YG Marley conquista o Brasil com seu primeiro single “Praise Jah In The Moonlight”

A música do neto de Bob Marley chegou a assumir a 15ª posição na versão brasileira do Spotify    

Por Juliana Pontes    

 

YG Marley viralizou nas redes sociais com seu single de estreia        Foto: Lyvans Boolaky / Divulgação

 

O legado musical de Bob Marley, o ícone jamaicano do reggae, continua a ecoar pelos tempos, e agora, ganha um novo capítulo com seu neto, YG Marley, assumindo os holofotes musicais. Enquanto a obra do lendário Bob é relembrada nas telonas através do filme “Bob Marley: One Love” (2024), é YG Marley quem brilha nos charts e conquista o coração dos ouvintes.

Joshua, batizado como YG Marley, é filho da renomada cantora e compositora Lauryn Hill e do cantor e empresário Rohan Marley. O jovem de 22 anos surpreendeu o público no último Natal ao lançar seu primeiro single, “Praise Jah In The Moonlight”, uma reverência à essência do reggae que seu avô popularizou.

A música não apenas fez sucesso, mas conquistou seu lugar nas paradas musicais brasileiras, entrando na lista entre as mais tocadas no Spotify Brasil em fevereiro. Originada de uma colaboração com sua mãe, Lauryn Hill, a faixa apresenta um sample da icônica “Crisis”, sucesso de Bob Marley datado de 1978.

O Brasil, conhecido por seu amor pela música vibrante e contagiante, recebeu calorosamente “Praise Jah In The Moonlight”, especialmente durante o Carnaval, quando a faixa atingiu o pico na 15ª posição na versão brasileira do Spotify. Mesmo após o fervor carnavalesco, continua a conquistar ouvintes, mantendo-se firme na posição #46.

YG Marley, que já havia feito algumas aparições nos shows de sua mãe, surpreendeu ao apresentar sua música inédita ao público. Seu envolvimento na cena musical já era evidente, mas, agora, com o sucesso de seu primeiro single, as expectativas estão nas alturas para o que está por vir.

 

 

Com mais de 100 milhões de plays apenas no Spotify, “Praise Jah In The Moonlight” transcende a plataforma de streaming e ganha destaque nas redes sociais, principalmente no TikTok e  Instagram. Usuários dessas plataformas têm adotado a música como trilha sonora para seus conteúdos, elevando ainda mais o perfil do jovem artista.

YG Marley, fruto da união entre o empreendedor jamaicano Rohan Marley e Lauryn Hill, ocupa a posição de terceiro filho em uma família de seis. Com o sucesso atual, os fãs de Bob e Lauryn aguardam ansiosamente por novas músicas e, quem sabe, um álbum completo que solidifique o lugar do jovem Marley no cenário musical internacional. O legado continua.

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Caminho Pomerano conecta à cultura dos imigrantes em São Lourenço

Roteiro de turismo rural inclui oito empreendimentos com diversas atrações, indo da gastronomia típica à tradicional apresentação do casamento com noiva vestida de preto    

Por Larissa Schneid     

  

        A exemplo do Casamento Pomerano, faz parte do passeio a reconstituição de tradições típicas do século 19           Fotos: Divulgação

 

O turismo rural entrelaçado com a cultura e a história: essas são algumas palavras que definem o roteiro Caminho Pomerano, no interior de São Lourenço do Sul. Diversos visitantes, incluindo a comunidade local e turistas, vem escolhendo o trecho como programação turística para explorar a forte cultura alemã pomerana. Rodeados pelas paisagens naturais, os empreendimentos oferecem gastronomia típica, artesanatos, ervas medicinais, prédios históricos, acervos familiares, propriedades rurais, colecionismo e a tradicional apresentação do Casamento Pomerano com a noiva de preto. Os imigrantes pomeranos vieram para o Brasil em 1858 e, em 1945, a Pomerânia deixou de existir com tal nomenclatura. 

Segundo Rodrigo Seefeldt, condutor local, oito empreendimentos pertencem ao roteiro, são os Sabores do Sítio, Café Platô, Casa das Cucas Pomeranas, Recanto das Bergamotas, Heinden Haus, Plantas e Ervas de Inêz Klug, Memórias Und Andenken e Pousada Velho Casarão. Também integram o roteiro as apresentações da noiva de preto e da história do convidador, além da Silvia Chocolates Artesanais no Centro da cidade, assim como os parceiros Restaurantes Nona Bray e Sal e Brasa.

“Todos estão funcionando e atendem os visitantes mediante agendamento. A experiência de conhecer o Caminho Pomerano pode ser vivenciada tanto por meio da agência de turismo receptiva Maria Faceira quanto por agendamento através do nosso site. Lá, estão os contatos de todos os empreendimentos e os visitantes podem realizar o agendamento conforme a programação”, destaca Rodrigo.

Além de oferecer uma imersão completa no roteiro com diversos diferenciais, os visitantes também apreciam a preservação e valorização da cultura dos antepassados que construíram suas raízes no município em 1858. Essa tradição é mantida até os dias atuais pelos comerciantes locais.

“É por essa razão que o Caminho Pomerano tem uma vitalidade de 18 anos, celebrada em 2023 por conta do empenho na valorização de elementos culturais que foram perdidos, inclusive no seu país de origem, a Pomerânia, que não existe mais”, acrescenta Seelfeldt.

A preparação para receber o público inclui ações de marketing no site, nas mídias sociais e em matérias jornalísticas veiculadas em veículos locais e regionais, proporcionando ainda mais notoriedade ao Caminho Pomerano. Os empreendimentos também desempenham um papel crucial nessa etapa, pois ficam disponíveis por longos períodos e investem para oferecer a melhor experiência aos visitantes.

“A hospitalidade dos turistas é crucial, especialmente para os visitantes que se encontram na praia e têm a oportunidade de marcar suas visitas diretamente nos empreendimentos e fazer a visita no horário combinado. A tecnologia também nos ajuda para que as pessoas tenham mais facilidade de agendar suas visitas e explorar a região”, diz Rodrigo.

No ano passado, cerca de 5 mil pessoas passaram pelo Caminho Pomerano, e até o final desta temporada de verão, Rodrigo estima um aumento de 25%, incluindo residentes locais, turistas, grupos, agências de turismo, escolas, universidades, etc.

 

Caminho preserva e valoriza a cultura dos antepassados que construíram suas raízes no município em 1858 

 

Quiosque Recanto Pomerano

Para aqueles que ainda não exploraram o roteiro, a cultura do interior pode ser apreciada no Quiosque Recanto Pomerano, localizado no Parque Recanto da Ilha, próximo ao Restaurante Casa Nostra, na praia de São Lourenço. O espaço, fornecido pela Prefeitura, oferece produtos da Associação Caminho dos Pomeranos e dos artesãos da Economia Solidária. Os visitantes podem adquirir artesanatos de tecidos, biscuits, livros e produtos das agroindústrias, como sucos, geleias, rapaduras, entre outros.

“A venda desses produtos contribui para a geração de emprego e renda para as agroindústrias e artesãos, fortalecendo ainda mais o Caminho Pomerano e a reputação de nossa cidade, já que as pessoas levam consigo lembranças e produtos produzidos aqui”, conclui Rodrigo. O quiosque está aberto diariamente, das 10h às 19h, exceto às quartas-feiras.

