Dois curtas sobre negritude pelotense na sexta

Com entrada franca serão apresentados dois filmes curta-metragem de Everton Maciel no Cine UFPel

Sexta-feira, dia 14 de outubro, às 16h, e com entrada grátis, o Cine UFPel realiza a exibição de dois filmes curta-metragem do diretor Everton Maciel: ”Fica Ahi Pra Ir Dizendo: 100 anos de Bloco na rua” e “Etnografia da Performance e Agenciamento de uma Charanga: estudos etnomusicológicos sobre a Garra Xavante”. A promoção é uma parceria com o projeto “Som, racialidade e território: perspectivas afrodiaspóricas”. O Cine está localizado na Rua Álvaro Chaves, esquina com a Rua Lobo da Costa (No prédio da Agência da Lagoa Mirim, com entrada pela Álvaro Chaves).

“Fica Ahi Pra Ir Dizendo: 100 anos de Bloco na rua” é um documentário que conta um pouco da história do Clube Negro Pelotas. Este filme apresenta as memórias dos sócios, que falam da Pelotas negra e das formas de resistência desde o princípio da fundação da cidade.

“Etnografia da Performance e Agenciamento de uma Charanga: estudos etnomusicológicos sobre a Garra Xavante” surge a partir da dissertação de Everton realizada no curso de Mestrado em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O filme mostra a performance e o saber musical dos integrantes da Garra Xavante, charanga que toca nos jogos de futebol do Grêmio Esportivo Brasil. Este clube esportivo tem como característica uma parcela significativa de torcedores negros e de baixa renda da cidade. O documentário destaca o espaço da educação não formal, mostrando as identidades de quem faz essa música e a relação da charanga com esta Pelotas negra.

Após a exibição, haverá um debate com o diretor Everton Maciel, acompanhado de Daniel Amaro, Rogério Amaro, Tereza Joaquina, Maria Helena Silveira e Celestina Isabel Pinto. A mediação será realizada por Paulo Sevidanes.

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“I Saw the Devil” não é para qualquer um

Filme coloca em questão violência que perpassa uma série de produções cinematográficas     

Por Marco Gavião    

“Ang-ma-reul bo-at-da (악마를 보았다)”, ou em inglês, “I Saw the Devil”, é um filme que particularmente causa divisões. Numa discussão gerada em torno da produção em um grupo de amigos, as opiniões vão desde a avaliação como ótimo ao terrível. A obra, dirigida por Jee-woon Kim, e lançada na Coreia do Sul em 2010, conta a história de Soo-hyun (interpretado por Byung-hun Lee), agente secreto do Serviço de Inteligência Nacional da Coreia do Sul (NIS), que após ter sua noiva assassinada por Kyung-chul (interpretado por Min-sik Choi), um assassino serial, decide partir em uma jornada de vingança.

O fascínio das audiências pela violência no cinema não é algo incomum, começando pelas versões estilizadas, como nas obras de Quentin Tarantino (“Pulp Fiction” e “Bastardos Inglórios”). E segue em uma alternativa mais crua e expositiva, como a que foi popularizada no âmbito do terror pelo subgênero “torture porn”, de filmes como “Jogos Mortais” (James Wan, 2004) e “O Albergue” (Eli Roth, 2004). Geralmente, junto da violência, vem a justificativa para aplicá-la através da simpatia pelo personagem que a provoca. Mesmo com as suas atitudes, o personagem principal não se torna o vilão. E a vingança é o melhor subterfúgio para tal estilo de filme, pois mostra um protagonista inicialmente bondoso e pacífico, partindo numa espiral de violência com o objetivo de fazer justiça com as próprias mãos perante aqueles que fizeram mal a seus entes queridos. Este estilo de narrativa ganhou popularidade tanto nos Estados Unidos, destacando a franquia “Desejo de Matar”, protagonizada por Charles Bronson; quanto em outros países, como a Coreia do Sul.

A Coreia do Sul já tinha uma história anterior com o gênero. Nos anos 2000, no momento que o cinema local ganhou grande notoriedade para o público ocidental, teve algumas das obras que lideraram o movimento em filmes focados na temática da retaliação, como a “Trilogia da Vingança”, de Chan-wook Park (“Mr. Vingança”, “Oldboy” e “Lady Vingança”). E, na mesma toada, ou como um comentário sobre tal temática, foi lançado “I Saw the Devil”.

