“Temporada de Casamentos” e as várias faces do amor

História no cotidiano de uma família hindu ressalta os vários aspectos da vida afetiva   

Por Evelise Goulart     

Elenco principal traz ator Suraj Sharma, de “As Aventuras de Pi”,  e Pallavi Sharda, conhecida por seu papel em  “Lion” 

 

O filme “Temporada de Casamentos” é uma comédia romântica lançada pela Netflix no mês de agosto deste ano, dirigido por Tom Dey, responsável por outros títulos como “Marmaduke” (2010) e “Como despachar um encalhado” (2006). É estrelado por Pallavi Sharda, conhecida por seu papel como a estudante Prama no longa “Lion” (2016), e Suraj Sharma, ator muito lembrado por seu papel como Pi, em as “Aventuras de Pi” (2012).

Conta a história de Asha e Ravi, dois jovens de origem hindu que, por estarem focados em suas carreiras, não têm tempo para um relacionamento sério. Os dois acabam se conhecendo por meio de um encontro às cegas, organizado por suas mães que decidem tomar o futuro dos filhos em suas próprias mãos e arranjar um casamento, custe o que custar.

Depois de muito pensar, os dois fazem um acordo.  Fingem estar namorando durante a temporada de casamentos, para que ambos possam viver suas vidas sem a pressão das mães e das pessoas da sua comunidade. Mas nada é tão simples quanto parece. E o filme nos mostra isso o tempo todo.

Algo muito importante é o protagonismo não branco, a quebra de padrão é muito bem-vinda e necessária nos dias de hoje. É importante saber que conteúdos sobre outras etnias, culturas e cores, estão conquistando espaço nas plataformas de streaming, e isso é algo que vemos muito em “Temporada de Casamentos”.

Quando a mãe de Asha conversa com ela sobre o amor, como as coisas são feitas e sua praticidade, temos uma pequena amostra de como funciona o casamento na cultura hindu. Vemos a maneira como os casamentos arranjados são feitos e exemplos de como eram no passado, com a história do casamento dos pais da protagonista, e de como funcionam hoje em dia.

Durante a trajetória de Asha, percebemos que o amor é uma constante em sua vida, e podemos acompanhar como ela, à sua própria maneira, demonstra de formas diferentes esse sentimento.

Primeiramente temos o amor-próprio, a personagem é madura, aprendeu a ver o seu valor e sabe que merece muito mais do que um casamento sem amor ou um emprego medíocre. Em seguida temos o amor fraternal, que é o que vemos Asha demonstrar por sua família e amigos, o carinho com o pai, a cumplicidade com a irmã, a preocupação com a mãe, e a amizade estranha que compartilha com o chefe. E, finalmente, o amor romântico, representado tanto na forma em que Asha e Ravi se referem a seus relacionamentos antigos, quanto no relacionamento que os dois constroem no decorrer da história.

Apesar de ser leve e com uma história divertida, os pequenos detalhes na maneira como o amor é demonstrado durante o filme fazem com que o espectador perceba a importância dos pequenos gestos e lembre de suas próprias experiências. “Temporada de Casamentos” não é só uma comédia romântica é uma lição sobre a importância do amor em todas as suas formas.

 

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Joan Didion: o poder de encarar a vida de uma nova forma

Filme documentário sobre vida e obras da escritora e jornalista mostra sensibilidade de uma mulher que é símbolo de força  

Por Julya Bartz Boemeke Schmechel        

A escritora e jornalista Joan Didion nasceu no dia 5 de dezembro de 1934 e, desde criança, mostrou forte interesse pelo mundo da escrita. Com apenas cinco anos de idade, Joan produziu uma intrigante história sobre uma moça que acorda em pânico no meio da Antártida com grande medo de não sobreviver ao frio. Pouco depois, a moça percebe que na verdade está no deserto e que irá morrer de calor antes da hora do almoço. Essa familiaridade com os sentimentos extremos esteve presente em todas as obras da escritora, que foi – e ainda é – uma importante referência e inspiração para o jornalismo literário.

A autora de “O ano do pensamento mágico” e “Anos azuis” faleceu em 23 de dezembro de 2021, mas deixou um legado muito importante, principalmente ao escrever sobre o luto que enfrentou ao perder seu marido e sua única filha. O sofrimento de Joan transformou-se em livros repletos de emoções e grandes aprendizados para os leitores.

