção de butiá da região de Pelotas é feita em quintais, o que dificulta o processamento do produto. O QuintaMartins fornece produtos para vários restaurantes e docerias de Pelotas, para o Rio de Janeiro, Porto Alegre, além de postos e paradouros com grande fluxo de turistas.

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