Mesmo irregular, temporada de 2017 acaba para o Brasil com a certeza da missão cumprida
No último dia 24 de novembro, o Brasil entrou em campo no estádio Bento Freitas para enfrentar o Criciúma, em jogo válido pela 38ª e última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B de 2017. A partida acabou com mais uma vitória do Xavante da Baixada (3×2), com direito a virada de placar diante dos catarinenses. Este jogo marcou também a despedida do Brasil na temporada de 2017, um ano em que o rubro-negro apresentou um futebol irregular, mas que apesar de tudo conseguiu o principal objetivo traçado pelos dirigentes do clube, qual seja, permanecer na Segunda Divisão do Brasileirão.
Gauchão pouco inspirado
O início do ano de 2017 foi bastante complicado para o Brasil. O começo da preparação para o Estadual foi tardio porque o rubro-negro jogou até o final de novembro no ano anterior. Além disso, o grupo de jogadores passou por uma grande reformulação, principalmente no meio de campo e no ataque. Ídolos foram embora, dentre eles, Felipe Garcia, Diogo Oliveira, Ramón, Marcos Paraná e Washington, que deixaram o time carente de lideranças técnicas e anímicas.
Para piorar a situação, os substitutos destes jogadores não engrenaram em nenhum momento da primeira parte do ano futebolístico rubro-negro. Assim, o torcedor Xavante dificilmente terá boas lembranças de Jean Silva, Lenílson, Rodrigo Silva ou Aloísio, que naufragaram durante as disputas do Campeonato Gaúcho e da Copa da Primeira Liga.
As más atuações dos amistosos continuaram durante o Gauchão, que classificava oito times entre 12 agremiações as quartas de final do certame. Por incrível que pareça, o Brasil ficou na décima posição na tabela de classificação, não conseguindo vaga na fase decisiva da competição e ficando apenas um ponto acima da Zona de Rebaixamento.
A fraca campanha foi “coroada” por duas míseras vitórias em 11 jogos. Na última rodada da 1ª fase, o Xavante perdeu para o já rebaixado Passo Fundo, e só não acompanhou o time do norte do Estado na ida para a Divisão de Acesso porque o Ypiranga não saiu do 0x0 contra o Caxias, no estádio Colosso da Lagoa, numa atuação perfeita do goleiro do clube Grená da Serra, Marcelo Pitol, que jogaria no segundo semestre na equipe do Brasil.
O outrora infalível técnico Rogério Zimmermann sofria as primeiras críticas, ainda mais fortes depois que afirmou que estava satisfeito com o desempenho do Brasil no Gauchão, na entrevista coletiva dada após a melancólica despedida contra o Passo Fundo.
Torneio amistoso, desclassificação bizarra
Neste ano de 2017 o Brasil também fez parte da Copa da Primeira Liga, campeonato que reuniu grandes clubes das regiões sul e sudeste do Brasil e o nordestino Ceará, e que pretende se tornar uma alternativa de competição rentável, organizada pelo e para os clubes participantes, sem a interferência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Por enquanto, esta Copa conseguiu apenas o status de torneio amistoso e segue quase anônima, até mesmo para os torcedores dos times que disputaram o torneio.
Para o Brasil, o campeonato durou três jogos, deixando como saldo uma vitória, um empate e uma derrota. Além disso, o rubro-negro foi desclassificado de uma forma no mínimo, estranha, pois no confronto direto contra o Fluminense, realizado na casa do adversário, o Brasil empatou em 1×1, mas acabou eliminado porque teve um jogador expulso durante o certame, enquanto os cariocas não tiveram atletas punidos com cartão vermelho. Nos outros critérios de desempate os times ficaram absolutamente igualados.
Na Série B do Brasileirão a permanência foi garantida após campanha de altos e baixos
A caminhada do Brasil no Campeonato Brasileiro da Série B de 2017 iniciou com uma torcida desconfiada da capacidade do time, que não conseguiu engrenar durante o Gauchão. Até mesmo o técnico Rogério Zimmermann era contestado, acusado de não dar um padrão de jogo ao elenco rubro-negro, limitado à ligação direta entre defesa e ataque e sem criatividade no meio campo.