Em 2017, o sobrinho de Joan, Griffin Dunne, dirigiu o documentário “Joan Didion: The Center Will Not Hold” (O centro não vai segurar, em tradução literal) sobre etapas importantes da vida da jornalista. Disponível no serviço de streaming Netflix, a obra se conecta ao espectador através de um ar intimista e uma produção que utiliza poucas músicas, mantendo principalmente o som ambiente e o silêncio de Joan após o fim das frases. 

Joan Didion e seu sobrinho, Griffin Dunne        (Foto: Annie Leibovitz/Trunk Archive)

O documentário desmancha a imagem que grande parte do público carregou por muito tempo de Joan: como uma personagem frágil, com o peso do luto pairando em seus ombros. O documentário foi gravado aos 82 anos de Joan, com as imagens de uma senhora com jeito enfraquecido e abalada pelo Parkinson. Porém, apesar disso, durante uma hora e 38 minutos, o espectador enxerga uma mulher bem-humorada, que trata com leveza até os temas mais tristes de sua vida. A companhia de seu sobrinho, ao longo das gravações, com certeza contribuiu para garantir que o resultado da obra fosse tão satisfatório. Afinal, a intimidade e amizade entre os dois fez toda a diferença.

Joan fala sobre as pautas importantes que aconteceram no auge de sua carreira e como abordou cada uma, com sua escrita única e irreverente. Para muitos, como Ana Florindo, crítica do site Delirium Nerd  o grande destaque do documentário é o fato de Joan abordar seu casamento como um relacionamento real e não uma história de conto de fadas. Outro tema abordado de maneira um tanto dura e real é a maternidade e a culpa que Joan carregou pela morte de sua filha, apesar de não ter envolvimento algum com o trágico acidente.

Joan, seu marido John e a filha Quintana       (Foto: Reprodução/Internet)

Para completar a série de emoções repassadas no documentário, um grande destaque vai para a cerimônia realizada na Casa Branca em 2012, para premiar Joan Didion como uma das escritoras americanas mais célebres de sua geração. Joan recebeu a medalha The National Humanities Medal das mãos de Barack Obama, sendo reconhecida como uma escritora que “por sua maestria e estilo de escrita, explorando a cultura e expondo as profundezas do sofrimento, produziu obras de honestidade surpreendente e intelecto feroz”. 

Joan Didion recebendo a distinção  The National Humanities Medal, em 2012, ao lado de Barack Obama 

Aos curiosos ou entusiastas sobre a vida da inesquecível Joan Didion, o documentário aborda diversas histórias íntimas, com uma visão mais detalhada, que revelam o quanto a escrita foi fundamental para que a escritora ultrapassasse as fases mais obscuras e desafiadoras de sua vida. Sem chorar, em momento algum ao longo do documentário, a autora que revolucionou o jornalismo literário, ensina muito sobre amor, sonhos e leveza. É um abraço, especialmente para quem busca conforto.

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Brincando na Rua promove a cultura brasileira

Projeto garante espaços públicos para atividades lúdicas e amplia a sociabilidade entre as crianças com jogos tradicionais     

Por Victoria Fonseca     

Para aproximadamente 60 crianças dos 1º e 2º anos da EMEF Dr. Joaquim Assumpção, a tarde de sol do dia 27 de outubro foi recheada de brincadeiras tradicionais ao ar-livre. Com o propósito de garantir espaços públicos para as atividades lúdicas e possibilitar a sociabilidade infantil por meio da diversão, a iniciativa foi promovida em mais uma edição do projeto Brincando na Rua da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Durante duas horas, crianças com idades entre 6 e 7 anos brincaram livremente de diversas recreações populares, como carrinho de rolimã, corrida de saco, amarelinha, corda, entre outras, no pátio do Campus 2 da UFPel. Além da garotada, professores da Escola Joaquim Assumpção, alunos e docentes do curso de Pedagogia da UFPel entraram nas brincadeiras junto para participar e ensinar, já que grande parte da nova geração está acostumada apenas com diversão mediada por tecnologia.

Além do lazer, as brincadeiras proporcionam a produção de cultura lúdica. Conforme o coordenador do projeto, professor Rogério Würdig, as crianças trocam experiências e repassam a outras o que aprenderam. Assim como ampliam o acervo lúdico, que se trata de atividades de movimentação que promovem o desenvolvimento físico, social e cognitivo. “São atividades de movimento, tirando eles da apatia, de atividades enrijecidas, como por exemplo, em celulares e videogames, para livres e espontâneas”, explica.