                Soo-hyun (interpretado por Byung-hun Lee) parte para jornada de vingança depois da morte de sua noiva            Foto: Divulgação

Tendo o entendimento deste contexto, é possível compreender melhor questões que podem ser consideradas falhas do filme, como o tom repetitivo, a violência gráfica, e questões referentes à suspensão de descrença (por exemplo, um personagem a certa altura sofre um sério ferimento, e, ao longo da obra, isso deixa de ser uma questão). O filme é um comentário acerca do gênero na Coreia do Sul, ou, até mesmo, uma sátira. Pode-se enxergar tais questões como propositais, e parte do objetivo a ser alcançado pelo diretor Jee-woon Kim.

Não há contexto prévio, porém, que seja capaz de justificar a maneira como o filme trata suas personagens femininas, e a maneira pela qual a violência física e psicológica lhes é perpetuada ao longo da obra. Beira o fetichismo, e parece não exercer nenhum significado dentro da obra além de causar choque no espectador. Questões semelhantes puderam ser vistas no recentemente lançado “Blonde” (Andrew Dominik, 2022), em que o sofrimento e a exploração do corpo de Marilyn Monroe são expostos da forma mais degradante possível pelo diretor.

O filme tem qualidades, que passam majoritariamente no aspecto técnico. A fotografia sabe muito bem explorar a beleza de alguns de seus cenários, a montagem consegue driblar bem a longa duração do filme, oferecendo um ritmo satisfatório para a perseguição que sustenta o filme, e os efeitos práticos dão verossimilhança à violência mostrada na tela.

Como o título dessa resenha anuncia, não é um filme para todo mundo. Mas não se pode de deixar de comentar a obra, justamente porque outros olhares podem oferecer outras perspectivas acerca do que o filme apresenta. Há possivelmente outras qualidades que talvez possam ser enxergadas.

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Cine UFPel tem duas sessões na sexta-feira

Pela manhã, será apresentado filme de diretores indígenas e à tarde produção nacional selecionada para o Oscar, ambos com entrada franca

Nesta sexta-feira, dia 7 de outubro, às 10h, ocorre no Cine UFPel a sessão comentada do filme “GUATÁ: nomeando rios, nomeando a terra”. À tarde, às 16h, acontece a estreia do longa brasileiro “Marte Um”. Este longa, dirigido por Gabriel Martins, é o filme selecionado para representar o Brasil no Oscar de 2023 na categoria de Melhor Filme Internacional. Já recebeu prêmios no Festival de Gramado e no Festival Sundance 2022. O Cine UFPel fica na Rua Álvaro Chaves quase esquina com a Lobo da Costa, em Pelotas, e a entrada é gratuita.

O documentário de média-metragem “GUATÁ: nomeando rios, nomeando a terra” acompanha os percursos de seus diretores indígenas: Jorge Morinico (Anhetenguá / RS) e Epifanio Chamorro (Arandu / Misiones). O filme surge a partir da experiência do guatá ancestral Mbyá-Guarani, e com isso trata de seu deslocar no mundo criado pelas suas divindades, Nhanderú Heté e Nhandexy. A atividade faz parte da programação do SPMAV, evento organizado pelo Mestrado em Artes Visuais.

O documentário foi criado e produzido em meio a pandemia de Covid-19, e busca acompanhar e mostrar uma das principais qualidades da cultura Mbya-Guarani, o seu caminhar ancestral, que em sua língua denomina de Guatá.

Após a exibição do filme, que dura 55 minutos, haverá um debate com os diretores da obra: Jorge Morinico e Epifanio Chamorro.

Estreia de longa brasileiro

O filme longa brasileiro “Marte Um”, que será apresentado às 16h, é um dos principais lançamentos do cinema brasileiro neste ano. Conta a história de uma família negra de classe média baixa, os Martins, que seguem a vida entre seus compromissos do dia a dia e seus desejos e expectativas. Vivem sob a tensão de um governo conservador que acaba de assumir o poder no País. Em meio a esse cotidiano, Tércia cuida da casa enquanto passa por crises de angústia, Wellington quer ver o filho virar jogador de futebol profissional, Eunice tem um novo amor e o pequeno Deivinho sonha em colonizar Marte.

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Do humor na web, nasce um comunicador

Depois da polêmica brincadeira no lockdown Lyon Dias vai da internet para as ondas do rádio  

Por Tatiane Meggiato  

O humorista Lyon Dias criou, como uma simples brincadeira, a famosa página “Pelotas da Depressão”, que alegrava o Facebook desde 2013 e passou também para o Instagram. Há três anos, ele decidiu mostrar seu rosto e fazer da página sua profissão. Depois de uma polêmica que o fez perder sua página no Instagram, ele também está nas ondas do rádio.