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Museu da Baronesa renovado pela herança negra

Prédio da instituição tem mais de 160 anos e passa por reformulações voltadas à representatividade cultural       

Por Vanessa Centeno      

 

A presença negra na região sul do Estado está representada no Museu da Baronesa (avenida Domingos de Almeida, 1490, bairro Areal, Pelotas). Com mais de 160 anos de existência, sediado junto ao Parque da Baronesa, o prédio passa neste momento por um processo de restauração. Foi fundado como instituição museológica em 1982, mas a casa que o sedia tem aproximadamente 160 anos.  Foi fechado à visitação na pandemia e, em seguida, iniciaram as obras de manutenção necessárias. Durante a última década, o museu buscou sobretudo repensar o seu acervo levando em conta a representatividade negra.

Em 2018, a instituição recebeu um prêmio de 100 mil reais pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Com o “Projeto para a Visibilidade Negra no Museu da Baronesa”, foi contemplado com este valor destinado à modernização de algumas partes do Museu, para a compra de alguns equipamentos, visando as melhorias na pesquisa e na segurança. Esta foi a primeira premiação recebida pelo Museu da Baronesa.

No momento, sem uma data certa para a reabertura, a previsão inicial da entrega da obra é para o final deste mês. Há todo um processo a ser feito de remontagem do Museu peça por peça e sala por sala.

 

Estrutura museológica passa por modernização com verba de prêmio concedido pelo Instituto Brasileiro de Museus 

 

História que remonta ao Barão dos Três Serros

Vale resgatar a história por trás da edificação. O coronel e político Anibal Antunes Maciel, comprou a propriedade em 1863. Seu filho, Anibal Antunes Maciel Júnior, herdou a propriedade de sua mãe, Dona Filisbina Silva, em 1871. A chácara foi ampliada, ocupando uma área de sete hectares com varanda, capela, torre de banho, sala de costura, salão de festas, pátio central e jardins.

Anibal Antunes Maciel destacou-se por ter sido o primeiro no Brasil a conceder alforria a seus escravos em 1884. Por este ato, recebeu o título de “Barão dos Três Serros” decretado pelo Imperador Dom Pedro II. Dois anos após o falecimento do barão, em 1887, a baronesa voltou para sua cidade natal e a chácara passou a ser habitada por uma de suas filhas, Dona Amélia Anibal Hartley Antunes Maciel (Sinhá Amélinha). Foi ela quem tornou conhecido o local como o “Solar da Baronesa”.

A edificação, juntamente com o terreno, foi doada ao município de Pelotas em 1978. O Museu foi inaugurado em 1982, e é uma instituição cultural da Secretaria da Cultura da Prefeitura Municipal de Pelotas. Foi tombado como patrimônio histórico do município em 1985.

 

Espaços estão sendo restaurados para melhor exposição do acervo

 

Reivindicação de representatividade negra

Atualmente, estão à frente da instituição, entre outros profissionais, a diretora Fabiane Rodrigues Moraes Loth e o professor Marcelo Hansen Madail, que é licenciado em Artes Visuais, bacharel em Conservação e Restauro e especialista em Geografia e História.

Marcelo trabalha na manutenção das peças do Museu e na pesquisa histórica, além de gerenciar as redes sociais. Atua no museu desde 2011 e conta que, logo ao chegar, a média de visitantes estava entre 8 mil e 9 mil visitantes por ano.  Em 2019, na pré-pandemia, foi o último período em que esteve aberto à visitação cem por cento, alcançando mais de 19 mil visitantes. Ele acredita que as redes sociais contribuíram, fazendo a divulgação não só no Brasil, mas mundialmente. A divulgação nas redes sociais é simples, sem o uso de mídias pagas, mas, mesmo assim, tem alcançado visitantes latino-americanos, europeus e estadunidenses, entre outros.

Marcelo lembra que há um caderno de visitantes ao alcance do público para o registro de elogios e críticas, sendo um modo de saber o que pode ser melhorado. Um dos pontos altos foi a Vitrine do Século 19, exposta por muitos anos, que deixava as pessoas encantadas com a maneira de mostrar as peças antigas, sendo uma das queridinhas do público. No livro de visitas, as pessoas elogiavam a reconstituição da época da vitrine, escrevendo que tinham até vontade de viver naquele tempo.

Outras pessoas, entretanto, deixaram escrito no livro a lembrança de que o sangue dos seus ancestrais estava nas paredes daquela edificação. Começou, assim, um questionamento entre os funcionários do Museu em como contemplar à população negra que teve seus antepassados submetidos ao regime de escravidão. Os relatos das pessoas negras questionavam a ausência dos personagens negros escravizados e sua contribuição.

Marcelo comenta que, nas oportunidades em que trabalhou na portaria do Museu, viu pessoas saírem se sentindo mal e emocionadas por não verem o negro fazendo parte das exposições.       

 

Acessibilidade é um dos pontos que estão sendo aprimorados

  

Dia do Patrimônio Histórico estimula mudanças

Em 2014, na segunda edição do Dia do Patrimônio Histórico, o tema escolhido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) foi a “Herança Cultural Africana”. Isso levou o Museu a elaborar uma exposição paralela a partir do próprio acervo, levando em conta as peças de temática sacra, em que representações de divindades de matriz africana foram mostradas conjuntamente a de santos católicos.

A ideia de sincretismo religioso foi trabalhada na relação entre os vários ambientes.  No hall de entrada, por exemplo, havia uma sacristia com roupas usadas por padres. Noutros ambientes, estavam as divindades de matriz africana relacionadas aos santos da Igreja Católica. 

Os funcionários do museu tiveram de superar seus limites em relação às religiões de matriz africana, buscando inclusive contato com pais de santo e outros especialistas, de forma a mostrar o acervo de forma mais adequada, dando nome às peças e criando a melhor contextualização histórica.

Houve muitas expectativas em relação ao Dia do Patrimônio Histórico e a reação do público.  Até então, o Museu foi por muitos anos taxado como um museu de elite branca e ressaltar uma outra perspectiva foi um desafio. Colocar objetos que façam jus à presença do negro incomodou alguns, ao mesmo tempo em que buscou responder às críticas.

A repercussão da exposição relacionada às matrizes africanas e a presença do povo negro foi muito boa. E o público visitante, que deixou os comentários no caderno de opiniões, comentou: “Finalmente, já não era sem tempo”, “que essa atitude não seja a primeira e que não morra aqui”.

 

A representatividade negra no museu foi planejada em um projeto que está sendo implementado

 

Herança cultural que não pode ser ignorada

A diretora Fabiane Loth comenta que se constatou que não havia mais possibilidade de o Museu não falar e deixar de canto a herança cultural africana. A partir de então, tiveram a contribuição da historiadora Flávia Alsino Sanes, que veio a suprir esta demanda do público com suas pesquisas. Houve até mesmo uma conscientização das pessoas da equipe museológica de como podem ocorrer situações racistas no cotidiano. Não somente o museu mudou, mas as pessoas que compartilharam desse processo também foram modificadas.

A diretora comentou que o sincretismo não é apenas dar nome aos santos católicos e divindades de matriz africana como se fossem sinônimos. Havia necessidade de reconstituir a longa história negra, que era o que as críticas pediam de fato ao museu no livro de visitas.  A temática do Dia do Patrimônio, instituída pelo Ibram em 2014, levou à tomada de iniciativas, como o trabalho com os documentos das famílias com os registros dos nomes dos escravizados.

A Dona Sinhá Amélinha deixou, por exemplo, cadernos com registros daqueles escravizados que continuaram trabalhando no período pós-abolição, então recebendo ordenados. Ao contrário de ser um ponto final, isto leva à realização de entrevistas, a novas pesquisas e ideias para exposições.