As brincadeiras, que fazem parte da cultura brasileira, estão desaparecendo aos poucos devido à falta de promoção delas para as novas gerações. Ainda de acordo com Würdig, o estímulo às atividades populares de gerações anteriores para as crianças é essencial, pois elas são as guardiãs das recreações. “Se esses espaços não forem promovidos para elas, a cultura das diversas brincadeiras será perdida. São várias de origem indígena e africana que são praticadas desde 1500”, ressalta.

O professor também destaca a necessidade de espaços ao ar livre pensados e dedicados para o lazer das crianças. Há algumas décadas, era comum encontrar os pequenos brincando na rua, uma prática que com o passar do tempo foi desaparecendo. “Esse espaço aqui [no Campus 2] era uma quadra nos anos 90, agora é um estacionamento”, exemplifica.

Muitas brincadeiras têm origens indígena e africana e são praticadas há vários séculos          Foto: Carlos Queiroz

 

Autonomia e liberdade

A estudante do quinto semestre do curso de Pedagogia da UFPel, Larissa Nunes, 21 anos, participa pela primeira vez do projeto. Conforme a futura pedagoga, a iniciativa é uma oportunidade de levar às crianças o que os estudantes estão aprendendo dentro da sala de aula. Larissa destaca também que a atividade tem como características importantes proporcionar a liberdade e autonomia. “Queremos mostrar para eles essas brincadeiras que fizeram parte da nossa infância e da dos pais deles, além de promover a autonomia e liberdade deles brincarem e inventarem suas próprias maneiras de atividades”.

Companhia para brincadeiras

Pega-pega é a brincadeira do aluno do 2º ano da Escola Joaquim Assumpção, Anwar Hussein, de 7 anos. No entanto, ele conta que, geralmente, principalmente em casa, brinca mais no tablet, em razão da falta de companhia para a atividade que envolve muita correria entre diversas crianças. “Na maioria das vezes eu brinco no meu tablet porque não tem ninguém pra brincar comigo. Aqui estou brincando com os colegas”, diz em meio a pausa para o lanche.

Esther Lessa, também de 7 anos de idade, menciona que a melhor parte da atividade é poder brincar bastante, igual ela faz com colegas nos intervalos da escola. “Eu gosto de brincar de esconde-esconde. Aqui é como na escola, onde eu brinco bastante no recreio, em casa só tem minha prima e ela não gosta”, explica.

Brincando na rua

O projeto existe há mais de 20 anos. A atividade surgiu por meio de uma disciplina ministrada por Rogério Würdig no curso de Educação Física. Na época, anos 2000, ele sugeriu aos alunos que observassem crianças brincando na rua, a surpresa foi que, já naquela época, a prática de brincadeiras ao ar livre era difícil de ser encontrada.

A partir desse episódio, Würdig teve a ideia de desenvolver uma iniciativa para a promoção de brincadeiras e atividades ao ar livre para as crianças com o propósito de evitar que a prática se perdesse totalmente com o tempo. “Na primeira edição, nós fechamos parte da rua Lobo da Costa para os alunos da Joaquim Assumpção e cerca de 120 crianças participaram. A atividade surge pelo fato de não haver mais crianças brincando na rua, ao ar livre em geral”, conta.

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Legado artístico ajuda jovens com dificuldades

Leilão das obras da artista rio-grandina Margarida Coelho arrecada mais de R$ 5 mil em prol de instituição de caridade   

Por Guilherme Alves Rajão   

Uma das maiores artistas que a cidade do Rio Grande já conheceu colaborou, mesmo que indiretamente, mais uma vez, para o bem-estar de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social do município. Durante toda a semana, de 17 a 21 de outubro de 2022, as obras deixadas em vida pela artista Margarida Coelho foram leiloadas, arrecadando mais de R$ 5 mil que serão doados para o Lar da Criança Raio de Luz.

O projeto começou através de uma ideia da sobrinha de Margarida, Cláudia Coelho, que levantou a ideia de doar as obras para que um grande leilão fosse realizado a fim de ajudar aqueles que mais necessitam. A ideia saiu do papel e – com a ajuda de inúmeras mãos – teve um grande final feliz. O valor dos quadros variava entre R$ 300 e R$ 900 e todos eles foram arrematados pela comunidade rio-grandina, que apoiou a causa desde o início.

Foram sete compradores presenciais e três que adquiriram os quadros através da transmissão pelas mídias sociais. No leilão foram arrematadas 11 obras, totalizando o valor arrecadado de R$5.765,00. Uma roda de conversa ainda foi realizada, com a presença de Dejanira Souto, presidente do Lar Irmã Maria Tereza (LIMT), Rosinha Marzol e Toni Soares, representantes do Lar da Criança Raio de Luz, e Cláudia Coelho, sobrinha de Margarida Coelho.

