A princesa anda descalça
Por Marcelo Nascente
Ano que vem tem eleições municipais. Vai ter campanha na tevê e calçadas cheias de santinhos coloridos. Vai ter promessas e bate-boca entre velhos amigos. E vai ter engenheiro de obra pronta.
Pois já faz um tempo que Pelotas vive de milagres e trocando o nome do santo. Por exemplo, quando se fala em charqueadas: símbolo do período de ouro da cidade, quase nunca se conta a parte da mão-de-obra escrava… Assim como diversas obras de rodovias e restauros arquitetônicos, cuja origem dos recursos é convenientemente esquecida.
Mas deixemos isso pra lá. Façamos uma breve análise do momento: vivemos basicamente de comércio e turismo sazonal. Diga-se de passagem, mais por esforço das próprias instituições representativas do que propriamente pela administração municipal…
Nos últimos tempos, além dos professores, o transporte público tem sido uma espécie de calcanhar de Aquiles da prefeitura; um cabo-de-força entre sindicato e administração, e uma licitação que caiu na rede surreal do judiciário.
Por mais que estejam fazendo um esforço para emplacar o “tapete preto” de final de mandato em alguns trechos específicos da cidade, a prefeitura demonstra descaso com vias fundamentais, como por exemplo, as avenidas Duque de Caxias e São Francisco de Paula, buracos e ondulações absurdas predominam nestas regiões.
A violência aumenta na cidade. E, embora todos saibam que o governo estadual é o responsável pelo policiamento, a má qualidade da iluminação pública colabora para o aumento das estatísticas nas capas dos jornais.
Com as receitas do IPTU – outro problema enfrentado pela atual gestão – a cidade poderia estar com as ruas em melhores condições. Assim como novas receitas surgiram, como o estacionamento na Zona Azul e as infrações de trânsito (através dos agentes bem equipados da Prefeitura); e deveriam agregar qualidade aos setores onde estão sendo investidos.
Aos 45 do segundo tempo um asfalto aqui, uma demão de tinta ali, um semáforo novo acolá. A princesa mantém seu vestido de várias camadas, mas, está descalça…