Em Pelotas, 95% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio estão abaixo do conhecimento adequado em matemática

Resultado do Sistema de Avaliação do Sistema Escolar de 2022 aponta déficit na aprendizagem, principalmente entre os últimos anos do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública do Município

Por Larissa Bruno / Em Pauta

Conforme dados divulgados pelo Governo do Estado na última quarta-feira (12), em parceria com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e com a União dos Dirigentes Municipais de Educação do Rio Grande do Sul (Undime/RS), 95% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio da Rede Pública de Pelotas estão abaixo do conhecimento adequado em Matemática. Já em Português, são 72% deles os que apresentam os piores resultados. Os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental também tiveram baixo desempenho com os números. Menos de 10% teve resultado adequado ou avançado em Matemática.

Os resultados são das provas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do RS (Saers), aplicadas para cerca de 12 mil alunos das escolas públicas do Município, entre os dias 17 e 27 de outubro de 2022. A iniciativa buscou fornecer evidências sobre a Educação Básica Gaúcha, através do cálculo do Índice Municipal da Qualidade da Educação do Rio Grande do Sul (Imers), a fim de qualificar o ensino e subsidiar a política de distribuição do ICMS a partir dos resultados educacionais.

Os dados divulgados evidenciaram que alunos com maior poder aquisitivo, de cor branca e parda, e do gênero feminino, alcançaram desempenho maior do que alunos com menor nível socioeconômico, pretos ou indígenas e do gênero masculino. Todas as séries apresentam tal característica, porém, no último ano do Ensino Médio ela é ainda maior.

Segundo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), é necessário dar oportunidades iguais para todos os alunos do Estado. “São jovens que precisam ser incentivados a buscarem a realização de seus sonhos. E nós somos instrumentos para que esta geração os realize”, afirmou.

Resultados da rede pública

Quadro das categorias de desempenho definidas pela Seduc. – Foto: Reprodução

Conforme os dados coletados, no 2º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa, menos da metade dos alunos avaliados alcançaram os níveis adequado e avançado. Foram 56% entre abaixo do básico e básico. Em Matemática, 48% dos alunos ficaram nos níveis adequado e avançado, contra 52% entre abaixo do básico e básico.

No 5º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa, foram 41% dos alunos entre os níveis adequado e avançado e quase 60% abaixo do exigido. Em Matemática, são 27% com desempenho adequado e avançado, enquanto 73% ficaram nos níveis abaixo do básico e básico.

No 9º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa, a grande parte dos alunos obteve desempenho abaixo do básico e básico – foram 70%. Já em Matemática, os índices são piores: menos de 10% alcançaram desempenho adequado e avançado.

Por fim, no 3º ano do Ensino Médio, foram 28% dos alunos avaliados com desempenho adequado em Língua Portuguesa, contra meros 5% em Matemática, no mesmo ano.

Confira os resultados por município

Conheça o Saers

Criado em 2005, inicialmente como uma avaliação-piloto de forma amostral, o teste de proficiência segue a matriz de referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para os componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática. A princípio,  a aplicação foi realizada com o 3º e o 6º anos do Ensino Fundamental e o 1º do Ensino Médio. Entre 2007 e 2011, a avaliação foi aplicada anualmente e, após um hiato, voltou a ocorrer novamente em 2016 e 2018.

Em 2022, em seu novo formato, o Saers foi realizado com o 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º do Ensino Médio das redes pública estadual e municipais do Estado. A metodologia aplicada seguiu aquela prevista no Decreto 55.6679/2022, tendo como principal objetivo subsidiar a construção e aprimoramento das políticas públicas educacionais em todo o território gaúcho. Com este objetivo, os alunos também responderam questionários contextuais acerca de sua realidade socioeconômica.

Para a elaboração das questões do Saers, bem como para a análise e divulgação dos resultados, foi utilizada a teoria estatística chamada de Teoria da Resposta ao Item, que não utiliza uma relação direta com a quantidade de acertos dos estudantes, mas atribui uma pontuação para cada questão, classificando-a numa escala numérica de 0 a 500, que define as habilidades ou competências já construídas pelo estudante. Os itens (questões) são classificados de acordo com grau de complexidade em fácil, médio e difícil.

A secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, ressaltou a importância de traduzir os resultados das avaliações para o bom andamento das políticas públicas na área. “A educação com base em evidências é uma ferramenta estratégica que deve ser apropriada por todos os representantes da comunidade escolar. Acredito que estamos vivendo um momento histórico e importante, executando, implementando e vivenciando uma integração da rede pública”, destacou.

O resultado do exame servirá para definir como o governo do Estado vai distribuir o dinheiro do ICMS entre as cidades. Dessa maneira, municípios com o melhor desempenho ficarão com um percentual maior, embora esse não seja o único critério. O nível social, raça e gênero também fazem parte da decisão. Esses aspectos permitem ao governo ver quais regiões apresentam mais estudantes em situação de vulnerabilidade social. O resultado detalhado sai em junho, com o valor destinado para cada município calculado pela Secretaria Estadual da Fazenda.

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