No leilão foram arrematadas 11 obras em prol do Lar da Criança Raio de Luz

 

“Esses valores serão fundamentais para o Lar da Criança Raio de Luz, que faz um trabalho imprescindível junto aos jovens em situação de vulnerabilidade e abandono. Nós entendemos que iniciativas como essa fazem todo nosso trabalho valer a pena, dentro de um processo de compreensão e valorização do que fazemos aqui”, relembrou a presidente do Lar da Criança Raio de Luz.

Já para a sobrinha de Margarida, a médica Cláudia Coelho, o projeto é fruto de muito orgulho. “Fico muito feliz que todo esse trabalho tenha rendido bons frutos. Margarida foi uma artista, tinha mãos abençoadas e poucas vezes foi tão bem reconhecida por tudo que fez e pelas inúmeras pessoas que ajudou. Hoje, sentimos gratidão por tudo que ouvimos sobre ela e pela certeza de um legado incomparável”, disse.

Os valores arrecadados serão destinados à compra de equipamentos, móveis e alimentos que serão destinados exclusivamente ao atendimento de jovens de adolescentes do Lar da Criança Raio de Luz. 

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“Ensaio sobre a cegueira” e sua atemporalidade

No ano do centenário de nascimento de José Saramago sua obra segue impactando leitores pelo mundo     

 Por Roberta Furtado Muniz       

O leitor mergulha junto com os personagens dentro de um prédio em isolamento

 

Chocante, cru, aterrorizante. Três adjetivos que descrevem em parte o que é ler “Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago. Não há como ler essa obra sem sentir angústia, medo e a sensação de sufocamento que a história carrega. Embora esse livro seja recomendável para todo mundo, também é preciso lembrar de cenas tão difíceis de ler, que talvez não sejam exatamente indicadas para todos.

Sem nos dizer em que tempo, local exato em que se passa, começamos acompanhar uma trama em que um homem fica cego de repente. Estava ele em um semáforo, quando simplesmente perde a sua visão e só passa a enxergar branco, como se tivesse sua cabeça sido mergulhada em leite. Ele grita por ajuda, desesperado, e pessoas correm em seu auxílio.

É levado para casa e, quando sua mulher chega, ela toma a providência de levá-lo ao oftalmologista. O médico não consegue explicar o que lhe passa, não há nada de anormal em seus olhos. O que será isso? Mais exames serão necessários, então, pensa o médico. Que caso intrigante ele tem em mãos. Porém, infelizmente, não haverá muito tempo para estudos já que outros estão cegando.

O próprio médico cega. O mal branco, como também começa a ser chamado, está infectando a todos, pelo que parece. O governo é acionado e os isolamentos serão feitos. O médico será levado embora. Enquanto ainda não tinha ficado cega, sua esposa não deixa levarem seu marido sozinho.  E, na sequência, ela lhes diz: acabei de cegar.

Agora o leitor mergulha junto com os personagens dentro de um prédio em isolamento. A única a ver, ainda é a esposa do médico, que acaba se mostrando a protagonista dessa história. Não se sabe por que, mas ela permanece com sua visão, embora o caos que se instaura, às vezes a faça sentir vontade de ficar cega também. E é isso, a desordem toma conta de tudo quando o mundo inteiro aparentemente para de enxergar.

Fome, abuso sexual, violência, podridão. Mortos, feridos, dejetos humanos espalhados por qualquer lugar. Sujeira. O cenário é angustiante. É devastador. O leitor sente-se completamente imerso dentro da história, que, por mais assoladora que seja, também evidencia o grande escritor que foi Saramago. Hoje em dia, fica quase impossível de não fazermos um paralelo da narrativa com a pandemia da Covid-19, pela qual passamos e ainda permanece presente entre nós. O caos em “Ensaio sobre a cegueira” foi extremamente maior, mas enquanto lemos uma história dessas, lembramos inevitavelmente de nossos hospitais lotados, de países com mortos nas ruas e dentro das suas casas, de não haver mais lugar onde alocar os pacientes.

O livro de Saramago, com seus personagens sem nome, evidenciando a desumanização deles diante da cegueira de todos em volta, sem que haja distinção entre eles, nos faz pensar nos tantos nomes que se apagaram ao nosso redor após a pandemia da Covid-19. Em nosso estado, já se somam mais de 41 mil vidas perdidas.