Conforme a historiadora Flávia, eles buscaram expor a presença negra de uma maneira positiva, não apresentando somente a parte histórica do martírio, do castigo dos grilhões e, sim, trazer toda a influência cultural que a presença negra trouxe para a região.          

Visibilidade negra

Começaram de maneira sutil a introduzir elementos em que a presença negra era mais marcante. Informações foram buscadas no testamento do Aníbal Antunes Maciel, o Barão de Três Serros. Sabe-se que, quando faleceu, deixou quantias para os escravizados. Mil réis para o cozinheiro, por exemplo. Deixou, assim, alguma estima aos que lhe serviram em sua vida. Para o historiador Marcelo, isso é importante porque não era comum na documentação da época.  Também o copeiro e as amas de leite das suas filhas foram gratificados. Esses são apenas alguns detalhes entre as várias informações que estão surgindo nas pesquisas.

A vida de uma casa pode trazer aspectos relativos a como as pessoas coexistiram no período da escravidão e de desigualdade. As relações de afeto e como as pessoas trabalharam dentro da casa podem contribuir para a compreensão histórica.

No quarto das crianças, por exemplo, além da descrição do ambiente foi colocado um texto sobre as amas de leite que atendiam às filhas da baronesa. Na cozinha, quem eram as cozinheiras, as copeiras, como eram as suas lidas, quais temperos usavam nas comidas. A influência da mão da mulher negra que mexia o tacho tem sua importância reconhecida.

 

Obras do museu devem ser finalizadas ainda neste mês

 

Espaços reconstituídos

O Museu da Baronesa tem 22 peças, dividido na parte que é aberta ao público e na parte que é usada para a administração, com as salas de conservação, direção e de documentação.

Marcelo informa que eles descobriram alguns anos atrás algumas fotos antigas na residência que sedia o Museu. Era uma casa com um salão de festas seguido pela garagem e outra construção com um telhado que tinha abas, portinhas e janelas. Tudo leva a crer, segundo os relatos dos descendentes que ainda estão vivos, que ali fosse uma senzala dos escravizados que cuidavam da casa: a copeira, cozinheira, engomadeira, passadeira e as amas de leite. Existia uma separação entre os escravos de dentro da casa, mais sofisticados, pois precisavam atender à residência, e os da lida externa, que cuidavam dos animais, hortas, jardinagem da chácara e de tudo em volta do prédio.

Onde atualmente é o escritório da administração, nos fundos do antigo salão de festas, sabe-se que havia quartinhos, em que ficavam os serviçais da casa até o período pós-abolição. Os historiadores imaginam que os escravos domésticos viviam nesta parte, disponíveis para atender o interior da casa.

Outras atividades

Também vêm sendo desenvolvidas palestras e encontros na primeira terça-feira de cada mês. O evento anual do Sopapo foi inspirado no músico Giba-Giba (1940-2014), nascido em Pelotas. Sopapo é o nome do tambor que os negros tocavam nas senzalas e charqueadas, que era feito com couro de boi e de cavalo com cascas de árvores. Eram os materiais que eles encontravam e que também eram vistos como uma forma de manter o contato com seus santos. O evento Sopapo, promovido pelo Museu, marca as atividades do ano, com feiras quilombolas, desfile de moda com temática africana, oficina de turbantes, etc.

 

Detalhes da arquitetura lembram história desde século 19

 

Rever o passado para futuro diferente

O pesquisador Marcelo coloca em questão se eram as sinhás que mexiam os tachos, e se as mulheres negras não tinham capacidade de fazer os doces, como alguns afirmam.  Há que se considerar que várias influências que vieram de Portugal mesclam-se às comidas de santo, aos temperos e à música de origem africana.

As peças do museu descrevem e levam as pessoas e, principalmente as crianças, a pensar sobre essa história. Um número enorme de visitantes são os pequenos de origem humilde da rede pública e um contingente expressivo de crianças negras. “Eles viam aquele monte de manequins brancos, com aquele monte de roupas, e não se enxergavam ali”, diz o historiador.

A partir das novas diretrizes, buscou-se permitir aos jovens enxergar a sua própria africanidade. A música, os temperos e os sabores espelham não simplesmente empregadas, mas mulheres dignas.

Contatos com o Museu podem ser feitos pelo Facebook e Instagram.

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A teledramaturgia nacional ganha força através das redes sociais

Os vídeos editados contribuem para fãs e público que curtem telenovelas, séries e filmes conhecerem produções relevantes       

Por Daniela Alves         

 

Um fenômeno recorrente nas redes sociais – para não dizer característico delas -, é a criação dos chamados edits. Nada mais são do que vídeos com uma duração média de 18 a 30 segundos, que trazem recortes elaborados de cenas de filmes, séries, entrevistas de pessoas famosas e vídeos publicados por elas. É algo quase exclusivamente feito de fãs para fãs, mas, que se torna uma poderosa ferramenta de engajamento, principalmente, no mundo conectado em que vivemos.

Trata-se de uma ferramenta prática para o entretenimento de qualquer fã assíduo de algo. Afinal, é possível criar as artes através de aplicativos que podem ser baixados com apenas um click através do celular. Essa forma de produção digital é também um forte componente da dita cultura da participação. Nesse tipo de criação, os membros de uma comunidade, grupo ou sociedade estão ativamente envolvidos na produção e compartilhamento de conteúdo, ideias e experiências.

 

“Hilda Furacão” voltou  a fazer sucesso através das redes sociais     Foto: Jorge Baumann / TVGlobo/Divulgação

 

Essa cultura muito comum às plataformas virtuais, valoriza a colaboração, a interação e a contribuição coletiva, promovendo a participação ativa e o envolvimento de todos. Além de utilizarem a criação dos vídeos para entretenimento próprio, os fãs aproveitam também para popularizarem os conteúdos de que gostam. A partir de vários recortes, é possível contar uma nova história sob outra perspectiva (vide as fanfics), possibilitando que mais pessoas tenham conhecimento das produções, e, assim, impactem positivamente na forma com que é incentivado pelas grandes marcas e patrocinadores.

Como um exemplo de quem está ligado nos edits, está a jovem Ana Paula Montez, de 22 anos. Ela é fã da popular série britânica “Fleabag”, que segue a vida tumultuada e as experiências emocionais de uma mulher londrina sem nome, conhecida apenas como Fleabag, e que se apaixona por um padre. O X (ex Twitter) mostrava associado à série uma cena de uma minissérie brasileira, e ela decidiu procurar mais informações para assistir. Assim, ela se tornou fã de “Hilda Furacão”, que descobriu em uma sequência de tweets feitos por norte-americanos. “Quando eu terminei de ver ‘Hilda Furacão’, fiquei abismada, é uma minissérie incrível, e que faz o uso da análise política dentro da história de uma prostituta e um frei, tudo isso em vésperas de golpe militar. É muito bom!,” diz Ana.

Divulgador do cinema brasileiro

Administrador de uma das páginas que reproduz o conteúdo, desta vez, na plataforma do Instagram, Lu é um animador e tem, com a página, até mesmo o reconhecimento de atores globais, como a própria Fernanda Torres. Com o trabalho feito na página @scifimoon, o jovem busca alcançar um público maior para contemplar o cinema brasileiro e as obras que vem sendo produzidas, que em nada perdem para as que são feitas no estrangeiro.

“Eu vejo que não só o nosso cinema, mas a nossa teledramaturgia também tem muito potencial e isso não vem de agora. Quem não tem uma novela preferida que tenha assistido na infância? Tem algo que nos marca e a gente sabe reconhecer isso, a questão é que vivemos em um tempo que não basta uma ou duas pessoas assistirem algo para conversar entre si, não. Está na hora de todo mundo saber que nós fazemos arte, que não ficamos para trás,” destacou o administrador.

