Ditadura dominante, democracia decrescente
72% do globo vive em países não democráticos
Por Yasmin Arroyo / Em Pauta
Os níveis globais de democracia tiveram a maior queda desde a década de 80. Os países comandados por ditaduras ultrapassaram a quantidade de países de democracia plena, pela primeira vez, desde 1995. Mesmo que o status quo seja visto como era democrática, a autocracia superou esse estereótipo e submeteu a liberdade aos assombros ditatoriais.
Embora a extensão e definição de democracia plena sofra equívocos na atualidade, seu número era de 44 em 2004 e hoje é de 32. Em paralelo, a quantidade de países submetidos à ditadura subiu de 22 para 33 no ano passado. Lucas Garcia Da Silva, doutorando em Ciência Política, revela que a liberdade está intrínseca à democracia e aponta razões para a realidade: “Um país democrático é aquele em que os indivíduos possuem amplo acesso a bens básicos e que abre a possibilidade para estes sujeitos articularem suas diferentes demandas, de forma livre, impactando na decisão dos representantes. Uma das razões que explicam o crescimento de países não democráticos é que cada vez mais há um distanciamento entre a classe política e a população, aliado a uma constante neoliberalização do sistema global que potencializa a desigualdade e a competitividade entre os indivíduos”.
Em um espectro democrático, determina-se França, Alemanha e os países nórdicos como exemplos de democracia plena na contraposição das ditaduras de Nicarágua, China e Coreia do Norte. No ventre dessa linha há inúmeros países consolidados como democracias falhas, onde aloca-se o Brasil, parecendo se distanciar das definições das extremidades enquanto, em meio à globalização, nada é tão pleno quanto parece.
A ideia de democracia é cada vez mais concretada como uma alternativa de liberdade plena e combate às desigualdades sociais, entretanto, do lado de quem abrange essa consideração, não é suprido as problemáticas dos países que não se enquadram. A estrutura econômica é um dos principais fatores à categorização de “potências democráticas”, porém ainda assim excluem dessa soma aqueles inseridos à pobreza. Assim como no Brasil, a França foi vítima de polarização política, além de apresentar uma média de 9 milhões de franceses vítimas da desigualdade. Mesmo que as proporções sejam, de fato, pontos importantes que separam os países no espectro, não há plenitude.
Em Against Democracy, o filósofo libertário e cientista político Jason Brennan, salienta a ignorância como um entrave gravíssimo do mundo moderno. A falta de conscientização política, o fraco senso crítico e o compartilhamento de informações falsas se unem a um combo forte para que a bolha da alienação eleja quem jamais enquadraria as principais vítimas do crescimento ditatorial do seu governo. Esse é um tipo de podre poder e, aos poucos, podres poderes estão retrocedendo as conquistas verdadeiramente democráticas.