Publicado pela primeira vez no ano de 1995, há quase 20 anos, Saramago não poderia saber o quanto sua história lembraria uma parte da nossa realidade, e nem o impacto e a importância que tem hoje em dia na literatura mundial. E, no ano de 2022, em que é comemorado o centenário de nascimento desse autor português, sua obra segue viva e nos brindando com excelência.

A edição comemorativa foi lançada esse ano pela editora Companhia das Letras, contando com informações adicionais para além da história fictícia. E para quem pretende ler ou já leu e ainda não assistiu, recomenda-se também a adaptação cinematográfica, lançada no ano de 2008 e dirigida pelo brasileiro Fernando Meirelles. Apesar de algumas mudanças, a essência da obra está totalmente captada na tela, gerando, como o livro, um misto de sentimentos enorme em quem assisti.

               Neste ano está sendo comemorado o centenário de nascimento de José Saramago                     Foto: Divulgação

 

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Eu amei o site. Espero ter acertado ♥��
Carla Familiar Franca

Feira do Livro de Pelotas retorna após dois anos para a 48ª edição

Evento voltado para a cultura literária inicia hoje, às 13h, na Praça Coronel Pedro Osório   

Por Isadora Mariko Ogawa e Joanna Manhago Andrade     

Após um intervalo de dois anos, a 48ª edição da Feira do Livro de Pelotas volta a ser realizada de hoje (28 de outubro) a 15 de novembro, na praça Coronel Pedro Osório, em Pelotas. Promovido e realizado pela Câmara Pelotense do Livro desde 1960, este ano o evento traz como inspiração o espírito de transformação e de valorização da literatura, com o slogan “Uma cidade, muitas histórias”.

As atividades da Feira acontecem das 13h às 21h, todos os dias, envolvendo uma ampla programação para crianças ao longo do dia, até mesas de conversa com autores na parte da noite. Para Theia Bender, coordenadora do evento, além de fazer uma feira totalmente literária, o propósito é aproximar os leitores dos escritores.

Theia, que também é organizadora há mais de 12 anos da Feira, lembra da magia que envolve o evento. “Trazer a Feira de volta é muito importante, pois a gente sente a carência das pessoas por esse encontro, por estar na praça de novo, e com os livros”, enfatizou.

Nesta edição, toda a programação foi dirigida para que o livro, a leitura e a literatura fossem o foco principal, sem as tradicionais apresentações musicais e a praça de alimentação. Elisabete Lovatel, presidente da Câmara Pelotense do Livro, certifica o renascimento da Feira e a importância de incentivar os hábitos literários.  “O foco dessa edição é aproximar as pessoas da leitura e dos livros”, destaca. Ela ainda demonstra sua animação para o retorno do evento, com a expectativa de um excelente público.

Com base na pesquisa do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), a qual indicou que 49,8% da população de Pelotas não tem o hábito de ler livros, a Feira também articula ações para estimular o costume, distribuindo vários “Pontos de Leitura” na cidade, a fim de promover a prática. “Queremos valorizar o tempo e o espaço dedicados à inserção na leitura, e entendemos que este incentivo é uma causa coletiva, que precisa partir de toda a sociedade para beneficiar a cidade”, defendeu Elisabete.

Com 13 livreiros, expositores, tenda cultural, cafeteria e o palco com atividades literárias, a estrutura da 48° Feira do Livro de Pelotas já está montada. Com início nesta sexta-feira (28), sua abertura oficial acontece na noite de sábado (29).

Serviço

O que: 48ª Feira do Livro de Pelotas

Quando: de 28 de outubro a 15 de novembro

Onde: Praça Coronel Pedro Osório, Pelotas (RS)

Entrada franca

 

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Santa Cruz do Sul recebe evento voltado ao cinema nacional

Programação da 5ª edição do Festival segue até esta sexta-feira (28) e conta com a mostra de diversos curtas nacionais    

Por Larissa Bruno    

Ocorre até esta sexta-feira (28), a 5ª edição do Festival Santa Cruz de Cinema. O evento, que acontece durante cinco dias na cidade de Santa Cruz, tem como objetivo promover a cinematografia nacional, através da exibição gratuita de curtas-metragens brasileiros. Os encontros ocorrem às 19h, no Auditório Central da Universidade Santa Cruz do Sul.

A abertura oficial do evento ocorreu no início da semana, dia 24, e contou com a presença da gestora municipal, Helena Hermanyscs, que assinou a lei que estabelece a criação de uma comissão fílmica na cidade para atrair e incentivar a realização de produções audiovisuais no local. Na noite de terça-feira (25), a mostra ‘Olhares Daqui’, abriu a primeira sessão de exibições com seis obras produzidas no município.