Tendo sido um recente fenômeno nas redes sociais, “Hilda Furacão” se tornou um viral no TikTok e no X. Teve direito a exigências de uma versão legendada da minissérie. E, é claro, contou com a ação de nobres voluntários e chegou a ter, sim, alguns episódios traduzidos por fãs brasileiros para que os gringos pudessem ter uma prova da dramaturgia brasileira de Glória Perez.

Os edits tomaram conta das plataformas, e alguns podem ser conferidos a partir da #hildafuracão.

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Cultura pelotense em evidência com o Mapa Cultural AGIMOS

Ferramenta de gestão cultural da UFPel busca fortalecimento e políticas públicas para o setor. Premiação da agência abriu oportunidades para 16 artistas, entre os quais a cantora Julie Schiavon         

Por Jaime Lucas Mattos             

 

A Agência de Indústria Criativa e Mobilização Social (AGIMOS), junto à UFPel, fomenta o circuito independente de arte e cultura e contribui com a estruturação do setor cultural na cidade de Pelotas e região. Uma das ferramentas da agência é o Mapa Cultural, que serve como um agregador de produções culturais regionais.

Com o Mapa Cultural, artistas, espaços e produtores de eventos podem se inscrever na plataforma e terem seus trabalhos expostos no site, tendo em vista que a ferramenta possui páginas específicas com um mapeamento de todos os cadastrados e de futuros eventos.

A ferramenta serve tanto como um agente de divulgação quanto como um ponto crucial para a conexão e diálogo entre artistas e produtores. “É uma plataforma aberta que tem como objetivo unir os artistas e produtores culturais da zona sul. É a partir dele que os artistas têm uma conexão mais direta com os produtores e os locais dos eventos”, relatou a ex-participante do projeto, Caroline Savedra.

A plataforma tem grande importância para o âmbito cultural de Pelotas e região porque não existe outro agregador de eventos para a cidade, que funcione como um calendário cultural eficiente. Com o Mapa Cultural, eventos e artistas têm maiores oportunidades de divulgarem seus trabalhos e receberem a devida atenção.

 

Julie Schiavon foi premiada com sua música “Agir” Imagem: Divulgação

 

Prêmio AGIMOS de Produção Musical

Além da própria plataforma, o Mapa Cultural foi um agente de apoio para a produção do Prêmio AGIMOS de Produção Musical, realizado em outubro de 2023. As inscrições para o prêmio foram realizadas entre agosto e setembro, e a premiação selecionou 16 artistas para receberem um prêmio em dinheiro e algumas oportunidades sob curadoria da UFPel. Dentre as chances oferecidas, estava a possibilidade de gravar no Estúdio UFPel de Produção Musical e a inclusão em um álbum virtual distribuído pela Editora da UFPel.

Julie Schiavon, uma das ganhadoras do Prêmio AGIMOS, contou que se inscreveu no último dia, mas que valeu a pena ter participado. “Foi, sobretudo, uma experiência muito enriquecedora que me trouxe muitos aprendizados. Meu maior objetivo quando me inscrevi era de aprender, foi incrível poder experienciar novas visões e ideias sobre música em geral e sobre o meu trabalho. No final das contas todo esse aprendizado foi o verdadeiro prêmio.”

A artista pelotense iniciou sua carreira profissional em 2017, quando lançou seu primeiro single autoral, “The Fear”, mas diz que, desde a infância, já tinha vontade de seguir a profissão. “Eu gosto de dizer que a música decidiu me escolher antes de eu escolher ela”. Apesar de estar realizando essa vontade de cantar, não significa que é tarefa fácil: “Ser artista em Pelotas requer uma boa dose de persistência, resiliência e resistência. Mesmo sendo um polo cultural regional, os desafios do artista independente começam exatamente em função da escassez de oportunidades, tanto na divulgação quanto na valorização do seu trabalho”.

 

Um dos pontos mais importantes da AGIMOS, que se concretizou com a premiação, é dar atenção aos artistas independentes da região sul, que normalmente já não têm muitas oportunidades. “A AGIMOS, para mim, exerce um papel importante como rede de apoio ao circuito artístico independente. Sua atuação como agente de fomento da cultura tem oportunizado o acesso a conteúdos de extrema relevância para artistas, produtores, etc, qualificando o artista nas diferentes dimensões que impulsionam a arte como indutora de produção cultural e econômica”, prosseguiu Julie.

A artista ainda contou que a participação na premiação possibilitou muitas colaborações novas. “Foi também uma importante validação do meu trabalho para que eu continuasse meu caminho com mais confiança”, disse. “Me sinto muito honrada de estar fazendo parte da primeira coletânea deste prêmio e, mais ainda, em participar de um cenário artístico repleto de artistas incríveis que merecem todo reconhecimento do mundo”, ressaltou.

Sobre as oportunidades a partir da premiação, Julie revelou que já gravou no Estúdio UFPel e que foi uma experiência enriquecedora. “Durante o processo de preparo para a gravação, recebemos feedbacks de alguns dos curadores do prêmio. No meu caso, tive uma belíssima orientação da cantora Anaadi, que compartilhou comigo toda sua sabedoria e bagagem de uma forma muito gentil e didática”, descreveu. “Desde que eu comecei profissionalmente eu tive poucas oportunidades de gravar em estúdio, então esta troca presencial com profissionais que atuam há anos foi realmente uma escola para mim”.

A participação de seus amigos e parceiros musicais na construção da canção escolhida pelo prêmio, Kass e Roberto, foi de grande importância nesse processo: “Foi muito marcante para nós ter participado desta gravação juntos e extremamente gratificante receber esse reconhecimento pelo nosso trabalho, pois, o percurso da arte é constantemente acompanhado de muitas inseguranças e estas conquistas para mim são como lembretes de que eu escolhi e sigo escolhendo o caminho certo”, concluiu Julie.

 

Julie junto ao coordenador do projeto, Leandro Maia, e aos técnicos de som no Estúdio UFPel  Foto: Acervo pessoal

 

Ganhadores do 1º Prêmio AGIMOS

Veja a lista de vencedores do 1º Prêmio AGIMOS de Produção Musical, com o nome do artista e o título da música escolhida.

  • Julie Schiavon, “Agir”;
  • Ivanov Basso, “Ah Se Tu Voltasse”;
  • D.U.C.K., “Algum Lugar”;
  • Marilia Piovesan, “Avesso”;
  • Bart, “Black Atlantis (Novos Ares)”;
  • Humberto Schumacher da Gama Júnior, “Braço D’água”;
  • Zombie Johnson, “De Volta Pra Casa”;
  • Matheus Menega, “Fervo”;
  • ForróGodó, “Griô”;
  • Duglas Bessa/Hector Rojas, “Mañungo”;
  • Douglas Vallejos, “Música é Vida”;
  • Mestre José Batista, “Nascido na Palma da Mão”;
  • Bruna Klein, “Navegar”;
  • César Lascano, “Transversal da Ilusão”;
  • Sarah Monteiro, “Tudo Que Eu Sei”;
  • Solo Fértil Reggae Raiz, “Veio de Lá (acústica)”.

 

Para se inscrever no Mapa Cultural e ficar por dentro de todas as oportunidades da plataforma, o procedimento é simples e pode ser feito por todos os artistas, produtores e proprietários de espaços que tiverem interesse. “Podem ser artistas, cursos de artesanato, música, dança, teatro, pode ser o local, etc. […]”, explicou Caroline Savedra. No site do Mapa Cultural há um vídeo-tutorial que explica o passo a passo da inscrição na plataforma oficial.

