Feliz ano novo, feliz ano velho

Por Carol Pinho / Em Pauta

E se a sua vida mudasse completamente após um mergulho mal dado? Marcelo estava em uma vigem com os seus amigos da faculdade quando, de brincadeira, resolveu fazer um mergulho estilo “Tio Patinhas”, em um lago de profundidade desconhecida. Em questão de segundos após a colisão, o jovem de 20 anos viu a sua vida mudar completamente. O autor conta a sua história completa, de antes e depois do acidente, no Best-seller brasileiro “Feliz Ano Velho”.

O romance foi publicado em 1982 e desde então ganhou adaptação para o teatro e para a televisão, além de ter sido ganhador do Prêmio Jabuti. O livro é um relato da vida do autor que aos vinte anos ficou tetraplégico ao saltar em um lago que era mais raso do que imaginava. A narração é divida em três partes: os dias de Marcelo na UTI, os meses no hospital e a recuperação que seguiu em casa.

Ao longo do livro o autor relata como foram os seus dias na UTI, sempre de maneira leve, como se estivesse conversando com um amigo, Marcelo conta suas inseguranças e pensamentos. Ao mesmo tempo em que ele consegue trazer com emoção os dias de angústia que passou no hospital, o autor continuamente traz elementos do seu passado para contextualizar os pensamentos que ele compartilha com os leitores.

O livro prossegue com transferência de Marcelo da UTI para o hospital. Ele narra as seções de fisioterapia e os avanços em seu tratamento, ainda sem saber que nunca mais seria capaz de mexer as pernas e as mãos. Além de contar detalhes de seu cotidiano no hospital, dando apelidos aos médicos e enfermeiros, o autor relembra os seus momentos na faculdade, onde ele era ativamente envolvido no movimento estudantil e com a música. Além disso, Marcelo relembra memórias de seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva, que foi torturado e morto pela ditadura militar. Em algumas páginas do livro ele cita aprendizados e momentos que teve com seu pai, assim como relata os acontecimentos do dia em que o ex-deputado foi levado de sua casa.

Feliz Ano Velho é uma obra excepcional, que trata de um assunto extremamente triste e trágico, de maneira leve, engraçada e cativante. Marcelo consegue envolver o leitor de maneira a inseri-lo em suas histórias, em seu dia a dia no hospital, em sua infância e adolescência. É possível identificar-se com os momentos de tensão e angustia, mas também com suas histórias e brincadeiras de um jovem de vinte anos.

Marcelo Rubens Paiva na época do acidente era estudante de Engenharia Agrícola na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mas após sua recuperação formou-se em Rádio e TV pela Universidade de São Paulo e em teoria literária pela Unicamp. Além de Feliz Ano Velho escreveu diversos romances, como Blecaute, Ua brari, E Aí, Comeu?, entre tantos outros. Hoje Marcelo é colunista no jornal Estadão, falando sobre cultura, mundo e, principalmente, política. O seu último livro lançado foi “O homem ridículo”, em 2019, um livro de crônicas sobre as relações contemporâneas.

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