“Pelotas da Depressão” foi criada com a proposta de levar diversão e entretenimento com doses diárias de humor e sarcasmo nas redes sociais. Lyon conta que, apesar do que pensam, não é uma tarefa fácil ir atrás de ideias e criar os conteúdos, dar atenção e responder aos internautas, além das edições. Tudo isso ocupa em torno de 16 horas do seu dia, mas no final é gratificante.  

Depois de todo o sucesso e alcance dos memes, a página “Pelotas da Depressão” se tornou uma empresa com CNPJ, contando com uma equipe comercial, um setor jurídico e um designer. Lyon conta que está orgulhoso, pois o que começou como uma brincadeira, além de ser seu trabalho, gera empregos hoje.  

A polêmica nacional do lockdown

Uma proposta feita por Lyon em agosto de 2020, gerou um vídeo que rapidamente viralizou na internet. Lyon fez um post no Instagram, convidando outros moradores a tocar a sirene do filme “Uma noite de crime” às 20h. E muita gente entrou na brincadeira. Nisso, um morador da cidade escutou e divulgou como se fosse uma ordem da Prefeitura. Em pouco tempo, o vídeo já havia sido espalhado pelo país inteiro, sendo replicado até por deputados federais. A polêmica fez com que o humorista perdesse até sua conta no Instagram.

“Eu não achei que uma brincadeira tomaria aquela proporção. Na hora que vi que estavam culpando a Prefeitura, no mesmo momento, resolvi assumir a culpa de tudo. Até mesmo para que as pessoas vissem que nem tudo que está na internet é verdade e, para mim, foi um aprendizado que ficou na história, pois, com certeza, eu não repetiria a brincadeira”, lembra Lyon.

Desde o ano passado Lyon Dias apresenta o humorístico “Dezcontrolados”

Da web para as ondas do rádio

Não contente apenas com a internet, surgiu a oportunidade de Lyon levar um programa de humor ao ar na emissora de rádio Dez FM 91.9, em junho de 2021. O comunicador conta que sempre gostou muito da área do rádio, inclusive, quando pequeno, brincava de ter um programa. Não pensou duas vezes e, assim, surgiu o “Dezcontrolados”, que passa de segunda a sexta-feira, das 12h às 13h, com sua equipe formada por Lyon, Aline Miranda e Lara Lago.

O programa na rádio também teve um retorno tão positivo que, em junho deste ano, foi apresentado direto da Feira Nacional do Doce (Fenadoce). E, no mês de julho, recebeu o cantor nacional Vitor Kley para uma entrevista.

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Museu do Doce celebra patrimônio imaterial

Trabalho e vida social de Pelotas são marcados pela tradição doceira que é resgatada todos os dias pela instituição     

Por Isabella Barcellos     

        Museu foi criado em parceria do Instituto de Ciências Humanas com Bacharelado em Museologia da UFPel em 2011            Fotos: Divulgação

 

Em meio à agitação cotidiana, entre as idas e vindas nos centros urbanos, é fácil esquecer-se do cenário marcado pela história. A Praça Coronel Pedro Osório, ponto central de Pelotas, é cercada por casarões históricos herdados do século XIX. E um deles é o ponto central de várias reportagens que o site Arte no Sul publicará a partir de agora sobre as tradições doceiras de Pelotas. O Museu do Doce é sediado no casarão número 8, a “Casa do Conselheiro”, construída para servir de lar para a família de Francisco Antunes Maciel, e, hoje, restaurada, serve de abrigo para um acervo rico da história pelotense. Na Rua Félix da Cunha, ao redor da praça principal e ocupando uma das esquinas, encontram-se as instalações do Museu do Doce.

O Museu foi criado no ano de 2011, em parceria com o Instituto de Ciências Humanas e o Bacharelado em Museologia, ambos parte da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Seu acervo é composto por uma série de objetos que têm origem nas tradições doceiras de Pelotas e a região da antiga Pelotas, que estava integrada a outras cidades hoje emancipadas, ou seja, Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo e Turuçu. A instituição reúne peças que se relacionam direta ou indiretamente com essas tradições.

Arquitetura e decoração do prédio restaurado remete à época do início da tradição doceira

 

Todas os itens expostos pela instituição surgiram a partir de doações realizadas pela comunidade. Tendo em conta vários anos de registros, movimentações culturais, estudos de historiografia e conscientização, o local surgiu com a proposta de registrar a história das tradições doceiras de uma maneira interdisciplinar.