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Pobres Criaturas: a subversão feminina pelos olhos de Yorgos Lanthimos

Com roteiro de Tony McNamara, filme subverte expectativas sobre amadurecimento das mulheres através do humor

Por Isabella Barcellos     

 

   Em segundo longa-metragem com Yorgos Lanthimos, Emma Stone explora anseios de “mulher Frankenstein”     Fotos: Divulgação

 

Em 1992, Alasdair Gray lança “Poor Things: Episodes from the Early Life of Archibald McCandless MD, Scottish Public Health Officer” (ou “Pobres Criaturas: Anedotas sobre a juventude do Dr Archibald McCandless, Inspetor da Saúde Pública Escocesa). Controverso e claramente inspirado na obra prima de Mary Shelley, Gray apresenta ao mundo uma versão de Frankenstein protagonizada por uma mulher. Depois de 31 anos, o diretor grego Yorgos Lanthimos se inspira na mesma personagem bizarra para discutir o feminino e suas particularidades em “Pobres Criaturas”.

Bella Baxter (Emma Stone) é fruto de um experimento científico idealizado pelo brilhante Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe): nasce enquanto mulher adulta, mas com o cérebro de um bebê. Conforme seu desenvolvimento cognitivo progride, Bella Baxter passa a se fazer questionamentos sobre a sociedade, o prazer sexual e as complexidades das relações interpessoais. Em um longa-metragem de duas horas e 21 minutos, a criatura de “God” descobre seu mundo e também a si mesma.

 

A personagem Bella Baxter (Emma Stone) se depara com o erotismo como força motriz da existência

 

Liberdade à libido e ao prazer

Falar sobre “Pobres Criaturas” é falar sobre quebra de expectativas. Lanthimos apresenta ao público um mundo que remete à Inglaterra vitoriana, mas acompanhado de aparatos tecnológicos fantasiosos, criaturas híbridas e cores vibrantes. Ao fazer referências ao clássico de Shelley, o roteiro sempre posiciona os personagens em conflitos do tipo “humanidade versus monstruosidade”. E diferentemente do que os padrões vitorianos reservaram à natureza feminina, Bella Baxter (Emma Stone) questiona a tudo e todos com convicção, sempre interessada em novos conhecimentos e, principalmente, em novas maneiras de se sentir satisfeita.

A partir desse embate, a relação de Bella Baxter com a própria libido se torna fio condutor da história. Quanto ao sexo, o filme fica longe de qualquer perspectiva pornográfica tanto no roteiro quanto na própria montagem das cenas. As relações se tornam um espaço de prazer e experimentação, sem qualquer tipo de pudor por parte da protagonista e sua liberdade deixa os personagens masculinos, como Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), constrangidos e diretamente conectados com a monstruosidade do ciúme e da frustração.

Amadurecimento sob diferentes óticas

Após ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz neste ano, Emma Stone declarou que considera o filme uma comédia romântica: “Vejo isso como uma comédia romântica, no sentido de que Bella cai na vida real […]. Ela aceita o bom e o ruim na mesma medida; tudo é importante”. A perspectiva voraz e inocente da protagonista gera questionamentos sobre a existência do feminino sem as expectativas impostas por uma sociedade patriarcal sobre casamento, sexo, comportamento e tantas outras coisas. Ela encontra a si mesma sem invalidar os próprios sentimentos ou ambições, permitindo-se levar pela natureza imprevisível da vida apesar de ser enganada e tratada como um objeto pelos homens que a cercam.

 

Willem Dafoe interpreta Dr. Godwin Baxter, criador do experimento científico que resulta no nascimento da protagonista

 

Até este momento, “Pobres Criaturas” já ganhou o Leão do Ouro no 81º Festival de Veneza e concorre em 11 categorias do Oscar 2024, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz. Junto a uma safra de filmes como Barbie (Greta Gerwig, 2023) e Anatomia de uma Queda (Justine Triet, 2023), Pobres Criaturas mostra como o amadurecimento e a complexidade da existência feminina são dignos da atenção (e aclamação) pública. Neste domingo, dia 10 de março, a entrega dos prêmios Oscar 2024 será exibido pelo canal TNT, na TV paga, e no streaming pela Max (antiga HBO Max), a partir das 19h, sendo que a cerimônia começa às 20h.

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Lições da história do doce e ciências naturais no Centro de Pelotas

Os museus da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) cumprem sua missão de democratizar conhecimentos                 

Por Carolina Farias Tapia e Sara Lopes da Silva          

No coração da cidade de Pelotas, localizados no entorno da praça Coronel Pedro Osório, os museus de “Ciências Naturais Carlos Ritter” e “Museu do Doce”, mantidos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), carregam em si parte da bagagem histórica da metrópole do doce.

 

Museu de História Natural Carlos Ritter fica na Praça Pedro Osório
Fotos: Sara Lopes da Silva

 

O Museu de Ciências Naturais, com 54 anos, e o Museu do Doce, um jovem de 11 anos, visam compartilhar seus acervos e vivências com a comunidade pelotense e visitantes das demais cidades da região, possuindo atrações lúdicas e monitores em todas as sedes para tornar as visitas uma verdadeira imersão histórica.

O Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter carrega o nome do responsável pelas primeiras doações ao acervo: animais taxidermizados artisticamente e mosaicos entomológicos, criados pelo próprio fundador entre o final do século XIX e começo do século XX. Embora hoje esteja localizado nas proximidades da Praça Coronel Pedro Osório, no Centro, o Museu já esteve em diferentes bairros de Pelotas. No entanto, para Carolina Peraça Silveira, assistente administrativa, e a museóloga Lisiane Gastal Pereira, a mudança de localização fez com que a equipe percebesse um crescimento exponencial no número de visitantes fora de escolas, que eram o principal público nas antigas “residências” das exposições.

 

Mosaico produzido por Carlos Ritter, responsável pelas primeiras doações e que dá nome à instituição

 

Aberto para visitas públicas desde 1970, o Museu Carlos Ritter possuiu, em 2023, uma média espontânea de mais de quinze mil visitas, dentre as quais estiveram os moradores de Pelotas em maioria. Mas as escolas ainda conservam a tradição, inclusive de outras cidades, que trazem seus alunos para visitar o acervo todos os anos. Alguns eventos corroboram para um aumento no público, sendo um dos mais importantes o Dia do Patrimônio, sendo realizado há dez anos, com o objetivo de estimular a visitação aos prédios históricos de Pelotas e o conhecimento da cultura local.

Por se tratar de um órgão suplementar do Instituto de Biologia da UFPel desde 1991, o Museu é utilizado por alunos de cursos como Ciências Biológicas, Artes Visuais, Museologia e Gestão Ambiental através de aulas, solicitadas pelos professores à administração do local. Por possuírem uma sala adaptada para esse fim, alunos de Teatro e o próprio Coral da Universidade também fazem uso do ambiente e da área externa do prédio histórico. Além das aulas, há uma série de alunos estagiando no Museu Carlos Ritter, como estudantes de alguns dos cursos supracitados e também de turmas de Administração, História, Zoologia, Conservação e Restauração, Arqueologia e Antropologia.