Já na Noite de Premiações, último dia do evento, ocorre a cerimônia de encerramento e entrega do Prêmio Tuio Becker ao ator e diretor Júlio Andrade, além de outros dez troféus aos destaques da edição. Conforme o organizador do festival, Rudinei Kopp, “Nada mais justo do que reconhecer personalidades importantes para o cinema nacional, que possuem esse amor pelo que fazem”.

O ator e diretor Júlio Andrade será homenageado com o prêmio Tuio Becker

Confira a programação de encerrramento

Nesta quinta-feira (27), às 14h, ocorre o tour arquitetônico e cervejeiro pela cidade. Já às 19h, será feita a transmissão dos filmes: “O Barraço”, de Gabriel Motta; “Meu nome é Maalum”, de Luíza Copetti; “Possa Poder”, de Victor di Marco e Márcio Picoli; “O elemento tinta”, de Luiz Maudonnet e Iuri Salles; “Só mais uma frase”, de Giulia Bertolli e “Poder Falar”, de Evandro Manchini. Após cada exibição, o público participa de bate-papos sobre os curtas com os realizadores.

Ao longo da semana, foram transmitidas seis obras em cada dia, totalizando 18 filmes exibidos no festival. A programação completa pode ser conferida pelo Instagram @festsantacruzcinema ou através do site do festival.

 

 

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“Uma Advogada Extraordinária” ajuda na compreensão do autismo

Série sul-coreana, sucesso de audiência, traz narrativa sensível e divertida sobre protagonista com Transtorno de Espectro Autista (TEA)      

Por Gabriela Pereira       

O K-Drama “Uma Advogada Extraordinária”, que estreou em junho deste ano, traz a beleza, leveza e diversão e está tendo um alcance mundial. A novela sul-coreana conta a história de Woo Young Woo, uma advogada com transtorno de espectro autista (TEA). Em uma produção original Netflix, a advogada é protagonizada pela atriz Park Eun Bin, um dos grandes nomes na indústria coreana e que ganhou o prêmio de Melhor Atriz por seu papel em “O Rei de Porcelana”, outra produção original do mesmo serviço de streaming.

Com seu QI altíssimo, de 164, a Young Woo se formou como a melhor aluna da turma na prestigiada Universidade Nacional de Seul. Por esse motivo, ela conseguiu uma vaga de emprego como advogada em um dos maiores escritórios de advocacia do país, com todo o apoio do seu pai dedicado, que tem papel fundamental na vida de Young Woo. Mesmo com sua inteligência elevada, a advogada tem dificuldade em interagir socialmente, seu jeito é visto por outras pessoas como “esquisito” e “solitário”.

A atriz Park Eun Bin tem sido elogiada por sua atuação como Woo Young Woo             Fotos: Divulgação

 

Enfrentando desafios

O dorama (como os dramas televisivos em sul-coreanos são chamados) tem como foco a trajetória de Young Woo. Os episódios trazem as mudanças de sua recém-chegada ao escritório, como a primeira interação social com o mundo externo, o que é abordado pela série de forma sensível e responsável, sem reforçar estereótipos ou polemizar o tema.

A personagem carrega características certamente peculiares, principalmente, pelo seu fascínio por um mamífero em específico, a baleia. Seu grande conhecimento sobre a natureza do animal permite fazer alusões aos casos no tribunal. Há cenas incríveis em que ela vê uma baleia se movendo lentamente ao seu redor e essas imagens a levam a encontrar soluções para as questões jurídicas.

Representar alguém com um tipo de transtorno pode ser desafiador.  Por isso, a atuação de Park Eun Bin impressiona os críticos e telespectadores, devido à sua dedicação como atriz, demonstrada ao longo da série.

A história nos leva a refletir o quão é importante e necessário falar sobre o tema. Vê-se como a advogada precisa enfrentar cotidianamente o preconceito que pessoas com autismo sofrem.

Além do contexto profissional, Woo Young Woo tem um relacionamento amoroso com o assistente Lee Jun-ho, interpretado pelo ator Kang Tae-Oh. Essa parte da história trata de mais um estereótipo que possa existir, pois, mesmo com espectro autista, é possível amar e ser independente.

Um dos momentos que tornou a série conhecida nas mídias sociais é o cumprimento de Young Woo à sua melhor amiga de infância Dong Geaurami. Há cenas descontraídas e que têm grande importância nas decisões da advogada.