Outrora nascidos na elite, os saberes da tradição doceira transpassam a classe, a raça ou a escolaridade de quem as possui. Se a sede do Museu, a “Casa do Conselheiro”, por si mesma, consegue evocar as crenças e o senso estético da elite gaúcha no século XIX, as exposições apresentadas pela curadoria do museu enaltecem as transformações vividas pela cidade, população, economia e pelos próprios doces ao longo das décadas. E essa missão não é cumprida apenas através de atividades presenciais na sede da instituição. Os interessados em conhecer mais sobre o local podem visitar o site oficial e fazer um passeio virtual no espaço ou, até mesmo, fazer um login na conta do Museu do Doce no Instagram. O museu propriamente pode ser visitado na Praça Coronel Pedro Osório, Casarão 8 – Centro de Pelotas, de terça-feira a sábado, das 13h às 18h. Atualmente, não está aberto à visitação nos feriados e domingos.

Objetos remetem ao cotidiano econômico e social da região de Pelotas

O princípio da tradição

Não se pode falar da história do doce em Pelotas sem mencionar o ciclo do charque no extremo sul das terras gaúchas. Charque é o nome que se dá à carne bovina desidratada e salgada e sua produção foi responsável pelo desenvolvimento econômico da antiga Pelotas (que atualmente também contempla as cidades de Arroio do Padre, Morro Redondo, Turuçu e Capão do Leão). O núcleo charqueador surge a partir da combinação de privilégio geográfico (proximidade com a Lagoa dos Patos), cabeças de gado adquiridas a partir da colonização espanhola e a numerosa mão de obra escrava.

A migração de José Pinto Martins do Rio Grande do Norte para as margens do Arroio Pelotas, em 1780, foi a chave para o surgimento do primeiro núcleo saladeril local. A partir de intensa exploração dos recursos agropecuários e da mão de obra tanto escravizada quanto assalariada, a economia do charque passou a enriquecer famílias e deu-se início a uma nova elite. Décadas depois, em 1808, a chegada da família real portuguesa no Brasil iniciou as movimentações de imigrantes europeus por todo o território nacional, e, por consequência, também no sul do País.

Objetos estão relacionados ao dia a dia da fabricação de doces ao longo do tempo

Entre a planície e a Serra do Tapes, pode-se dizer que as tradições doceiras tiveram seu pontapé inicial. Os pilares desse patrimônio surgiram a partir da presença portuguesa e a vinda de famílias de imigrantes com diversas origens, que se utilizaram da horticultura e da fruticultura de suas propriedades para criar as primeiras receitas catalogadas por diversos pesquisadores. Era inicialmente algo requintado, para ser consumido em ocasiões especiais junto de uma mesa decorada com louças caras e pessoas reunidas.

Há muitas influências inter-relacionadas ao longo da história, desde os doces mais finos de mesa (mais urbanos, portugueses com provável trabalho de mão escrava) até os doces coloniais (mais rurais e fortemente influenciados pelos imigrantes franceses, alemães e outras possíveis influências culturais).

Com a decadência iminente do ciclo do charque, as atenções passaram a se voltar para a industrialização local e os doces em conserva tomam espaço enquanto protagonistas. Em seu texto “O Doce na Rua”, o professor Mário Osório Magalhães discorre sobre o assunto: “[Com] a superação dos saladeiros, no início do século, incrementou-se a industrialização, em nossa zona colonial, das frutas de clima temperado; utilizou-se então o pêssego (a fruta mais produzida) não só ao natural: também na forma de doce, de geleia, de conserva, de passa — sem dificuldades, pois já havia aqui, domesticamente, uma tradição doceira”.

A pesquisa contínua e a participação da comunidade levam à melhoria constante do acervo

A partir da modernização, os doces passam a ocupar cada vez mais o dia a dia das pessoas. As receitas passadas de geração para geração começaram a servir como ferramenta de empoderamento financeiro para mulheres e suas famílias. Vender doces era uma das poucas tarefas que podia ser guiada junto aos afazeres domésticos, graças à falta de acesso ao mercado de trabalho. Ingredientes como amêndoas, nozes, açúcar e ameixas eram garantidos nos conhecidos armazéns de secos e molhados enquanto as frutas eram encomendadas da colônia. Com o passar dos anos, a classe média local começou a exigir a presença de doces finos no cardápio de batizados, aniversários, casamentos e outros eventos diversos.

O que celebramos hoje

O maior símbolo de persistência da tradição doceira em Pelotas durante 23 anos consecutivos é a realização da Feira Nacional do Doce. Foi inicialmente organizada pela Prefeitura em 1986. As primeiras edições eram realizadas a cada dois anos, sem uma sede fixa. Atualmente, a organização e gestão do evento anual é liderada pela Câmara de Dirigentes Lojistas da cidade e, além de exaltar as tradições doceiras, tem como objetivo fortalecer o comércio local. A feira reúne comerciantes do setor têxtil, imobiliárias, livreiros, setores da agricultura familiar e artesãos.

