A Águia voou pela última vez
Aos 96 anos, morre Rainha Elizabeth II, a monarca mais longeva do trono britânico
Por Marianna Bertoldi e Rafaela Stark
No filme “O Diário da Princesa 2”, estrelado por Anne Hathaway e Julie Andrews, no momento em que a rainha passa a coroa para sua neta, princesa Mia, é possível ouvir a seguinte frase: “a águia está voando pela última vez”, significando o último compromisso da rainha Clarisse enquanto monarca. É com este mesmo sentimento que o mundo se despediu da Rainha Elizabeth II, aos 96 anos, no dia 08 de setembro de 2022. A majestade, dona do Jubileu de Platina, possui o governo mais longevo de seu país, e o segundo do mundo, ficando atrás apenas do rei Luís XIV, da França.
Quem foi Elizabeth
Nascida na região de Mayfair, em Londres, no dia 21 de abril de 1926, Elizabeth Alexandra Mary viveu a ascensão do nazifascismo na Europa, foi voluntária como motorista e mecânica no Serviço Territorial Auxiliar. A britânica casou-se com Philip Mountbatten, o Duque de Edimburgo, com quem teve quatro filhos: Charles, o novo rei, Anne, Andrew e Edward.
A soberana viveu momentos cruciais da história, como o assassinato do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, em 1963, Guerra das Coreias e do Vietnã, a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, entre tantos outros movimentos revolucionários na história mundial.
Crises no reinado
O ano de 1992 foi um momento difícil para a rainha, quando sua residência predileta, o castelo de Windsor, no condado de Berkshire, Inglaterra, pegou fogo. O castelo é, até hoje, usado por monarcas desde o reinado de Henrique I e, em toda a Europa, é o castelo há mais tempo habitado. Centenas de pessoas vivem e trabalham no castelo de Windsor, que foi um dos locais onde a comunidade se reuniu para as comemorações do Platinum Jubilee. O historiador Hugh Roberts descreveu os Apartamentos do Estado do castelo como “uma sequência soberba e inigualável de quartos amplamente considerados como a expressão mais completa do posterior gosto jorgiano“.
Além deste episódio, apenas cinco anos mais tarde, em 1997, o “ponto mais crítico de seu reinado aconteceu”, como coloca o CanalMeio, em sua edição da manhã desta sexta-feira (09). A passagem se refere à morte da princesa Diana, “Lady Di”, em um acidente de carro com o namorado, Dodi Al-Fayed. “Para o povo, a família real reagiu com frieza, e foi necessária a interferência do premiê Tony Blair para que a rainha se manifestasse. Aos poucos, a popularidade foi sendo reconquistada, com o povo participando ativamente de jubileus e casamentos reais. A morte de Philip em 2021 foi seu último grande abalo”, destaca o jornal.
A questão Andrew
Não bastando todo o circo midiático vivido pela família nos últimos anos, com a saída do Príncipe Harry e sua esposa, a Duquesa de Sussex, Meghan Markle, da realeza, em meio a escândalos de racismo, o reinado ganha uma nova desonra. Em 2019, o terceiro filho da coroa, Príncipe Andrew, é posto como um dos pilares do caso de abuso e exploração sexual de menores do bilionário norte-americano Jeffrey Epstein.
A amizade entre os dois homens é datada de 20 anos, com diversos registros fotográficos e testemunhas. Ambos teriam se conhecido graças à socialite e namorada de Epstein, Ghislaine Maxwell, filha do magnata Robert Maxwell. Afastado da vida pública desde então, Andrew perdeu seus títulos reais e militares em janeiro deste ano, decisão aprovada por sua mãe, a rainha.
Elizabeth é uma figura que sempre será lembrada e remetida à liderança. E como uma boa líder, foi e continuará sendo muito amada e bem-vista pelo seu povo. As comemorações do Jubileu de Platina, de fevereiro a junho deste ano, reuniram milhares de pessoas de diferentes lugares da Grã-Bretanha para homenagear e celebrar seu reinado de 70 anos. Sua imagem é estimada com grande carinho por boa parte dos ingleses. Luiza Gibbon, de 19 anos, é riograndina e mora em Woking, cidade localizada a 50km de Londres. Ela conta que a morte da rainha impactou de forma significativa às pessoas, pois muitos a viam carinhosamente como uma “vovózinha”. “ É como se as pessoas tivessem perdido alguém muito próximo”, observou.
Líderes e chefes de estado de todos os cantos do mundo lamentaram a morte da monarca, dentre eles, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que ela “liderou sempre com graça, um compromisso inabalável com o dever e o poder incomparável de seu exemplo”. Já o presidente Jair Bolsonaro prestou homenagens à rainha, a chamando de “uma mulher extraordinária e singular”, o líder do executivo também declarou luto oficial de três dias.