Cotidiano da personagem traz aspectos da vida profissional e sentimental

 

Da teledramaturgia para a realidade

Assim como as grandes produções sul-coreanas, o roteiro da dramaturgia carrega um ensinamento para quem assiste. Dentro disso, o autismo torna-se uma temática delicada e importante, pouco abordada em séries e produções cinematográficas. A criatividade fica por conta da alusão às baleias, que são a forma de conectar Young Woo em suas decisões, pensamentos e ideias, e a ajudam e guiam a entender o mundo da sua maneira.

“Woo não é uma expectativa polida do que uma pessoa autista deve ser pelos olhos de uma pessoa neurotípica, ela possui falhas realistas e está longe de vencer sempre”, escreveu o crítico Nick de Angelo, do site Woo Magazine

Para alguns telespectadores, o teaser já foi surpreendente, pela temática envolver uma protagonista advogada e autista. Lara Assunção Silva, de 21 anos, relata que se sentiu satisfeita pelo assunto ser abordado de forma leve e criativa. Outro ponto destacado por Lara, são os casos mostrados nos julgamentos. “Todos os episódios relatam assuntos superimportantes da sociedade e com críticas em relação a esses problemas”, comenta.

Além disso, Lara destaca sua surpresa em relação ao romance entre os protagonistas. “Pelo tema em si, nem precisava de um romance, mas qualquer pessoa que começa a assistir implora que seja bem desenvolvido no decorrer dos episódios. Esse dorama traz muitos ensinamentos, terminei com o coração aliviado e totalmente satisfeita,” destaca.

“Uma Advogada Extraordinária”, conta com 16 episódios, tendo sua segunda temporada confirmada para 2024 e está disponível na plataforma de streaming Netflix.

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Prezada, eu estou assistindo novamente a série e realmente como algumas outras séries coreanas e de demais países asiáticos , hoje, estão nos trazendo para o enorme preconceito e relações de poder, opressão violência que a sociedade coreana carrega , bem como demais em várias partes do mundo. Agora assisto com um olhar mais cuidadoso do script e da maneira como os casos podem ser resolvidos com um a advogada e seus pares com espectro autista e outras questões emocionais e de caráter veladas e com capacidade analítica e de síntese que assusta e paralisa ou outros a sua volta com outros espectros ou aspectos de pseudo-normalidade. O foco no autismo nos leva ao comportamento infantilizado, violento repugnante, apaziguador, lotado de repulsas ” educadas” e julgamentos a priori sobre o outro que não conhece em seus potenciais , habilidade e ações. O diálogo dela com a descoberta da mãe é absolutamente revelador como a dissimulação, tentativa de apagar atitudes do passado e hipocrisia de sociedade conservadora coreana- que obviamente também surgem em outras partes do mundo com contextos sociais, morais, políticos, econômicos e culturais distintos.

Grata pela resenha, Vania

Vania Velloso

Quero saber se já tem previsão para 2a temporada!

Valéria

Irmãs estudantes combinam habilidades para produzir arte

A dupla produz conjuntamente peças artesanais e artísticas    

Por Vitor Valente    

Sabrina e Meiissa participam de exposição em Feirinha de Rio Grande    Fotos: Divulgação

A sintonia entre as irmãs Melissa e Sabrina Araújo é visível para qualquer um que olhe atentamente para as peças produzidas pela Feijão Mágico. A combinação entre o talento artístico de Melissa e as habilidades e técnicas artesanais de Sabrina resultam em um trabalho que esbanja autenticidade. A dupla de estudantes natural de Mostardas, interior do Rio Grande do Sul, produz artigos artesanais e ilustrações como fonte de renda e mantenimento na universidade pública.

Aos 25 anos, Sabrina é bacharel em História pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural (PPGMP) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Aos 21 anos, Melissa, mais conhecida como Mel, é estudante de Artes Visuais – Licenciatura também da UFPel. As duas criaram a loja virtual Feijão Mágico durante a pandemia de forma paralela a empregos temporários. “A gente estava sem renda”, conta Sabrina.

Após alguns meses juntando dinheiro, compraram materiais e decidiram apostar tudo na lojinha, deixando os empregos temporários em segundo plano. “Um pouco de tudo, assim. Sem muita noção do que ia dar certo ou não. Meia dúzia de cada coisa e fomos fazer para ver o que iria vender e o que não. E é isso aí. E está dando certo até hoje”, conta Mel sobre os investimentos em materiais e as primeiras peças produzidas. “A gente sempre quis fazer alguma coisa juntas, sempre gostamos de fazer coisas artesanais”, diz Sabrina.

