O balançar de Zago
Por André Pereira
Longe de ser preferência entre os torcedores desde a sua apresentação como novo técnico do Internacional, Antônio Carlos Zago ainda não conseguiu respirar aliviado no comando do colorado.
Os primeiros meses de trabalho são marcados pela desconfiança, desde os primeiros jogos o comandante não consegue agradar à torcida. Já na apresentação algumas questões deixavam os torcedores aflitos, como a inexperiência em times grandes – apesar de ter treinado o Palmeiras em 2010 durante 3 meses – aliado a falta de resultados expressivos nos times que treinou. No currículo apenas um acesso da série C para a série B e a chegada às quartas de final da Copa do Brasil, ambos com o Juventude no ano passado. Para o desafio de pegar um clube fragilizado pelo descenso para a série B se imaginava um técnico mais cascudo, no mercado opções como Levir Culpi e Marcelo Oliveira.
Zago chegou a Porto Alegre e essa escolha de um técnico emergente em um ano atípico lembrou a contratação de Alexandre Gallo em 2007 – ano pós conquista do mundial – na época, Gallo sofreu com o relaxamento dos jogadores depois do maior título da história do clube e acabou demitido depois de não conseguir nem a classificação para a segunda fase do Gauchão.
Acusação
Zago quase seguiu os passos de Gallo, porém conseguiu passar para a próxima fase em uma discreta sétima colocação e chegou à final do campeonato. Há de se dizer que o time em nenhum momento mostrou um futebol convincente, no máximo um bom jogo contra o Cruzeiro de Porto Alegre nas quartas de finais. A classificação veio aos trancos e barrancos contra o Caxias – inclusive com o time Grená perdendo o pênalti que classificaria a equipe – e só conseguindo a classificação na disputa das penalidades máximas.
Na final contra o Novo Hamburgo, se viu, novamente, uma equipe que vive de lampejos. Dependendo de um toque genial de D’alessandro ou um chute de fora da área de Nico Lopes. Muito pouco para um time do tamanho do Internacional.
A perda do Hepta consecutivo do Gauchão deixou uma sensação de amargor e botou em xeque o trabalho de Zago. Pior ainda, o time terminou com um aproveitamento de 49% no campeonato, o pior aproveitamento desde o fatídico ano de 2007.
Isso tudo sem falar do extra-campo. Algo impossível, visto o histórico do personagem. No longínquo ano de 2006, o então zagueiro do Juventude Antônio Carlos Zago foi denunciado por um ato de racismo contra Jeôvanio, na época jogador do Grêmio. Não bastasse essa infeliz situação no currículo, Zago ainda se envolveu em uma confusão com o médico do Caxias, durante a semifinal, e protagonizou uma vergonhosa simulação de agressão que fez o treinador virar meme na internet.
Advogado do diabo
Zago pegou uma situação catastrófica. Jogadores com autoestima destruídos pelo inédito rebaixamento, contratações chegando durante a temporada e lesões de diversos jogadores, impedindo a repetição do time titular em mais de dois jogos seguidos. De positivo fica a classificação contra o Corinthians pela copa do Brasil, após dois empates por 1 a 1 tendo saído atrás no placar nos dois jogos e ter mostrado um bom futebol, a classificação veio nos pênaltis, na raça. Um passo importante para recuperar a moral do clube, dos jogadores e da própria torcida.
Encruzilhada
A vida de Zago no Internacional deve ser definida durante essa semana. Uma vitória sobre o Paysandu aliada a um confronto de igual para igual com o Palmeiras devem dar um certo conforto ao técnico. Caso perca para o Paysandu, fora de casa, o técnico deve fica na berlinda e depender de uma classificação muito difícil contra o Palmeiras – atual campeão Brasileiro e, indiscutivelmente, com o melhor elenco do país.
É o momento do gringo dar a resposta definitiva ou somente mais um técnico – o quarto diferente desde a saída de Diego Aguirre em 2015 – a naufragar nas tempestades que teimam em chegar no gigante da Beira-Rio nos últimos tempos.