 

Uma das aves expostas nas dependências do museu que se dedica aos estudos sobre a natureza

 

A visitação, quando em grupos inferiores a dez pessoas, não necessita de agendamento. No entanto, para grupos maiores, a equipe do Museu pede uma marcação de visita com alguns dias de antecedência. O espaço é limitado e corre o risco de não comportar todos os visitantes ao mesmo tempo. Também há necessidade de um mediador estar presente, ajudando as turmas a entenderem o Museu e seu acervo. O funcionamento do Museu (Praça Coronel Pedro Osório, 1) é de segunda-feira a sábado, das 13h às 18h30. A entrada é gratuita e, mesmo com apenas um visitante, a solicitação de um guia é possível.

O Museu também oferece cursos para mediadores e diversas oficinas, abertas tanto ao público da Universidade quanto fora dela.

 

Museu do Doce funciona em prédio histórico construído em 1878

      

O Museu do Doce é considerado uma conquista da comunidade doceira de Pelotas, que deu início às exposições ainda na Fenadoce, nos anos de 1998 e 1999, através de uma réplica chamada “Casa do Doce”, visando mostrar aos visitantes o processo de preparo das sobremesas tradicionais da cultura pelotense. No ano de 1977, a edificação construída em 1878 foi tombada em nível federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e, em 2006, foi comprada pela UFPel. O restauro do local teve início em 2010, e no ano de 2013, quando concluído, tornou-se o lar do Museu, aberto para visitação do público no mesmo ano de sua inauguração.

 

A história dos doces pelotenses é exposta ao longo do Museu. Ao fundo, o cartaz da 1ª Fenadoce

 

Embora o tempo de sua abertura seja pequeno, quando comparado aos demais museus da UFPel no Centro Histórico de Pelotas (Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter e Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo), o público consumidor do Museu do Doce alcançou mais de dezesseis mil e setecentas pessoas no ano de 2023, em sua maioria a comunidade externa à Universidade.

O Museu do Doce é considerado um “Museu-Laboratório” da UFPel, isto é, diversos cursos estão diretamente ligados ao local, bem como inúmeros trabalhos acadêmicos sendo realizados no ambiente. Para a professora da UFPel e diretora do Museu do Doce, Noris Leal, o local configura-se como uma das instituições museológicas mais importantes da cidade, com o maior número de visitações anuais e diversas atividades que atraem a atenção do público para a história da cidade e da cultura doceira.

O acervo do local é formado por peças diretamente relacionadas à história da tradição doceira tanto artesanal quanto das indústrias, sejam documentos, objetos ou demais formas que possibilitem a exposição. Por se tratar de um laboratório da Universidade, em todos os setores do Museu há professores e alunos trabalhando em projetos de conservação e restauro.

O local é configurado como órgão suplementar do Instituto de Ciências Humanas da UFPel, do qual os principais cursos oferecerem estágio no ambiente, a exemplo dos cursos de Museologia e de Conservação e Restauro. Também os alunos do curso de História auxiliam nas atividades de pesquisa.

Os itens, em grande maioria advindos de doações, passam por um processo de registro, catalogação e pesquisa a respeito, antes de serem expostos. Para a diretora da instituição, o acervo ainda é pequeno, quando comparado aos demais museus da Universidade. No entanto, sua equipe tem muita responsabilidade com a coleta de objetos, para garantir que o objetivo do Museu não seja alterado e preste informações fidedignas ao público visitante.

 

Além de expor latas de compotas antigas de diversas fábricas, Museu também traz murais com ampliação de rótulos

 

A visitação ao Museu (Praça Coronel Pedro Osório, Casarão 8)  pode ser feita de forma espontânea, sem necessidade de agendamento. No entanto, para os visitantes que desejam um mediador, o agendamento é necessário, pois os guias possuem uma carga horária específica no local. O horário de funcionamento está reduzido, ocorrendo nos dias de terça-feira a sábado, das 13h às 18h, não abrindo nos domingos e feriados.

 

Nas várias salas do Museu, inúmeras réplicas dos tradicionais doces pelotenses podem ser vistos

Embora possuam acervos diferentes, os museus da UFPel no Centro Histórico de Pelotas unem-se no que diz respeito aos seus objetivos: ser uma fonte de consulta para professores e alunos, mas, ultrapassando as barreiras acadêmicas. O valor cultural desses locais é inigualável. Grande parte da história da cidade de Pelotas pode ser vista ao longo dos corredores e salas dos Museus do Doce e de Ciências Naturais Carlos Ritter. Além disso, o fato de estarem localizados na principal região histórica pelotense traz visibilidade e curiosidade ao público, que aprende e entende cada vez mais a respeito de sua própria história.

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Otroporto: arte, cultura e educação reunidas em bairro pelotense

Neste quinta-feira e sexta-feira ocorre o projeto Cine Céu do Porto com mostra de curta-metragens de estudantes e a presença do consagrado diretor gaúcho Jorge Furtado        

Por Carolina Pereira Soares           

A Otroporto – Indústria Criativa é uma entidade sem fins lucrativos localizada na Rua Benjamin Constant, nº 701-A e conta com diversos projetos dedicados à comunidade do bairro Porto e da cidade de Pelotas.

Nesta quinta-feira, dia 7 de março, o projeto Cine Céu do Porto recebe a Mostra Otroporto -UFPel  de Cinema Universitário. Traz como destaque curtas metragens produzidos por alunos e uma mesa-redonda com os realizadores, dialogando acerca do processo de realização das obras.

E, no dia 8 de março, sexta-feira, realiza a masterclass com o cineasta gaúcho Jorge Furtado, reconhecido internacionalmente pelo curta-metragem “Ilha das Flores” (1989) e diretor de vários outras curtas e longas-metragens, a exemplo de “O Homem que Copiava” (2003), “Meu tio matou um cara” (2004) e “Rasga Coração” (2018). Ele ministra uma aula gratuita sobre roteiro e direção pela manhã, às 9h; e, à noite, comentará filmes curtas clássicos de sua carreira, após a exibição às 19h. As atividades da Mostra Cine Céu do Porto são gratuitas e não têm inscrição prévia.

 

Jorge Furtado fala sobre seus filmes na sexta    Foto: Wikipédia

 

Pertencimento cultural

Formalizada em 2018, a Associação Otroporto Indústria Criativa atua como elemento integrativo entre economia, meio ambiente e comunidade, focada em apoiar e desenvolver iniciativas que gerem pertencimento, fruição, educação, formação e cidadania.

Seu espaço reúne desde diversas obras de arte, auditórios e até espaços de aprendizagem e leitura, como a Biblioteca Otroporto. Uma das maiores iniciativas é o Laboratório Faber Sapiens, um espaço que visa propagar conhecimento científico por meio de aulas e cursos tanto para professores que buscam formação continuada, quanto para alunos da educação básica, de forma totalmente gratuita.

 

O laboratório Faber Sapiens colabora com escolas Foto: Carolina Soares

 

Segundo o professor e responsável pelo laboratório, Ricardo Willian Costa Assumpção, o espaço tornou-se comunitário com a participação das escolas. “Os professores da rede pública, que não gozam de um espaço com esses equipamentos para suas aulas, ligam para nós e agendam um horário [no laboratório]. O laboratorista organiza tudo para a turma e nós oferecemos lanche e transporte. Esse espaço se tornou um apêndice para as escolas”, explica.

 

Otroporto dispõe de espaços para artes visuais   Foto: Carolina Soares

 

Dentro da instituição, as obras de arte preenchem desde os pisos até o teto. Através de editais, a Galeria Otroporto Connection expõe obras de grafite, pintura, escultura e fotografia, com obras de artistas locais e internacionais. Atualmente, mais de 50 artistas têm suas obras expostas no local.

