A Águia voou pela última vez

Aos 96 anos, morre Rainha Elizabeth II, a monarca mais longeva do trono britânico

Por Marianna Bertoldi e Rafaela Stark 

No filme “O Diário da Princesa 2”, estrelado por Anne Hathaway e Julie Andrews, no momento em que a rainha passa a coroa para sua neta, princesa Mia, é possível ouvir a seguinte frase: “a águia está voando pela última vez”, significando o último compromisso da rainha Clarisse enquanto monarca. É com este mesmo sentimento que o mundo se despediu da Rainha Elizabeth II, aos 96 anos, no dia 08 de setembro de 2022. A majestade, dona do Jubileu de Platina, possui o governo mais longevo de seu país, e o segundo do mundo, ficando atrás apenas do rei Luís XIV, da França. 

Quem foi Elizabeth

Rainha Elizabeth II, em 2009 /Foto: Leon Neal/AFP/Arquivo

Nascida na região de Mayfair, em Londres, no dia 21 de abril de 1926, Elizabeth Alexandra Mary viveu a ascensão do nazifascismo na Europa, foi voluntária como motorista e mecânica no Serviço Territorial Auxiliar. A britânica casou-se com Philip Mountbatten, o Duque de Edimburgo, com quem teve quatro filhos: Charles, o novo rei, Anne, Andrew e Edward.

A soberana viveu momentos cruciais da história, como o assassinato do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, em 1963, Guerra das Coreias e do Vietnã, a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, entre tantos outros movimentos revolucionários na história mundial.

 

Rainha Elizabeth II e Príncipe Philip, dia da coroação, em 02 de junho de 1953 /Foto: Intercontinentale/AFP

 

Crises no reinado

O ano de 1992 foi um momento difícil para a rainha, quando sua residência predileta, o castelo de Windsor, no condado de Berkshire, Inglaterra, pegou fogo. O castelo é, até hoje, usado por monarcas desde o reinado de Henrique I e, em toda a Europa, é o castelo há mais tempo habitado. Centenas de pessoas vivem e trabalham no castelo de Windsor, que foi um dos locais onde a comunidade se reuniu para as comemorações do Platinum Jubilee. O historiador Hugh Roberts descreveu os Apartamentos do Estado do castelo como “uma sequência soberba e inigualável de quartos amplamente considerados como a expressão mais completa do posterior gosto jorgiano“.

Castelo de Windsor /Foto: Marianna Bertoldi

Além deste episódio, apenas cinco anos mais tarde, em 1997, o “ponto mais crítico de seu reinado aconteceu”, como coloca o CanalMeio, em sua edição da manhã desta sexta-feira (09). A passagem se refere à morte da princesa Diana, “Lady Di”, em um acidente de carro com o namorado, Dodi Al-Fayed. “Para o povo, a família real reagiu com frieza, e foi necessária a interferência do premiê Tony Blair para que a rainha se manifestasse. Aos poucos, a popularidade foi sendo reconquistada, com o povo participando ativamente de jubileus e casamentos reais. A morte de Philip em 2021 foi seu último grande abalo”, destaca o jornal. 

A questão Andrew

A questão Andrew /Foto: Chris Jackson/REUTERS

Não bastando todo o circo midiático vivido pela família nos últimos anos, com a saída do Príncipe Harry e sua esposa, a Duquesa de Sussex, Meghan Markle, da realeza, em meio a escândalos de racismo, o reinado ganha uma nova desonra. Em 2019, o terceiro filho da coroa, Príncipe Andrew, é posto como um dos pilares do caso de abuso e exploração sexual de menores do bilionário norte-americano Jeffrey Epstein. 

A amizade entre os dois homens é datada de 20 anos, com diversos registros fotográficos e testemunhas. Ambos teriam se conhecido graças à socialite e namorada de Epstein, Ghislaine Maxwell, filha do magnata Robert Maxwell. Afastado da vida pública desde então, Andrew perdeu seus títulos reais e militares em janeiro deste ano, decisão aprovada por sua mãe, a rainha.

Elizabeth é uma figura que sempre será lembrada e remetida à liderança. E como uma boa líder, foi e continuará sendo muito amada e bem-vista pelo seu povo. As comemorações do Jubileu de Platina, de fevereiro a junho deste ano, reuniram milhares de pessoas de diferentes lugares da Grã-Bretanha para homenagear e celebrar seu reinado de 70 anos. Sua imagem é estimada com grande carinho por boa parte dos ingleses. Luiza Gibbon, de 19 anos, é riograndina e mora em Woking, cidade localizada a 50km de Londres. Ela conta que a morte da rainha impactou de forma significativa às pessoas, pois muitos a viam carinhosamente como uma “vovózinha”. “ É como se as pessoas tivessem perdido alguém muito próximo”, observou.  

Líderes e chefes de estado de todos os cantos do mundo lamentaram a morte da monarca, dentre eles, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que ela “liderou sempre com graça, um compromisso inabalável com o dever e o poder incomparável de seu exemplo”. Já o presidente Jair Bolsonaro prestou homenagens à rainha, a chamando de “uma mulher extraordinária e singular”, o líder do executivo também declarou luto oficial de três dias. 

Comentários

comments

Você pode gostar...