Tradição doceira envolve série de objetos que vão desde  fabricação até consumo 

Segundo estudiosos do Curso Tecnólogo Superior em Hotelaria da UFPel, no artigo “A importância do evento Fenadoce para a cidade de Pelotas RS e a percepção dos visitantes sobre 20ª edição”, a sua realização é de suma importância para a economia local e possui grande aprovação de público: “Portanto, considerando o expressivo potencial desse evento, a partir de referenciais e pesquisa com os visitantes, acredita-se que a feira constitui-se em um instrumento de grande relevância para o turismo na cidade de Pelotas. Contudo, a cada edição da Fenadoce, deve-se apresentar novidades em doces e entretenimentos, além de adequações de acessibilidade e de estrutura, conforme o crescimento do público visitante e, por fim, que se finalizem as reformas antes das datas previstas de início de cada evento.”

Acervo está organizado de forma a dar visibilidade para várias etapas históricas

 

Museu do doce: Memórias, Sal e Açúcar

As iniciativas promovidas pela comunidade e pelo corpo de profissionais de pesquisa e educação demonstram cada vez mais a importância da cultura doceira. Contribuem para que a sua valorização como patrimônio imaterial seja cada vez mais do conhecimento de todos os pelotenses e de todo o Brasil.

Citando novamente as palavras de Mário Osório Magalhães: “Açúcar e sal não são, portanto, necessariamente excludentes: pelo contrário, foram complementares para o florescimento desta cidade gaúcha que desabrochou no século XIX. Uma cidade tão única, tão orgulhosa de si mesma a ponto de se autodenominar, ressaltando os conceitos de opulência e cultura, ‘Princesa do Sul’ e ‘Atenas Rio-Grandense’.”

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Tardezinha do Samba no bairro Navegantes foi repleta de atrações

Evento reuniu diversos artistas locais com música popular e diversão em Pelotas  

 Por Alexsandro Santos   

Oitava edição do evento ocorreu na tarde de domingo com samba e pagode      Fotos: Alexsandro Santos

 

Alegria, descontração e muito samba no pé. Assim foi marcada a Tardezinha do Samba – 8ª Edição, um evento comunitário que promove rodas de samba no bairro Navegantes, na cidade de Pelotas. Organizado pelo Grupo Tardezinha do Samba, composto por moradores do local, a iniciativa reuniu um público diverso na tarde do domingo, dia 18 de setembro, inclusive moradores de outras regiões da cidade.

Edição mais recente aconteceu no dia 18 de setembro

O evento trouxe artistas já conhecidos na cidade, como Sarah Monteiro, Vinni Fernandes, Emerson Nunes, Everton Júnior, George Lucas, entre outros artistas locais. Segundo os organizadores do evento, promover esta atividade não é algo fácil, porém se torna gratificante ao receber a aceitação e contar com a participação da comunidade. “Essa já é a oitava edição do Tardezinha do Samba e a gente teve o apoio de muita galera conhecida aqui no bairro. Ver toda essa gente reunida é como se a comunidade nos abraçasse. Aqui é o nosso chão!”, disse Luciano Oliveira, membro da organização do evento.

Vinni Fernandes foi um dos artistas participantes              Foto: Divulgação

Para a estudante Isadora Cardozo, as Rodas de Samba contribuem para a integração da comunidade e promovem a cultura e os artistas locais: “Eu conheci o pagode num domingo. Eu estava passando na rua e vi uma multidão. Fui ver e era um pagode da comunidade. Comecei a frequentar as edições, porque eles são do povo, fazem pagode para o povo, dançam e adoram quando vem bastante gente. Para mim, eles fazem o melhor show para a comunidade!”

Ainda sobre a iniciativa, a jovem conta o que a fez querer frequentar o projeto e divulgar em suas redes sociais sempre que possível: “Me chamou bastante a atenção o jeito que eles tratam as pessoas, a humildade que existe no coração deles, o carinho com a gente. Existe muito respeito entre o grupo do pagode e as pessoas. Não tem brigas, é algo para as pessoas aproveitarem e se divertirem até mesmo com a família. Pretendo vir mais vezes, adoro pagode e eles tratam todos com muita educação. Eles chamam as pessoas para dançar e sabem como fazer a nossa comunidade feliz”.

Evento conta com a presença dos moradores do bairro

Para acompanhar o trabalho feito pelo grupo Tardezinha do Samba, basta seguir o evento no Instagram. Lá eles compartilham fotos e vídeos das suas programações.

