CLC se posiciona contra o Future-se em assembleia

Projeto proposto pelo Governo Federal foi motivo de debate entre servidores e acadêmicos.

Por Ana Beatriz Garrafiel

Alunos do Centro de Letras e Comunicação da UFPEL em assembleia. Imagem: Divulgação/Facebook

Tensão e revolta. Esse era o clima que permeava os corredores do Campus Porto da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) na última quinta-feira (29). Ao anoitecer, professores, estudantes e servidores reuniram-se no saguão do primeiro andar para debater e tomar uma posição sobre o Future-se, projeto lançado pelo Ministério da Educação (MEC) que promete mais autonomia às universidades e institutos federais.  A assembleia foi organizada pelo Centro de Letras e Comunicação (CLC) e teve como resultado a deliberação de dois posicionamentos, ambos unânimes entre as três categorias presentes.

Apresentado em julho pelo MEC, o programa Future-se tem sido alvo de muitas críticas desde seu lançamento. Ele incentiva a captação de recursos privados pelas universidades públicas. A maioria das instituições se recusa a aderir ao projeto e o acusa de ineficaz, além de interferir na autonomia financeira das universidades e ser voltado aos interesses privados. “O Future-se é um ataque real, é um desmonte da universidade’’, declara a estudante de jornalismo Rafaela Martins, de 19 anos. “Nós da comunicação temos o dever de informar as pessoas, fazê-las verem o quanto esse projeto vai ser ruim para nós’’, disse ela.

Hullifas Nogueira, 1º Coordenador Geral do DCE UFPel, considera o projeto “um plano de privatização profunda das universidades”. Ele também ressalta a importância de se debruçar sobre o tópico referente às Organizações Sociais (OS), aquelas que hoje gerenciam patrimônios como museus e teatros. As OS’s são entidades de caráter privado e, no projeto, terão o papel de apoiar atividades como ensino, pesquisa, cultura, saúde, entre outras. Segundo o Future-se, as universidades que aderirem ao programa deverão aceitar a atuação dessas organizações, que conferirão se tais atividades estão relacionadas às finalidades do projeto.

Hullifas ainda comenta: “Outra coisa que a gente deve se atentar é que ele [o Future-se] diz que, se o capital investido da instituição privada não tiver rentabilidade, a universidade pode ser moeda de troca para salvar a dívida da empresa. A gente está falando de venda do patrimônio da União’’, afirma.

No final, ao som de gritos e palmas, o CLC decidiu, por unanimidade, posicionar-se contra a adesão ao projeto Future-se e pediu a manifestação do Consun em relação ao programa. Outra plenária, com o mesmo tema e organizada pelo DCE UFPel, acontecerá nesta segunda (2), às 13h, no Centro de Artes.

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