Para quem quer conhecer os projetos, todas as informações são divulgadas no site da instituição e nas suas redes sociais.

 

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Tradição pelotense tem continuidade no Espetáculo “Vozes”

A Academia Corpo & Dança se apresentou mais uma vez no palco do Theatro Guarany no final de 2023 com coreografias de várias modalidades e faz refletir sobre o lugar desta arte em Pelotas     

Por Sarah Oliveira      

 

No palco, coreografias que são elaboradas no decorrer de um ano      Foto: Deka Chagas/dekachagasfotos/Divulgação

 

Há mais de uma década, a Academia Corpo & Dança organiza um espetáculo com todos os seus alunos – crianças, adolescentes e adultos – para comemorar o final de mais um ano de atividades. Com coreografias elaboradas durante o ano inteiro, todos os bailarinos da academia passam meses ensaiando as mais de 10 coreografias planejadas e realizando projetos para arrecadar fundos para a produção.

Assim como de costume, todos os espetáculos da Corpo & Dança possuem um tema específico referente ao ano de apresentação e, desta vez, os diretores da academia Caren Jensen e Horácio Martins decidiram que o foco seriam artistas icônicos da música brasileira. Sendo planejado desde o início do ano, o tema do espetáculo é decidido em conjunto com os professores de cada gênero, a fim de que cada um possa já começar a trabalhar as ideias de coreografias que casem com o tema escolhido.

Bailarinos e pais de alunos também estão envolvidos durante toda a produção. Após formar uma pequena comissão com boa parte dos membros da academia, a produção do espetáculo começa de maneira efetiva. “A melhor parte da produção é quando a gente está superanimado [no início], mas ainda ficamos meio inseguros, né? Daí quando a gente faz a reunião com todos, (…) apresentamos a ideia e o pessoal acha ótimo, é a melhor parte, começamos a trabalhar, a desenvolver mais o tema”, descreve Caren.

 

Cenografia destacou as imagens de todos os homenageados     Foto: Suzana Pacheco/pachecosuzana.nik/Divulgação

 

Tendo a intenção de sempre apresentar algo novo e fresco para o público, a Corpo & Dança inova não somente no seu tema, mas também em suas coreografias, buscando levar ao palco uma diversidade de movimentos, corpos e formas para a sua composição. “A gente [quer] mostrar coisas novas que não sejam repetitivas e estamos sempre pensando que uma coreografia tem que ser diferente da outra, que não pode ter no palco as mesmas diagonais, a mesma roda, os mesmos desenhos coreográficos ou as mesmas cores de figurino. [Queremos] que seja sempre uma coisa diferente que, quando [as pessoas] assistam, cause aquele impacto da surpresa”, afirma a diretora Caren Jensen. Isso é reforçado pelo relato de Manoella Collares, ex-aluna da academia, ao contar que a sua parte favorita durante o processo de criação das coreografias era saber “se teria algo de diferente e que chamasse mais a atenção do público”.

Belchior, “AmarElo” e Emicida 

Uma das coreografias acontece ao som de “AmarElo”, do rapper Emicida. E o professor das turmas de danças urbanas, Taison Furtado, diz que a ideia de usar a música surgiu para a apresentação deste ano, a partir da personalidade escolhida para ser homenageada pelo seu grupo, o cantor e compositor Belchior.

“O processo de criação (…) veio a partir da seleção da personalidade, da voz. E seria o Belchior, então, a partir de Belchior, a gente chega em ‘AmarElo’. É uma música do Emicida que tem um ‘sample’ de Belchior, (…) uma sonoridade urbana. A partir daí, a gente pôde desenvolver toda a nossa movimentação de danças urbanas, para que se conseguisse, de certa forma, criar símbolos em que a gente potencializasse essa existência de Belchior”.

A partir desse ponto, o coreógrafo passou a pensar como tudo que é dito na composição “AmarElo” do rapper paulista, com referência ao cantor cearense, “bate em mim, bate em nós e o quanto a gente consegue criar novos símbolos [na dança] para potencializar tudo isso”.

No processo de criação, Taison procura garantir que o que vai ser mostrado condiga com a letra da música, com os artistas e o sentimento que ela passa. Mas, para que tudo isso possa ser feito, é necessário um trabalho especial com os bailarinos que irão executar a coreografia em questão, pois, para o professor, este é um trabalho que depende “cinquenta por cento do coreógrafo e cinquenta por cento do elenco, tanto em dedicação, quanto em confiança.

“A gente passa, antes de tudo, pelo processo de desenvolvimento da corporeidade dos alunos, dessas pessoas que vão fazer parte do elenco. Então, primeiro, a gente prepara muito bem no que diz respeito à estrutura de movimento, ao tempo, espaço, expressividade, todas essas questões”, conta Taison sobre os ensaios com o seu grupo.

Após esse trabalho ser concluído com os alunos, o processo de ensaio se instala e se estende até os últimos dias anteriores do espetáculo. Nesse processo, Taison vê o ensaio como a hora de trabalhar a repetição dos movimentos até o momento em que os bailarinos “tenham total segurança de misturar, de transbordar aquilo que eles sentem no momento da apresentação para que eles não se atentem apenas à técnica.”

Mais do que atender à técnica, o coreógrafo espera que, junto a ela, os artistas tragam as suas expressões e a sua naturalidade. “O bailarino vai estar conectado com isso, com este sentimento”. Para a ex-bailarina Manoella Collares, estar no palco conectada com a música e a coreografia era a chave principal para transmitir o sentimento e dedicação que as sequências pediam, mesmo com o nervosismo e o frio na barriga presentes. “No momento em que eu entrava no palco, o nervosismo se acentuava e eu sentia que não lembrava de nada, mas, quando a música iniciava, eu só deixava o corpo fluir conforme a melodia, eu dançava sem nem pensar nos passos. No final, sempre dava certo. Quando terminava, eu sentia que finalmente conseguia respirar, estava com o coração a mil e com muita energia no corpo, dava vontade de voltar e dançar outras várias vezes, só pra viver aquela adrenalina de novo”, recorda.

 

Grupo de Danças Urbanas em cena com ‘AmarElo’ de Emicida       Foto: Deka Chagas/dekachagasfotos/Divulgação

 

Além de idealizar a coreografia, o professor Taison também entrou no palco junto de seus alunos e encara o desafio como um grande compromisso – não só por ser mais um dançarino no palco, mas também por ter a oportunidade de contribuir para o crescimento de seus alunos. “Poder dividir o palco com pessoas que estão tendo a sua formação comigo é de uma responsabilidade e, ao mesmo tempo, de uma magia imensa, porque somos tão rápidos e todos são pessoas que vão ter a sua vida transformada pelo restante da sua existência”, reflete. “Então, é muito importante, de uma responsabilidade imensa para mim, um prazer enorme poder participar da vida dos meus alunos. Assim, poder ser esse pontinho na vida deles e entender que eles vão para a cena se divertindo, aproveitando tudo isso”, afirma.

 

Entre uma e outra coreografia, bailarinas assistem os seus colegas no palco pelas coxias   Foto: Sarah Oliveira

 

Bailarinos e público unidos pela dança

Após tantos anos de apresentações, a intenção da Academia é a mesma: unir bailarinos e público pela dança. Para Caren Jensen, o fundamental em um espetáculo é que os artistas se sintam confortáveis para dançar e se apresentar diante de uma grande plateia como a do teatro, da mesma forma em que eles se sentem à vontade nas salas de ensaio contribuindo para a montagem de toda a produção – desde o figurino até a coreografia. Em relação ao público, o principal objetivo é demonstrar que a dança é um movimento universal e que inclui a todos que estiverem dispostos a fazer parte da sua arte.