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Pesquisa revela detalhes de São Lourenço em quatro volumes

Livros de médico lourenciano são essenciais para conhecer a história do município  

Julya Bartz Boemeke Schmechel   

Quem já visitou o município de São Lourenço do Sul pôde explorar uma natureza exuberante, com praias de água doce belíssimas e agradáveis para crianças, adultos e idosos. 

Além das belezas já conhecidas, o município carrega uma rica história cultural, que mergulha nas origens alemãs e pomeranas. Quem ainda não teve a oportunidade de conhecer São Lourenço do Sul pessoalmente ou tem interesse em aprofundar-se em suas origens, pode viajar através dos livros de Edilberto Luiz Hammes, intitulados “Radiografia de um município – Das origens ao ano 2000”.

Natural de São Lourenço do Sul, Edilberto Luiz Hammes nasceu em 19 de agosto de 1942 e formou-se em Medicina pela Universidade Católica de Pelotas, em 1969. Edilberto tornou-se pioneiro na Radiologia no município, aposentando-se após trabalhar 50 anos como médico em São Lourenço, sendo reconhecido por importantes feitos.

      Além da dedicação à Medicina, Edilberto Hammes deixa sua marca com vários  livros publicados       Foto: Arquivo pessoal

“São Lourenço do Sul: Radiografia de um município – Das origens ao ano 2000” é uma obra completa, dividida em quatro volumes, em que as novas gerações de lourencianos podem consultar as origens do município e conhecer a história de seus antepassados. Além das diversas informações, os livros também apresentam documentos e fotos inéditas.  A obra está organizada da seguinte forma:

Volume 1:  Trata de generalidades sobre São Lourenço do Sul e sua inserção no estado gaúcho e no País; as etnias formadoras do povo lourenciano; transformações do mapa político através da história; história política e administrativa; São Lourenço e a colonização alemã.

Volume 2: A fundação da colônia de São Lourenço e seu fundador Jacob Rheingantz; religião (a presença da igreja em São Lourenço); o ensino no município; a saúde; mapas antigos e atuais.

Volume 3: Arte e cultura; economia lourenciana; órgãos públicos e entidades privadas; ruas antigas e atuais: seus patronos. Os bairros; imprensa, radiodifusão e televisão; luz, água, comunicações e transportes.

Volume 4: Esportes, clubes sociais e de serviço; diversas histórias e fatos; São Lourenço do Sul no ano 2000; bibliografia consultada e entrevistas.

             A obra está organizada dando destaque aos  aspectos culturais, históricos, econômicos, educacionais e sociais     Foto: Divulgação/Coordenadoria de Cultura de São Lourenço do Sul

 

Além desta coletânea, Edilberto publicou outros livros de grande importância, como o “Dicionário de Sobrenomes de origem alemã de São Lourenço do Sul e das colônias adjacentes”, de 2014.

Em 2021, Edilberto, juntamente com outros dois lourencianos, foi homenageado pelo projeto “Visibilizando Invisíveis”, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em parceria com o artista Gui Gerundo. O projeto teve como objetivo elaborar produtos artísticos e dar visibilidade a pessoas que se destacaram por suas práticas sociais e educativas.

Através do projeto, foi inaugurado um painel na Praça Central Dedê Serpa, com o retrato dos três homenageados: Edilberto Hammes, Ana Centeno e Sergiomar Crespo Schild.

Para enriquecer suas obras e entregar um material detalhado, Hammes dedicou-se para a realização de  pesquisas e entrevistas. Proporciona ao município de São Lourenço do Sul referências com informações fundamentais para que a história da cidade não se perca ou caia em esquecimento. Afinal, resgatar as raízes de um povo é fundamental para mantê-lo “vivo”.

Mural de Gui Gerundo faz homenagem com retratos de  Edilberto Hammes, Ana Centeno e Sergiomar Crespo Schild Foto: Prefeitura de São Lourenço do Sul

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1ª ConGeek reúne artistas, cosplayers e fãs do mundo nerd

Evento em Pelotas contou com apresentações musicais e de dança, campeonato de cosplay e estandes com produtos relacionados ao mundo geek     

Por Ana Beatriz Garrafiel    

Durante toda a tarde do domingo, dia 18 de setembro, os fãs do mundo geek se reuniram no espaço Casa Nostra Pinball, na região do Porto, para prestigiar a primeira edição da 1ª ConGeek Pelotas, evento dedicado à cultura e a artistas geeks da região.

Depois de dois anos de adiamento por conta da pandemia, a feira aconteceu e foi um sucesso. O local, que tem capacidade para 1000 pessoas, estava lotado de fãs e artistas locais prestigiando as diversas atrações presentes. 

