Festival Cabobu volta a pelotas neste fim de semana

O Festival Cabobu terá o início da sua 3ª edição nesta sexta-feira, dia 21 de abril. Conhecido também como Festival dos Tambores, contará com muita música, dança, arte, debates e oficinas que celebram a pluralidade da cultura negra gaúcha

Por Eduarda R. Saraiva / Em Pauta

A 3ª edição do Festival Cabobu preencherá a cidade de Pelotas por 3 dias, entre 21 e 23 de abril, celebrando a cultura negra gaúcha. O festival contará com 6 mesas-redondas, 5 oficinas e 18 shows com muita dança e música. Além disso, haverá também a Feira Preta Helena do Sul, nos 3 dias de festival.

Primeiras Edições do Cabobu já eram sucesso. – Foto: Divulgação

A história de Pelotas vai muito além de seus casarões, a cidade carrega o legado de ser uma das mais pretas do Sul do país. Por isso, desde sua primeira edição em 1999, o Festival que traz destaque ao tambor de sopapo, um instrumento tradicional afro gaúcho e patrimônio imaterial pelotense, ocorre aqui.

Tambores de Sopapo. – Foto: Divulgação

José Batista conta que o Sopapo remonta a 1780 e desempenhou um papel fundamental na promoção da cidadania dos negros em Pelotas. Ele explicou que o tambor foi responsável por permitir que o povo negro fundasse uma sociedade, e que hoje se tem o direito e a liberdade de expressar nossos pensamentos, desejos e conhecimentos graças a esse legado. Batista acredita que a festa dos tambores é uma oportunidade para desvendar a história da cidade e unir as pessoas.

Após 23 anos da última edição, o festival fará uma homenagem aos músicos Giba Giba e Mestre Baptista, além de lembrar da escritora pelotense Helena do Sul. Os filhos dos mestres Edu do Nascimento e José Batista, recebem a honra de serem coordenadores honorários e das atividades formativas do festival, respectivamente. Edu do Nascimento, filho de Giba Giba afirma que “tocar tambor é um ato de sobrevivência”.

Giba Giba no espetáculo “Trilhas do Prata”, no Theatro São Pedro, em 2007. – Foto: Marcos Nagelstein/Agencia RBS

As atividades do Festival Cabobu acontecem no Centro de Pelotas, tendo como pontos principais a Praça Coronel Pedro Osório, o Largo Edmar Fetter,  o pátio da Secult e a Biblioteca Pública. Confira a programação completa no instagram do festival.

Para aqueles que têm interesse em participar das oficinas no Espaço Mestre Baptista basta se inscrever para a fila de espera através do formulário e optar pela oficina que gostaria de participar, é possível preencher o formulário mais de uma vez caso tenha interesse. As oficinas acontecem no Pátio interno da Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas (SECULT), na Praça Coronel Pedro Osório, 2.

As mesas redondas do espaço Mestra Griô Sirley Amaro também estão com inscrições abertas, através do formulário. As atividades ocorrerão na Biblioteca Pública Pelotense, no número 103 da Praça Coronel Pedro Osório. É possível realizar mais de uma inscrição, caso o participante tenha interesse em mais de uma atividade.

O aquecimento para os três dias de festival acontece na quinta-feira, dia 20 de abril, às 20 horas, no Ponto de Encontro Mestre Caloca, no bar Copa Rio, bem em frente a Praça Coronel Pedro Osório. Pelotas recebe o Grupo Sopaparia, acompanhados pela Comparsa Tambor Tambora, de Porto Alegre. Com muito som, energia e convidados internacionais, o Grupo Tambores de Candombe do Uruguay do Jefe de Cuerda por Guillhermo Ceballos.

Mestre Griô Dilermando Freitas tocando o Sopapo. – Foto: Carlos Queiroz/Diário Popular

A origem

Giba Giba em 1999 alertou que a matriz cultural negra em Pelotas estava em extinção. E para manter viva a história do negro pelotense, na sua essência e na sua arte através Sopapo cria o Festival Cabobu, a festa dos tambores. O nome do evento que celebra o toque do tambor tem origem no nome de três grandes percussionistas da época: Cacaio, Boto e Bucha.

As oficinas gratuitas de ritmos percussivos e de conservação de tambores, lembram o trabalho do Mestre Baptista, o luthier que confeccionou 40 sopapos para o projeto na primeira edição do evento. Na época, os instrumentos foram distribuídos para instituições como forma de multiplicar, replicar o som do tambor, símbolo do povo preto da cidade. 

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