A estreia diante do Guarani foi preocupante pela derrota, 2×0, e pela atuação apática da equipe. A preocupação só fez aumentar com os empates das rodadas seguintes, nos jogos contra o Londrina e o Goiás. A vitória veio apenas no quarto compromisso do campeonato, quando o Náutico (futuro rebaixado) foi batido no estádio Bento Freitas, 2×0.
As performances irregulares fizeram aumentar as contestações ao trabalho de Zimmermann. Pior que isso, quatro goleadas impiedosas deixaram a torcida rubro-negra atônita quanto ao futuro do time na competição. Sem combatividade, o Xavante foi derrotado pelo Luverdense (futuro rebaixado), pelo América-MG (futuro campeão), pelo Santa Cruz (outro rebaixado) e pelo Paraná (time que obteve o acesso à Série A). Todos os jogos foram perdidos por diferenças de três ou quatro gols.
A derrota diante do Paraná (4×1) marcou o fim da Era Zimmermann no Brasil, demitido após comandar o rubro-negro por cinco anos. As goleadas constantes, uma série de cinco derrotas em seis jogos e um time sem soluções táticas diferenciadas, foram os motivos da demissão do treinador.
A direção do Brasil agiu rápido e trouxe o ex-goleiro Clemer, que comandou com muito sucesso as categorias de base do Inter, mas que nos times profissionais pelos quais passou não tinha deixado grandes marcas. A torcida continuava desconfiada.
Mas Clemer mostrou o seu trabalho, modificando o estilo de jogo do Brasil. Os chutões foram praticamente abandonados em favor de um futebol de toques e valorização da posse de bola. Paciência passava a ser a palavra de ordem.
Contando com o bom meia atacante Rafinha, articulador e goleador, o veloz atacante Marcinho, o versátil meio campista Itaqui, a liderança de Leandro Leite, o recuperado ala direito Éder Sciola, que chegou no início do ano e quase não resistiu às primeiras atuações, com aproveitamento pífio e as atuações seguras do goleiro Marcelo Pitol, que desbancou o mito Eduardo Martini, o Brasil foi conquistando pontos, mantendo-se a uma distância relativamente segura da Zona de Rebaixamento.
O único momento de instabilidade rubro-negra sob o comando de Clemer aconteceu entre a 29ª e a 33ª rodada da competição, quando o Xavante colecionou três derrotas e dois empates. O rebaixamento passou a ser uma possibilidade assustadora.
Mas quando o abismo parecia próximo, o grupo de jogadores do Brasil uniu-se com a torcida e juntos garantiram a permanência do Xavante na Série B para o ano de 2018. A direção fez promoção de ingressos, atraindo uma grande quantidade de torcedores para os três últimos compromissos do rubro-negro em casa. Desta união resultaram três vitórias, que combinadas com o triunfo contra o Paysandu, na cidade de Belém (única vitória do Brasil como visitante no returno da Série B) fizeram com que o time da Baixada fechasse com chave de ouro tanto o Brasileirão da Série B quanto a temporada de 2017.
CAMPANHA DO BRASIL NO CAMPEONATO GAÚCHO DE 2017
11 jogos, 2 vitórias, 4 empates, 5 derrotas, 9 gols a favor, 11 gols contra
10ª colocação
CAMPANHA DO BRASIL NA COPA DA PRIMEIRA LIGA DE 2017
3 jogos, 1 vitória, 1 empate, 1 derrota, 4 gols a favor, 4 gols contra
3ª colocação do Grupo A
CAMPANHA DO BRASIL NO CAMPEONATO BRASILEIRO DA SÉRIE B DE 2017
38 jogos, 15 vitórias, 6 empates, 17 derrotas, 43 gols a favor, 50 gols contra
8ª colocação
NÚMEROS TOTAIS DA TEMPORADA 2017 (APENAS JOGOS OFICIAIS, SEM CONTAR AMISTOSOS)
52 jogos
18 vitórias
11 empates
23 derrotas
56 gols a favor
65 gols contra
PRINCIPAIS ARTILHEIROS
Rafinha – 9 gols
Lincom – 8 gols
Marcinho – 7 gols