As pesquisas e o inverso do reflexo nos resultados finais

Por Juliana Santos

Treze de julho de 2014. O Brasil assiste eufórico ao último jogo de uma Copa do Mundo em suas terras. Dias após, a mídia já noticia os principais candidatos a representar os partidos nas eleições. PSB anuncia Eduardo Campos para a Presidência da República e Marina Silva como vice. O PSDB tentaria a eleição com Aécio Neves e a atual presidente do País tentaria a reeleição pelo PT. Em agosto, as primeiras pesquisas de intenção de voto já começaram a surgir. O Ibope divulgou Dilma com 38%, Aécio com 23%, e Campos em terceiro, com 9%.

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Foto: Reprodução (http://goo.gl/paQeWr)

Menos de uma semana após a pesquisa do Ibope, o candidato Eduardo Campos sofre o acidente fatal, que mudaria todo o cenário político atual. Sua vice, Marina Silva, assumiu o papel principal frente à chapa. O Instituto de Pesquisas Datafolha divulgou a primeira pesquisa após a morte de Eduardo: Dilma com 36%, Aécio com 20% e Marina com 21%. PSB agora tinha 12% a mais, que quando Campos era vivo.

O Brasil passou a analisar a morte de Eduardo e a trajetória de Marina. Passou, também, a criar em Marina a representação que a televisão mostrou sobre a trajetória de Eduardo (frente ao governo de Pernambuco). Marina cresceu e tornou-se a principal candidata para tirar Dilma do poder e preocupou o eleitorado de Aécio. No começo de setembro, Marina já aparecia com 34% das intenções de voto e conseguiu empatar com os 34% de Dilma; Aécio aparecia com 19%.

Após alguns debates televisivos (o último, na Rede Globo, parece ter sido decisivo), as ideias de Marina passaram a ser vistas como individuais e os eleitores que antes pareciam encantados com a espetacularização da morte de Eduardo se distanciaram da situação. A internet repercutiu a “ideologia evangélica” de Marina, após declarações sobre direitos LGBTs, onde a candidata mudou seu programa eleitoral menos de 24 horas após ser exibido na televisão. Frente ao novo cenário, dois dias antes da eleição, o Datafolha divulgou que Aécio recuperou seus eleitores e passou a marcar 26% contra 24% de Marina.

O dia da verdade

Pouco antes das 17h, horário que se encerrariam as votações, o Ibope divulgou sua pesquisa Boca de Urna, onde Dilma aparecia com 44%, Aécio 30% e Marina 22%. O resultado oficial final mostrou que a diferença entre Dilma e Aécio era ainda menor, com apenas 8% de diferença. Marina, que começou como reprodutora das boas qualidades de Eduardo saltando nas pesquisas, hoje não consegue nem oportunidade em um segundo turno, já que permaneceu com 21% dos votos.

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Foto: Logomarca Ibope

Na manhã seguinte à votação, confirma-se o já esperado: o partido de Marina apoiará o candidato Aécio na luta para tirar o PT da República. Resta saber se o eleitorado de Marina apoiará fielmente a escudeira do PSB ou se utilizará de mudanças instantâneas de opinião, como a candidata fez durante a campanha.

Eleições no estado confirmam que pesquisas não refletem o real cenário

Em agosto, o Instituto Datafolha constatou Ana Amélia Lemos (PP) com 39%, o atual governador do Estado do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) com 30% e José Ivo Sartori (PMDM) com 7%. Durante todo o mês pôs-se Ana Amélia muito distante da possibilidade de não conseguir vaga no segundo turno. De acordo com os institutos de enquete, a candidata do PP iria enfrentar o eleitorado de Tarso em um segundo turno acirrado.

Após o escândalo do cargo de CC que Ana Amélia recebeu do marido enquanto era jornalista na RBS TV vir à tona nas propagandas de Tarso e nos debates ao vivo, a candidata chegou a cair seis pontos, enquanto Tarso avançou quatro. Assim, segundo as pesquisas de intenção de voto, os dois chegaram a empatar com 31%.

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Foto: Reprodução (Veja)

Sartori começou com 7%, foi para 10% e empatou com Ana Amélia nos 29%. As Pesquisas Boca de Urna do Ibope no dia da eleição colocavam o candidato do PMDB com 29% dos votos, lutando com Amélia uma vaga no segundo turno, já que Tarso estava tranquilamente em primeiro lugar com 35%.

Às 19 horas, o Rio Grande do Sul se surpreendeu. José Ivo Sartori, o candidato que teve pouco recurso orçamentário mas um ótimo marketing, saltou à frente do preferido das pesquisas de opinião. Ana Amélia teve de lutar sim, mas com Tarso, e ainda acabou 11% atrás do candidato do PT.

Questionado sobre as pesquisas de intenção de voto, Sartori comentou que não duvida do trabalho científico que existe por trás das avaliações, mas lembra o que pediu nos debates da TV: “Eu disse para as pessoas pesquisarem o coração delas, porque essa pesquisa não tem margem de erro”.

A disputa pela única vaga a Senador do Rio Grande do Sul no Congresso Nacional também refletiu a imprecisão das pesquisas. O candidato Lasier Martins (PDT) aparecia, em agosto, com 29%, empatado tecnicamente com Olívio Dutra (PT), em 26%. A pesquisa Boca de Urna do Ibope mostrou que Olívio é quem estava à frente, com 37% dos votos, contra 31% de Lasier. Mas, no resultado oficial final, Lasier acabou ficando com 37% e Olívio 35%, com 482.146 eleitores de diferença.

Segundo Turno

As pesquisas para o segundo turno ainda não saíram, mas vimos que de nada vêm influenciando no voto do eleitor. Em nível nacional, o instituto Datafolha entrevistou 2 mil pessoas em cada levantamento, o que de forma alguma alcançaria o reflexo da realidade. As pesquisas Boca de Urna do Ibope ainda pareciam convencer mais, por se passarem nos dias das eleições e entrevistarem 5 mil pessoas; mas ainda assim, não acertaram nem para o Governo do Estado, nem para Senador. O segundo turno promete apoios de partidos que podem contar muito no resultado final à presidência da República e pesquisas acirradas entre os Governadores do Estado.

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