Como o Tetris causou a queda da União Soviética

Obcecado em adquirir os direitos para distribuir Tetris, Henk Rogers viaja até a União Soviética e coloca-se em meio a uma guerra fria pelo licenciamento do que se tornaria um dos jogos mais vendidos da história

Por Felipe Boettge / Em Pauta

Pôster de Tetris / Reprodução: Divulgação/AppleTV+

Buscando vencer a cortina de ferro, Henk Rogers tem que travar uma batalha pelos direitos de Tetris e sua distribuição ao redor do mundo. É assim que, Tetris, filme lançado exclusivamente na AppleTV+, tenta contar a história por trás de um dos videogames de maior sucesso de todos os tempos.

Dentro de um cenário oitentista, que atinge algumas vezes sua narrativa de forma ideológica, o filme usa muitas referências dos jogos de 8-bits em seu visual. Contando dessa maneira, o embate entre Henk Rogers, Alexey Pajitnov, o criador do jogo, Robert Stein e Robert e Kevin Maxwell em uma negociação incessante em meio a mentiras e reviravoltas em busca de convencer o governo soviético sobre qual seria o melhor negócio a respeito dos direitos de Tetris.

Dessa forma, o filme decide misturar seu contexto biográfico a respeito da história de Henk e Alexey, com o contexto da época. Adicionando assim, uma enormidade de clichês sobre a União Soviética e o comunismo, lembrando em alguns momentos filmes feitos na década de 80 e todo exagero que aplicavam sobre os comunistas. Apesar disso, apresenta uma camada de política e espionagem que agregam a toda essa história em tensão, mesmo que acabe por crescer tanto que faça com que o Tetris fique quase em segundo plano. 

Henk Rogers (Taron Egerton) e Alexey Pajitnov (Nikita Efremov) / Reprodução: Divulgação/AppleTV+

Isso tudo se desenvolve a partir do momento em que o protagonista vai até a União Soviética, já próxima de seu fim, onde com a ajuda de uma tradutora, precisa conseguir uma reunião com a empresa estatal que detém os direitos do jogo. É a partir daí que o filme começa a apenas tocar em assuntos e os deixar sem um devido aprofundamento. 

Sendo assim, somos apresentados a um drama familiar, um thriller de espionagem, uma disputa empresarial, uma história sobre vídeo games e uma contextualização cheia de clichês sobre o que era a União Soviética. Onde um embate interno acontece, entre a corrupção e ganância com a defesa do estado comunista e sua soberania por aqueles que colocam ele acima de seus interesses pessoais. 

Henk (Taron Egerton) segurando uma cópia física de Tetris/ Reprodução: Divulgação/AppleTV+

O visual de 8 bits é exaustivamente explorado durante as transições de cenários, e muito bem colocado em momentos específicos de ação ou drama. Como é o caso de uma cena de perseguição de carro, lembrando um pouco o que foi feito em Pixels (2015), mas com o cuidado de não permitir que isso divergisse de tudo que vimos até o momento.

Dessa forma, mesmo sem conseguir aprofundar todos os temas que introduz, o ritmo da história e o equilíbrio entre os momentos tensos e engraçados permitem com que o saldo seja positivo. O que, apoiado em uma ótima trilha sonora, torna Tetris uma aventura tão caótica quanto divertida de se acompanhar.

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