De rosto colado com O Liberdade
Por Lucian Brum
O Restaurante Liberdade permanece de portas abertas. Não mais em endereço único, nem espaço físico. Ele agora é tradição. Todos que iam às sextas-feiras dançar em torno de suas mesas, ao som do cavaquinho e pandeiro, flauta e violão, manterão vivo na alma e na lembrança a alegria de sua música.
E o castelo do Simões Lopes recebeu essa lenda do sul. A noite do terceiro sábado de agosto foi de homenagem. A chapa de ferro com logotipo da Pepsi que promovia o Restaurante. Liberdade figurava no salão como um amuleto do tempo. Cenas em vídeo projetadas na parede mostravam o cavaquinista e compositor Avendano Júnior – o cara que foi o ás do chorinho pelotense. O conjunto que tocava carrega o seu nome.
A sonoridade mansa e cadenciada esfregava-se nas pessoas provocando sorrisos e harmonia. Após fazer algumas fotografias, decidi aumentar minha sensibilidade. Enquanto esperava na fila do bar, rascunhava palavras no bloco de notas. Quando cheguei ao balcão, tomei um talagaço de cachaça mineira e peguei uma Original de garrafa. Não sei por que isso acontece, mas depois de uns goles, ouvia a música com menos ruído, e o diafragma de meus olhos se adequaram à meia luz ambiente.
Não era difícil ver homens vestindo blazer e mulheres vestido longo. Um comportamento de maturidade agrupava antigos e novos romances. Namorados e ex-namoradas, amantes, e laços que precisam acertar o nó se encontravam em disposição de formar um par. Pois, desde o tempo da rua Deodoro, o chorinho proporciona união de mãos. É uma música para se dançar em casal.