O mundo geek

Quando se fala em cultura geek, muitos remetem a jogos online, animes ou filmes de super-heróis. Mas vai muito além disso: os geek se interessam pelas mais diversas áreas do entretenimento, como games, livros, filmes, música e pela cultura pop em geral. Eles gostam tanto que procuram saber tudo sobre esse mundo, tornando-se quase especialistas no assunto. Muitas vezes, pessoas com esse interesse em comum reúnem-se e formam grupos destinados a compartilhar experiências e discutir tópicos relacionados a essa cultura.

O surgimento da ConGeek

E foi desse modo que surgiu a 1ª ConGeek Pelotas. Tudo começou em 2013, no município de Pedro Osório. Um grupo de amigos possuía em comum o interesse pelo mundo nerd e criou um projeto sobre animes e mangás. ‘’Percebemos que não havia nenhum tipo de evento na região que abraçasse esse público, então resolvemos organizar uma feira, que se denominou Otaku Osório. Esse evento repetiu-se por quatro anos, e, em cada edição, o público crescia mais’’, relata Lucas Fernandes, um dos organizadores da ConGeek.

Com o apoio da prefeitura de Pedro Osório, que sedia os locais para os eventos, a Otaku Osório foi crescendo cada vez mais e acabou por se tornar o início da ConGeek. ‘’A ConGeek surgiu no início de 2020 […] mas por conta da pandemia fomos adiando. Continuamos fazendo um trabalho através da página do Instagram, que já estava juntando um público. Aí decidimos fazer em Pelotas para ter um público maior. Procuramos patrocínio com algumas empresas e parcerias com algumas lojas que tivessem relação com o tema. Foi esse o apoio que alcançamos’’, comenta Lucas.

Participantes do concurso de cosplay reunidos                  Foto: Arquivo pessoal

Os estandes com as lojas foi uma forma de juntar mais atrações para o evento e, ao mesmo tempo, dar suporte para o comércio local. Marla Moreira de Barros, uma das lojistas presentes na feira, ressalta a importância de um encontro que foque nesse tipo de cultura na cidade. ‘’Aqui em Pelotas, esse é o primeiro evento que está acontecendo para o pessoal que gosta de anime, e é muito importante para o público presenciar isso, poder se expressar, caracterizar-se, vender e ter acesso às coisas do meio’’, comenta a lojista.

De olho no futuro, os organizadores pretendem ampliar ainda mais o evento, procurando novas parcerias e atrações. ‘’Achamos que tem um potencial cultural, econômico e turístico muito forte. Pelotas é uma cidade que tem uma população jovem muito grande – que é boa parte do nosso público. Pensamos nas próximas edições em fazer alguma parceria com as escolas, para levar as turmas. É um tipo de evento que movimenta muito dinheiro também’’, finaliza Lucas.

No Instagram, acompanhe as atualizações das próximas edições da ConGeekA lojista Marla Moreira de Barros também está no Instagram.

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Álbum “Figurinhas do Rio Grande” tem segunda tiragem

Prefeitura lançou projeto em escolas municipais e sucesso levou à nova impressão vendida para o público em geral    

Por Guilherme Rajão  

O projeto “Figurinhas do Rio Grande” lançou a ideia de um álbum de fotografias com imagens da cidade. Foi primeiro direcionado aos estudantes das escolas municipais. A boa receptividade que teve levou a uma continuidade da publicação, voltada agora para um público mais abrangente.

Com objetivo de oportunizar que a população tenha acesso e adquira o álbum “Figurinhas do Rio Grande”, a Prefeitura do Rio Grande através de suas secretarias da Cultura, Esporte e Lazer e Desenvolvimento, Inovação e Turismo realizou uma nova tiragem. O material está à venda no valor de R$49,90 nas livrarias Vanguarda, Rio Grande e Pelotas, na Souvenir do Rio Grande, localizada no Mercado Municipal e na Banca do Canalete. A livraria Albuquerque do Praça Shopping e a Revistaria do Cassino também estão comercializando o álbum.

Brincadeira de completar álbum une-se a melhor conhecimento sobre cidade Fotos: Divulgação

Figurinhas valorizam município

O material consiste em um álbum com figurinhas composto por fotos de prédios, lugares e pessoas que marcaram a história e a trajetória do Rio Grande e visa resgatar a história e o amor pela cidade berço do Rio Grande do Sul.

