Aplicativo possibilita identificação e prevenção de acidentes com animais peçonhentos
Por: Yago Moreira
Sabia que a prevenção de acidentes com animais peçonhentos pode estar ao alcance das mãos, literalmente? Através de um aplicativo para celulares e tablets é possível identificar e prevenir a incidência de algumas espécies que apresentam grandes riscos à população.
Lançado em 2015 pelo Centro de Informação Toxicológica (CIT) em parceria com a Unidade de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o aplicativo Acidentes Tóxicos com Animais Peçonhentos já está ajudando milhares de pessoas na prevenção de incidentes com cobras, aranhas, escorpiões e lagartas.
O CIT é uma unidade pública de telemedicina especializada em fornecer informações de urgência e auxiliar profissionais de saúde no diagnóstico e tratamento das exposições tóxicas. O contato pode ser feito gratuitamente de qualquer local do estado pelo telefone 0800 721 3000.
O aplicativo dispõe de informações sobre os principais animais peçonhentos existentes no Estado. São dicas de cuidados básicos como não acumular sujeira nas propriedades, olhar dentro dos sapatos antes de calçar, usar botas para as atividades a campo e luvas quando manusear flores, folhas e gravetos.
O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros com maior registro de acidentes com animais peçonhentos. Segundo dados do CIT, nos últimos dez anos foram atendidos mais de sessenta mil casos. Portanto, os especialistas alertam que informação e prevenção são fundamentais para a redução desses índices.
Mesmo com a existência do aplicativo, muitas pessoas ainda não têm acesso a essas medidas preventivas, como é o caso da população rural. Por isso, a bióloga Cátia Moura, uma das idealizadoras do aplicativo, sinaliza que após um acidente “a pessoa não deve enfaixar, apertar ou sugar o local da picada; deve-se lavar com água e elevar a região afetada. Após essas medidas, o ideal é procurar atendimento médico. Nesse meio tempo pode ligar para o Centro, que os especialistas darão as primeiras orientações”.
Segundo a bióloga, de alguns anos pra cá, o Rio Grande do Sul começou a registrar acidentes com o escorpião amarelo, um animal que não era comum por aqui, mas atualmente é o escorpião que mais mata no Brasil. Eles possuem o corpo marrom, a calda e as patinhas amarelas. Só existem fêmeas, que não precisam de machos para se reproduzir e que se alimentam de insetos como as baratas.
Cátia ressalta que entre as serpentes que mais provocam acidentes estão as Jararacas e as Cruzeiras, animais que podem ser encontrados em praticamente todo o Estado. Também há incidência com a cobra Cascavel, porém esta é mais característica de locais altos como picos ou morros. E ainda tem a Coral verdadeira, que não é agressiva, mas é muito encontrada em perímetro urbano.
Dentre os aracnídeos, as aranhas também representam um grande risco à população. A picada da aranha marrom, muito encontrada nas casas, ao lado da cama ou atrás dos armários, pode causar dor intensa, vômito e até mesmo alteração da pressão arterial. Em casos que envolvem idosos ou crianças o acidente pode ser fatal.
Um dos acidentes mais graves está ligado às lagartas e às taturanas. Existem várias espécies na região Sul e o acidente se dá quando a pessoa entra em contato com as cerdas, causando dor intensa, ardência e vermelhidão. O cuidado maior deve ser com a taturana, que causa sintomas, porém vive em colônias, ou seja, são em torno de 300 a 400 animais juntos, que ficam disfarçados no caule das árvores aguardando o contato com algum desavisado, salienta Cátia.
Muitas vezes, atividades comuns do dia a dia, que parecem não oferecer risco algum, podem revelar grandes surpresas. Portanto, procurar a prevenção é uma das melhores alternativas. O aplicativo já ajudou milhares de pessoas. Somente no início deste ano foram mais de 3.900 downloads para celulares e tablets, e a perspectiva é que o número aumente cada vez mais, propiciando mais segurança para toda a população.