Alimentação orgânica proveniente da agricultura familiar no Restaurante Escola da UFPel
Por Marina Tomaz
No Brasil, há alguns anos vem sendo construídas políticas públicas que objetivam a criação de novos mercados que envolvam os agricultores familiares, quanto ao fornecimento de alimentos. Estas políticas buscam valorizar o que é produzido localmente, e dessa forma criam oportunidades de desenvolvimento regional. Acerca disso, a Universidade Federal de Pelotas passou a comprar alimentos orgânicos para os restaurantes universitários, oriundos da agricultura familiar local. Segundo a coordenadora do Restaurante Escola da UFPel, Moema Zambiazi, em 2010 a universidade teve contato com agricultores da região para aquisição de gêneros alimentícios, principalmente os hortifrútis. “Nós sempre visamos oferecer alimentos de qualidade sem agrotóxicos e aditivos que não possam causar danos à saúde dos usuários”, comentou Moema. Através do edital disponibilizado pela universidade anualmente a agricultura familiar continua tendo incentivo para que o agricultor permaneça no campo. “Fechar essa parceria foi também com objetivo de valorizar o trabalho dos envolvidos para continuar com o fornecimento de alimentos de qualidade semanalmente”, acrescentou a coordenadora do RE.
Conforme o Ministério da Agricultura, na agricultura orgânica não é permitido o uso de substâncias que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente. O Brasil, em função de possuir diferentes tipos de solo e clima, uma biodiversidade incrível aliada a uma grande diversidade cultural, é sem dúvida um dos países com maior potencial para o crescimento da produção orgânica. Os Restaurantes Escola da universidade oferecem cerca de 95% dos insumos são oriundos da agricultura familiar da região, sendo orgânicos 100% os grãos, 30% as hortaliças e grande parte dos lacticínios. Esta combinação proporciona à comunidade universitária uma alimentação saudável, livre de agrotóxicos e outras substâncias que podem prejudicar a saúde. O que também tem grandes reflexos sociais, pois fortalece os processos da agricultura familiar.
Para a preparação do cardápio semanal as nutricionistas três aspectos básicos que são levados em conta. São eles: o prazer proporcionado pela alimentação para os alunos; a praticidade, que pode ser aliada tanto ao desejo da refeição quanto à necessidade de alimentar-se; e, por último, a saúde, ligada a uma necessidade específica juntamente ao valor nutricional da refeição para o corpo e o bem estar. A nutricionista Daniele explicou como funciona o processo: “O cardápio já é pré-elaborado, e em cima dele que a gente faz as compras semanalmente, passa também pela sazonalidade, o que está na época para ser consumido”.
Para a grande parte dos frequentadores do RE, as refeições são de ótima qualidade e fazem toda diferença no dia a dia. A universitária Rafaela costuma ir diariamente desde que ingressou na faculdade, e falou sobre sua experiência. “Gosto muito da comida, me sinto satisfeita quando saio daqui.” Já outros casos como o da estudante carioca, Vitória, as refeições muitas vezes tornam-se repetitivas e pecam em alguns aspectos. “Venho todos os dias no RE, como eu não sou daqui e moro sozinha, então estou sempre vindo. É mais prático e pelo valor também compensa ao invés de ir ao supermercado. Gosto da comida, mas às vezes deixa a desejar, por não ter muitas opções”, finalizou a carioca.
O RE convive diariamente com o desafio de manter, a baixo custo, um atendimento de qualidade, devendo empenhar-se para prover uma refeição saudável que atenda às necessidades nutricionais dos usuários. Mas pode ser no Restaurante Escola, na mesa da sua casa, com acompanhamento nutricional ou não, os benefícios trazidos pela agricultura familiar a economia do país e a mesa dos brasileiros são inegáveis.