“Em um primeiro momento, o projeto foi realizado para as crianças das escolas municipais. Com o sucesso e a grande procura pelo material, as secretarias da Cultura e do Turismo realizaram uma nova tiragem, com verbas próprias. Esta nova edição está à venda para a população em geral desde o dia 12 de setembro”, explica o secretário Luis Henrique Abreu Drevnovicz. Ele ainda frisa: “Toda a renda líquida será revertida ao projeto Lumina Mundo da Associação Pró-Cultura Teatro Municipal do Rio Grande”.

O Projeto Lumina Mundo é uma realização da Associação Pró-Cultura Teatro Municipal do Rio Grande através de um furgão que percorre as ruas do Rio Grande entregando livros gratuitamente à população. Assim, essa verba será revertida para a compra de livros atualizados e lançamentos de literatura para este projeto.

Turma de estudantes foi ao centro comercial  para o lançamento do projeto

 

Alunos recebem o álbum em aula aberta no Praça Shopping

Promover o ensino através do conhecimento do patrimônio da cidade é um dos objetivos do álbum de figurinhas do Rio Grande. Lançado no mês de agosto, os exemplares estão sendo entregues aos alunos do terceiro ano das escolas da rede municipal.

Em uma das escolas, a entrega dos exemplares contou com a presença do prefeito Fábio Branco, e foi realizada de uma maneira diferente, durante uma aula aberta. A iniciativa foi da Escola Rui Poester Peixoto, do bairro São Miguel, que realizou a atividade com 48 alunos nos corredores do Praça Rio Grande Shopping, em uma parceria com o centro comercial.

De acordo com a diretora da escola, Elizabete Laurino, a atividade valoriza a história e os lugares de Rio Grande. “Assim pretendemos despertar nos estudantes a valorização da cidade e a preservação dos bens públicos e naturais do município”.

Lançamento

O lançamento oficial do álbum foi realizado na livraria Vanguarda, no Centro da cidade, no dia 15 de setembro. Um segundo lançamento aconteceu na livraria Albuquerque, localizada na Praça Rio Grande, dia 21 de setembro. Contou com a presença do prefeito e do secretário da Cultura e do Turismo.

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“Elize Matsunaga: Era uma vez um crime”

Série apresenta detalhes de um acontecimento controverso e difícil de esquecer      

por Julya Bartz Boemeke Schmechel       

Em 2012, um dos maiores empresários brasileiros, Marcos Matsunaga, foi brutalmente assassinado por sua então esposa, Elize Matsunaga. O crime, ao ter seu desdobramento revelado, chocou o país. O herdeiro da empresa Yoki foi morto e esquartejado por Elize, no apartamento do casal.

Nove anos após o crime, a Netflix lançou, no ano passado, a minissérie de caráter documental “Elize Matsunaga: Era uma vez um crime”. Relembra o crime através de declarações da própria Elize, assim como a apresentação de imagens inéditas e detalhes sobre a vida da família antes da morte de Marcos.

Imagem registra Marcos e Elize em um dos seus “hobbies” favoritos: a caça    Fotos: Divulgação

A minissérie, dividida em quatro episódios, mostra Elize Matsunaga de uma maneira nunca vista antes, mas que já era imaginada por muitos: como uma assassina fria e sem sentimento de culpa.

Ao longo dos episódios é possível observar calma e tranquilidade em todas as falas de Elize. Ela relembra o crime com detalhes, além de expor traições por parte de Marcos e como o mesmo tornou-se abusivo ao longo do casamento. A minissérie apresenta falas dos advogados, afirmando que o crime foi uma maneira de Elize se defender dos abusos e agressões sofridas. 

O momento em que Elize realmente se emociona é ao citar sua filha, fruto do casamento com Marcos. A menina, que atualmente tem 10 anos, é criada pela família paterna e chama seus avós de pais, por não ter lembranças de Marcos e Elize. A família de Marcos recusou-se a participar da série, já que Elize afirma que aceitou participar para contar a sua própria versão do crime para a filha.

Série conta a vida de Eliza e como ela chegou ao ponto de cometer um crime brutal

 

Como a produção tem foco na vida de Elize e não somente no crime, os episódios também passam por sua infância e adolescência, fases em que Elize afirma ter passado por diversas dificuldades, principalmente, quando foi abusada sexualmente por seu padrasto.

No último episódio, o espectador acompanha a visita de Elize Matsunaga até sua avó e mostra a relação de carinho entre ela, sua avó e sua tia.

A minissérie possui um tom dramático, com músicas melancólicas e perguntas feitas para comover o público, assim como o tom de fala da própria Elize. Fica evidente que esse é um meio de grande importância para que Elize, quem sabe no futuro, possa contar a sua versão do crime para a própria filha.

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