Banca 43

Por Roberto Giovanaz

Bahia, Amazonas, Santa Catarina, São Paulo, Pará, Maranhão, Goiás são alguns dos estados que já estiveram na Banca 43 do novo Mercado Público de Pelotas. A banca, aberta em julho de 2013, comercializa peças de três associações de artesãos do sul do estado: Redeiras, Ladrilã e Bichos do Mar de Dentro. Juntas, no espaço oferecem mais de 2 mil peças confeccionadas por aproximadamente 50 artesãos da região. Coletivamente abriram o primeiro negócio com a assistência do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Mercado Público de Pelotas (Foto: divulgação/http://www.pelotas.com.br/desenvolvimentoeconomico/mercado-publico/)

Mercado Público de Pelotas (Foto: divulgação/http://www.pelotas.com.br)

“A gente faz coisas daqui, então quando alguém leva uma bolsa, um jogo da velha com pássaros nativos, elas levam pra lá um pouco daqui, do que existe aqui”, resume José Carlos Neutzling, artesão e escolhido do dia para cuidar a banca. As três associações se revezam para abrir e fechar a loja, e, às vezes, por ali mesmo produzem o que depois será vendido na loja. “Na nossa banca as pessoas de fora da cidade que estão visitando encontram a identidade local da nossa cultura, da natureza da região”, explica Neutzling, da Associação Bichos do Mar de Dentro.

Eliane Aires Ferreira cortava uma rede que já fora usada na pesca do camarão. Moradora da Colônia de Pescadores Z-3, ela preparava com aquilo uma nova bolsa, mas também poderiam ser outras inúmeras coisas. “A gente aprendeu a reutilizar as redes com artesanato e hoje fazemos até remessas de produtos para outros países”, conta.

Redeiras – A Coleção Redeiras apresenta produtos feitos por várias mãos de um grupo de artesãs da Colônia de Pescadores Z-3, localizada no extremo sul do Brasil nas margens da Lagoa dos Patos. O grupo tem orientação do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae/RS), que executou o planejamento de cada etapa do projeto, desde a criação das peças até a administração de toda coleção.  A Redeiras traz em cada produto um pouco da vida dessas artesãs, já que num lugar com tamanha riqueza cultural e natural, estas mulheres da Colônia Z-3 retiram do material descartado pelos pescadores a sua matéria prima para construção de peças de artesanato e renda fora da pesca. O couro da corvina, tainha, cascuda e linguado, as redes de pesca, utilizadas em safras de camarão viram tecido para bolsas, chaveiros e detalhes ornamentais de lenços e carteiras, por exemplo, tecidas num rústico tear. Pelas mãos das artesãs, as escamas de peixe viram delicadas biojóias misturando escamas com prata.

Ladrilã – Outra coleção da banca 43 é a Ladrilã, também surge da região da Costa Doce, área que se estende de Guaíba ao Chuí ligando Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e Mangueira, separado do Oceano Atlântico por uma última e estreita faixa de terra no sul do Brasil divisa com o Uruguai. As peças têm como referência e inspiração os ladrilhos hidráulicos encontrados no patrimônio arquitetônico histórico da região sul e tem como matéria prima principal a lã natural da ovelha. Tosquiada do inicio do verão, ela volta a crescer para proteção e adaptação com as condições climáticas. A lã do Ladrilã também é decoração. A coleção Lã em Casa, por exemplo, busca inspiração nos elementos da natureza criando almofadas, tapetes, mantas para sofás, vasos, luminárias e souvenirs. Todos feitos de lã, as peças são criadas por artesãs de Jaguarão, Pedras Altas e Pelotas.

Bichos do Mar de Dentro – A coleção Bichos do Mar de Dentro apresenta uma série de peças sobre animais silvestres que vivem também nessa região denominada Costa Doce. Grande parte desta área está sob proteção ambiental, como a estação Ecológica do Taim, com uma área de 30 mil hectares, onde vivem ou transitam um sem número de espécies de animais e aves. Alguns dos animais selecionados para esta coleção são: capivara, cisne-de-pescoço-preto, garça-branca-grande, jacaré-de-papo-amarelo, quero-quero, borboleta-tropical azul, zorrilho, entre outros, todos conhecidos por moradores da região. São utilizadas técnicas de costura, bordado, crochê, tricô, pintura em tecido, modelagem em biscuit e apresentados em diversas formas como objetos de decoração, objetos de uso pessoal, jogos e brinquedos. A produção parte de diferentes municípios. Arroio Grande apresenta técnicas de bordado e costura, Camaquã técnicas de crochê e tricot, Pelotas técnicas de bordado, costura e pintura em tecido, Rio Grande técnicas de tapeçaria e São Lourenço do Sul técnicas de modelagem.

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