Exposição no evento cultural Sofá na Rua em Pelotas

Entre os artigos comercializados pela Feijão Mágico, destacam-se os panos de prato, os bloquinhos e cadernos, além das ilustrações de Melissa. A artista explica que os produtos vendidos são essenciais para a sua subsistência e manutenção na faculdade. “É importante porque qualquer coisa que venda já é uma passagem para Pelotas, outro produto que venda já é tipo o RU da semana toda”, exemplifica Mel.

Melissa revela que desenhar é algo recente em sua vida. Ela explica que durante o ensino fundamental, só produzia por obrigação escolares. “Só copiava por cima, ou então fazia do pior jeito possível, sem prestar atenção”, relata. A influência de uma professora de artes do ensino médio fez com que a estudante começasse os seus primeiros rabiscos. Entretanto, nota que o trabalho na Feijão Mágico foi primordial para estimular o desejo de aprender mais sobre arte e ingressar no curso de Artes Visuais. “Eu descobri que tinha vontade de ser artista”, reconhece.

A artista conta que precisa de tranquilidade para se inspirar e produzir. “Normalmente vem quando estou muito de boa. É quando produzo mais. Quando estou feliz, escutando música”, frisa. Ela confessa que a pressão e o estresse impedem que ela faça mais do que rabiscos. “É por isso que às vezes as encomendas são um problema”, admite. Apesar de normalmente conseguir cumprir as demandas, Melissa relata que em uma ocasião não conseguiu realizar a entrega de encomendas. “Eu fiquei muito frustrada, disse que não faria mais nada”, lamenta.

Apesar da frustração momentânea, o projeto seguiu de pé. As irmãs revelam que sempre gostaram de universos e histórias de fantasia. Com isso, o apreço das duas pela fábula infantil do João e o Pé de Feijão acabou inspirando o nome da loja de artesanatos. Quanto ao futuro, garantem que a parceria vai continuar. “A gente se complementa muito e precisa uma da outra para fazer as coisas funcionarem”, completa Sabrina.

Sabrina e Melissa são naturais de Mostardas, onde começaram o projeto

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Cine UFPel faz lançamento nacional e traz filme alemão

Sessões serão nesta sexta-feira às 16h e às 19h

Amanhã, dia 21 de outubro, o Cine UFPel promove duas sessões, uma com um filme brasileiro e outra com um título alemão. Um falando do momento político e outro de questões culturais na Europa. A entrada é gratuita e a sala de exibição está localizada na rua Álvaro Chaves, 447, em Pelotas, na esquina com a rua Lobo da Costa (No prédio da Agência da Lagoa Mirim, com entrada pela Álvaro Chaves).

Às 16h, acontece o lançamento do mais novo documentário de Maria Augusta Ramos: “Amigo Secreto” (2022), em parceria com a Vitrine Filmes.  Este documentário faz uma radiografia da macropolítica brasileira contemporânea. Em 2019, um vazamento de conversas entre autoridades brasileiras abala a credibilidade da Operação Lava Jato. Em meio à crise, quatro jornalistas acompanham a situação que coloca a democracia brasileira em risco.

            Diretora Maria Augusta Ramos está fazendo lançamentp do documentário em várias cidades do Brasil            Fotos: Divulgação

Às 19h, em parceria com Curso de Licenciatura em Letras Português e Alemão e o Instituto Goethe, será apresentando o longa-metragem  ”Almanya – Willkommen in Deutschland” (2011) da diretora alemã Yasemin Şamdereli.

A tragicomédia tem como tema central questões de identidade e de pertencimento a um país e a uma cultura. Apresenta, de forma leve, as dificuldades enfrentadas por uma família de imigrantes turcos ao se mudar para a Alemanha em reconstrução no período pós-guerra nos anos 1960.

Acompanhado por esposa e filhos, Hüseyin Yilmaz é o turco de número “um milhão” emigrado em 1964, a partir de incentivos do governo alemão. Esta história é contada pelos olhos da neta de Hüseyin, 45 anos mais tarde, quando os avós, agora portadores de passaporte alemão, resolvem retornar à Turquia. Porém o movimento de retorno reserva novas dificuldades de adaptação. 

O deslocamento em busca de melhores condições de sobrevivência é uma temática recorrente ao longo dos séculos e a adequação a um novo meio nem sempre é um processo fácil. A história questiona o que nos define como pertencentes a um país e a um contexto cultural.

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