Segundo a diretora, a expectativa em torno da resposta da plateia em relação às coreografias é sempre que “eles sintam vontade de dançar, que se sintam inseridos naquele contexto, que sejam coisas bem próximas da realidade deles, que conheçam as músicas e se envolvam mesmo, para não ficar aquela coisa como se a arte estivesse muito longe”.

Jensen também acredita que a pluralidade de seus alunos também auxilia o público a perceber o quanto a dança é inclusiva e diversa ao ver pessoas de diferentes corpos, etnias e idades em cima do palco. “O legal deles assistirem o espetáculo da academia é verem que é possível eles também dançarem, também participarem como protagonistas da arte”, afirma Caren, ao refletir sobre o impacto que a dança pode ter em quem assiste.

Agora fazendo parte do público, a estudante Manoella conta que, no final de cada espetáculo, se sente “muito orgulhosa e contente de todo esforço e trabalho duro da equipe ser recompensado com todas as pessoas na volta curtindo e elogiando”, toda a produção elaborada ao longo do ano e que se materializou no palco. 

 

                                           No final do espetáculo, todos bailarinos e professores se juntam para agradecer ao público                    Foto: Deka Chagas/dekachagasfotos/Divulgação 

 

Mudanças em Pelotas

Sendo uma cidade rica em cultura, para além do doce, Pelotas também é uma cidade cuja dança é um dos movimentos que sempre esteve presente em sua existência, mas que, ao longo dos anos, sofreu com altos e baixos. Ao relembrar o início da sua carreira como dançarino, o professor Taison Furtado, do grupo juvenil e adulto de danças urbanas da academia, afirma que a cena da dança da cidade já foi completamente diferente do que é hoje: “Pelotas é uma cidade que tem uma veia artística muito bem desenvolvida. A gente tem muitos artistas, coreógrafos, professores, pessoas que são da dança e que hoje (…) estão por aí pelo mundo afora, pelo Brasil afora e que são pessoas importantíssimas para a cena nacional e internacional da dança”, diz.

Taison acredita que Pelotas tem muitos tesouros, “muitas joias que são da área da dança”.  Considera que seria muito importante a cidade olhar com um carinho maior para as artes, porque “tem filhos que são muito importantes no mundo”. Ele lembra que viveu em uma época quando existiam várias mostras de danças no decorrer do ano. Isso fazia que muitas pessoas comparecessem aos espetáculos de dança. Apesar da nova realidade do cenário cultural pelotense, a dança está cada vez mais se reinventando dentro da cidade, através de novos movimentos da própria categoria.

Obstáculos enfrentados

Feito para celebrar dançarinos e professores, o espetáculo de fim de ano da academia vem da vontade de continuar trazendo a dança para o calendário cultural da região. Durante todos esses anos, apesar de constar sempre com o seu público fiel, as apresentações de grupos artísticos sofreram, – e ainda sofrem – diversos obstáculos para serem realizados.

Para Caren Jensen, professora e dona da Corpo & Dança, não somente os esforços das escolas e bailarinos da cidade devem ser os responsáveis pela reestruturação da dança na cena local, a Prefeitura também deve contribuir com incentivos para que essa arte continue presente no calendário cultural. E a reabertura do Theatro Sete de Abril seria um bom início para tal feito. Ela aponta para a dificuldade de pagar o aluguel do Theatro Guarany, que é uma empresa particular, com um custo aproximado de 7.500 reais. Além disso, há gastos com cenário, produção, estúdio, edição musical, material de divulgação, com as taxas do ECAD, voltado aos direitos autorais das músicas, Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (SSQN) e gastos com som e luz, que chegam a 5.500 reais. No Theatro Sete de Abril, os espetáculos pagam só uma porcentagem da venda dos ingressos, o que viabiliza escolas e grupos com menor infraestrutura a realizarem seus espetáculos. “Então o que falta é isso… um comprometimento da Prefeitura”, observa. “Não adianta dizer que Pelotas é uma cidade da cultura e não nos dar oportunidades.”

Apesar de ser uma jornada de produção de muito esforço e investimento, o resultado final para todos os envolvidos no momento em que as cortinas se fecham é o mesmo: gratidão. “É muito importante quando a gente pode levar os nossos trabalhos para um palco que tem uma estrutura com a iluminação e sonorização adequadas, onde o nosso público vai se sentar confortavelmente e vai conseguir assistir e fluir de uma forma extremamente tranquila, porque está se sentindo à vontade naquele espaço. Então, é sempre muito importante toda vez que a gente pode levar e apresentar o nosso trabalho em um espaço que realmente valorize ainda mais o que a gente mostre em cena, né? É muito gratificante.”, afirma Taison, ao contar como ele se sente ao levar o seu grupo para o palco do Theatro Guarany.

Mais uma vez, a Academia Corpo & Dança entregou um espetáculo rico em dança, música e cultura para o público pelotense, estendendo esse momento especial para quem assistia dos assentos do Theatro Guarany e deixando a grande expectativa do que será apresentado nos palcos dos teatros de Pelotas em 2024.

 

Composto por casais, grupo de ‘Dança de Salão’ apresentou três coreografias Foto: Deka Chagas/dekachagasfotos

 

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Tchau Verão: evento gratuito com shows no sábado

Tom Neves e Pagode do Resenha são as atrações musicais do evento que ocorre no bairro Três Vendas, em Pelotas     

Por Yan Freitas Cavallin e Yasser Hassan       

Para celebrar o fim da estação mais quente do ano, a Rádio Atlântida de Pelotas vai realizar o evento Tchau Verão no próximo sábado, dia 2 de março, no Food Hall Quartier (rua Boulevard Quartier, bairro Três Vendas), em Pelotas. Vai contar com a presença dos comunicadores da rádio, que vão interagir com o público e transmitir o evento ao vivo. As principais atrações musicais são o cantor Tom Neves e o grupo Pagode do Resenha.

Serão dois shows ao vivo. O primeiro será do cantor Tom Neves, que sobe ao palco às 17h e vai animar a galera com seus sucessos do pop, rock e reggae nacional. O cantor possui trabalhos autorais, mas se destaca por shows cover de artistas como, Armandinho, Natiruts, Tim Maia, etc.

Tom comentou a importância de ser um evento aberto ao público e a sua expectativa para a apresentação, “Eu acho muito importante que a música seja acessível a todos, por isso. eu apoio a iniciativa de fazer esse evento gratuito. A música é uma forma de expressão, de emoção, é uma forma de arte e de cultura. Assim, eu agradeço a oportunidade de compartilhar a minha música. Estou muito ansioso para subir ao palco e cantar as minhas canções que vocês gostam, que nos fazem felizes.”

             

O balanço e a energia do reggae vêm com as canções de Tom Neves Fotos: Divulgação

 

O segundo grupo musical será o grupo Pagode do Resenha, que promete fazer todo mundo dançar com hits do samba e do pagode a partir das 19h. O grupo vem em grande crescimento no cenário musical da zona Sul do Estado, destacando-se por suas músicas autorais. Foi criado em 2022, pelo percussionista Flávio Corrêa, com o intuito de levar os gêneros samba e pagode para as casas de shows de Pelotas. A banda tem o seu diferencial nos vocais, contando com os cantores Nicole Vieira e Pedro Mendes (também compositor).

 

Nos shows do Pagode do Resenha, Nicole Vieira e Pedro Mendes vêm na frente com seus vocais inconfundíveis     

 

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