Resenha de Kardec
Por Graça Vignolo de Siqueira
Sinopse:
“Essa é a jornada de Allan Kardec (Leonardo Medeiros), nascido Hypolite Léon Denizard Rivail, desde quando trabalhava como educador em Paris até iniciar seu processo de codificação do espiritismo ao lado de sua esposa Amélie-Gabrielle Boudet (Sandra Corveloni).”
É claro que os adeptos da doutrina espírita irão lotar as salas dos cinemas. É de se esperar. Mas Kardec pode interessar a qualquer um que goste de biografias. Sem esperar que em 1h50min seja possível contar tudo o que Kardec fez, o diretor Wagner de Assis traz ao público um filme sério, com excelente fotografia e uma primorosa reconstituição da Paris do século XIX.
Wagner já nos presenteou com os filmes Nosso Lar, A Menina Índigo e Que Geração É Essa?, entre outros, e continua entregando um bom trabalho dentro do cinema nacional, que, na maioria das vezes, costuma optar por comédias.
A história começa com Rivail dando aulas e sendo reconhecido como consagrado professor. Sempre inovando na maneira de ensinar, acaba batendo de frente com a igreja católica, que passa a tomar conta das disciplinas escolares. E claro que ele não aceita bem.
Nesse período é cético para as novas crenças que vêm surgindo na Europa, com a propagação das mesas que flutuam e respondem perguntas. Do teatro às propriedades privadas, as pessoas começam a querer se comunicar com espíritos.
É sua esposa, Amélie-Gabrielle Boudet quem lhe incentiva a participar de reuniões para descobrir a verdade. É ela também que lhe apoia nas próximas decisões, lhe dando todo o suporte necessário. O roteiro usa fatos reais, inclusive com falas reais, tornando a história mais verossímil ainda e isso ajuda ao público leigo entender melhor a codificação espírita.
Após conhecer as jovens médiuns Caroline Boudin, Julie Boudin e Ermance De La Jonchére Dufaux, Rivail adota o codinome de Alan Kardec e, com as jovens consegue respostas para suas centenas de perguntas. Daí para a edição do Livro dos Espíritos é rápido.
Nada será fácil para Kardec, mas com o auxílio de Amélie suportará a caça às bruxas que encontrará pelo caminho. E terá sua maior oposição na figura da igreja católica. O trabalho de Leonardo Medeiros e de Sandra Corveloni está perfeito. O filme vale a pena ser visto e só prova que nosso cinema sabe ser sério e competente, com um visual único.
Nota: 9,5