Moradores de rua: como é a realidade em Pelotas?

Gráfico: Mariana Valente

Por Gisele Moraes

Pedaços de papelões, cobertores e panos molhados embaixo de marquises e sujeira são acumulados nos becos e no meio das praças. Quem passa pelos bairros e Centro de Pelotas, sabe que existem inúmeras pessoas em situação de rua, a maioria sem nenhum amparo, as quais hoje, estão sobrevivendo ao frio intenso da estação. Mesmo com todas as políticas existentes, essa população continua sendo invisível para sociedade, entretanto, há mecanismos de auxílio para estes que necessitam, com o intuito de amenizar a situação pela qual enfrentam diariamente.

A Organização Não Governamental (ONG) Associação Amigos do Caminho, localizada na rua Santa Tecla, número 654, visa atendê-los através de trabalhos voluntários. A AMICA, atende moradores de rua e pessoas carentes oferecendo comida e roupas, todos os alimentos são adquiridos através de doações da população, que podem serem entregues na sede da ONG. Além disso, o Albergue Noturno Pelotense Adolffo Fetter, localizado na rua Padre Felício, número 320, tem o propósito de oferecer abrigo aos moradores de rua, podendo ficar de três a sete dias, dependendo da situação de cada um. Como os outros exemplos citados, o Projeto Sopão de Rua, localizado na rua Padre Anchieta, número 2697, também recebe colaborações da população para que o sopão possa ser servido.

A equipe da Casa de Passagem e o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop), são algumas das unidades da Secretaria de Assistência Social (SAS) que realizam, semanalmente, rondas diurnas e noturnas pela cidade, com a intenção de ajudar os sem-teto e oferecer alimento e higiene básica; serviços oferecidos pela Prefeitura de Pelotas, de forma que possam garantir um futuro longe das ruas. As abordagens são realizadas pela equipe da Casa de Passagem, que é composta por quatro servidores nas rondas noturnas. Já nas diurnas, o grupo de trabalho é maior formado por dois assistentes sociais, um psicólogo e sete educadores sociais, que oferecem tratamento psicológico, atividades educativas, lazer, alimentação, higiene, além da rede de serviços do Município. Cabe salientar que, desde a criação do Centro Pop – em março de 2011 -, 432 pessoas já passaram por atendimento. O percentual de 2018 representa 38% do total de atendidos.

Apesar de todos os pontos positivos que foram citados, também devem ser ressaltados o preconceito que esse grupo populacional sofre. Historicamente, as ONGs são destaques nos atendimentos, cujo objetivo é amparar as pessoas que delas necessitam, mas geralmente são insuficientes e não atacam a causa do problema, apenas tentam suprir as necessidades básicas de sobrevivência, como também não estão baseadas em conhecimento acerca das demandas. Portanto, o descaso do Estado com essas pessoas, acaba refletindo no comportamento da sociedade, sendo que os moradores são tratados ora com compaixão, ora com preconceito, repressão e violência.

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