Cerveja à base de arroz é lançada em Pelotas

A cultivar de arroz BRS AG, lançada pela Embrapa, faz parte da composição da bebida 

Por Anahí Silveira e Letícia Pinto

Foi lançada em Pelotas (RS) a cultivar de arroz BRS AG (o arroz Gigante). Embora, a cultivar seja destinada ao uso de bioetanol e à alimentação animal, foi possível demonstrar novas possibilidades para o produto: a elaboração de cerveja à base de arroz. Durante a sessão de lançamento os apreciadores puderam degustar de 60 litros da bebida artesanal.

A criatividade partiu do técnico agrícola da Embrapa Alcides Severo, através de uma brincadeira. “O início foi um desafio entre estudantes. E comecei a me interessar pelo assunto, adquirir equipamentos e utensílios, fazer experiências em casa e presentear amigos com o produto. Mais tarde, o que parecia distante do campo das ideias, tornou-se uma realidade. Hoje me tornei um cervejeiro”, falou. A bebida produzida é a cerveja de estilo Cream Ale, uma cerveja clara, com aroma sutil, levemente frutada, com teor alcóolico de 4,4% e um amargo levemente acentuado. O produto foi totalmente aceito e consumido pelos congressistas, além de ter despertado curiosidade no público assíduo das cervejas artesanais.

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A bebida produzida é a cerveja de estilo Cream Ale, com teor alcóolico de 4,4% e um amargo levemente acentuado. (Foto: Divulgação)

Segundo Alcides, essa degustação foi feita com 40% de arroz em sua composição.  “A diferença na eficiência da conversão do amido, entre o arroz tipo agulhinha (longo fino) para a BRS AG (o arroz Gigante), resultou em quase mais de 10%”, informou. Isso se explica pelo fato da BRS AG possuir alto índice de amido.

A composição da cerveja artesanal elaborada pelo técnico leva três tipos de malte de cevada (60% da composição) e arroz BRS AG cru com casca (40% da composição). Ele explicou que a maioria das cervejas incluem em sua composição arroz e milho. “Principalmente nos Estados Unidos, a produção de cerveja possui uma composição com uma quantidade expressiva de milho”, disse. Essas culturas são muito usadas como adjuntos na composição de suas receitas porque barateiam o custo do produto. No Brasil, algumas marcas também se utilizam de arroz na sua composição. “O uso de adjunto pode reduzir até 1/5 do valor em relação ao uso do malte”, analisou. Mas a presença de adjuntos não influencia nas probabilidades de embriaguês. “Todas têm teor alcoólico”, pontuou.

Para se produzir uma cerveja é preciso passar por várias etapas: brassagem, fervura, resfriamento, fermentação e maturação. O processo de produção de um tipo de cerveja pode levar de 30 a 45 dias. Alcides Severo se dedica a produção artesanal há cinco anos e considera ter uma boa estrutura para a produção caseira. “Eu me envolvi tanto com esse negócio que fiz vários cursos, como também já ministrei alguns em Pelotas. Hoje sou cervejeiro, associado à Acerva Gaúcha e participo de concursos nacionais de cerveja”, contou entusiasmado. Em 2015, obteve o 6º lugar no Concurso Nacional de Acervas com o estilo Old Ale, dentro da categoria Strong Way, em Porto Alegre. Ele contou que um dos ingredientes para produzir a bebida é o lúpulo – uma planta trepadeira, perene, utilizada para dar amargor e também aroma a cerveja, além de ser um conservante natural e que auxilia na formação da espuma. No entanto, o ingrediente é importado, por isso, Severo planeja ainda neste ano iniciar um cultivo de lúpulo em caráter experimental em sua propriedade familiar.

Atualmente, ele produz 24 estilos de cerveja, com diversas características e rótulos próprios, mas os produtos não estão à venda. São produzidos para juntar os amigos e aprender o que a bebida tem de bom. Para isso, surgiu a Confraria do Malte, onde o grupo de amigos se reúne com frequência para comemorar a vida e saborear o que natureza oferece.

 

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