“SENHORES DA HISTÓRIA”: REPRESENTAÇÃO E IDENTIDADE
NA ESCRITA E ENSINO DA HISTÓRIA DE GUARAPUAVA/PR
Diego da Luz Nascimento
Resumo: Esta dissertação consiste em um estudo de cunho analítico-crítico sobre a construção da narrativa histórica local da cidade de Guarapuava/PR. Com esse intuito tomamos como fontes principais materiais escritos com fins didáticos e paradidáticos para serem usados no ensino da história da referida cidade. Pautamos nossas análises no referencial teórico da história cultural, buscando assim compreender tais materiais dentro de seus contextos de produção e autoria. O principal foco foi perceber o modo pelo qual os livros evidenciam um modelo de identidade do “guarapuavano”, servindo como espaço de representação da parcela social em apreço. Discutimos ainda questões relativas ao ensino de história, observando como se buscou legitimar uma “versão” sobre a história local a partir de seu ensino escolar. Percebemos que o modelo de identidade que se apresenta diz respeito a uma visão parcial da história forjada dentro do próprio grupo que se utiliza dela para se representar, estabelecendo assim posicionamentos na estrutura social. Observamos ainda que tal narrativa apresenta em sua construção elementos que fazem parte do imaginário social, destacando a figura de “heróis”, políticos e pioneiros, ao mesmo tempo em que estabelece o lugar do “outro”. É possível afirmarmos que o modelo de identidade do guarapuavano identificado nas fontes, embora seja colocado como padrão, diz respeito a um grupo social que se autorepresenta e mantém seu prestígio social e político, haja vista que tal narrativa serve também como meio de manutenção e legitimação do poder deste grupo, sendo frequentemente utilizada como a história oficial de Guarapuava.
Palavras-chave: Identidade, Representação, História local
Banca: Edgar Ávila Gandra (UFPel, orientador), Zeloí Martins dos Santos (UNESPAR/FAP), Luiz Henrique Torres (FURG)
Data da defesa: 10/08/2012
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SER CRISTÃO NO SÉCULO IV:
IDENTIDADE NA HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DE EUSÉBIO DE CESAREIA
Edalaura Berny Medeiros
Resumo: Carente da ligação cultural observável nas demais religiões de seu tempo, Eusébio se empenha em um trabalho pioneiro para conferir aos cristãos um sentimento de pertença através da pesquisa sobre a história dos hebreus e dos judeus dissidentes que seguiram Jesus Cristo, os quais, segundo Eusébio, representam a continuidade legítima da religião dos patriarcas. O trabalho se torna mais complexo quando o autor chega à narrativa dos eventos de sua contemporaneidade, que compõem a segunda parte de sua obra História
Eclesiástica. Através do presente trabalho, pretendemos mostrar que Eusébio utilizou exemplos de cristãos e pagãos para a narrativa dos eventos que presenciou e que essa escolha conferiu contradições à sua exposição, as quais foram sanadas pela lógica de seu discurso, cuja função “didática” faz com que a mensagem de fortalecimento da identidade cristã, pela lógica da formação de identidades por oposição binária, justifique impropriedades, contradições e até mesmo as omissões.
Palavras-chave: História Eclesiástica; Eusébio; Império Romano; século IV; cristianismo; identidade.
Banca: Fábio Vergara Cerqueira (UFPel, orientador), Gilvan Ventura da Silva (UFES), Paulo Cesar Possamai (UFPel)
Data da defesa: 14/09/2012
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Taiane Mendes Taborda
Resumo: O presente estudo destina-se a problematizar o perfil representativo das mulheres da elite pelotense entre os anos de 1919 e 1922, através das páginas da Revista Illustração Pelotense, importante publicação editada e impressa na cidade de Pelotas que circulou por várias cidades do Rio Grande do Sul entre os anos de 1919 e 1927 e cuja tiragem quinzenal se destinava a noticiar os acontecimentos sociais vividos pelas mais respeitadas famílias da cidade e arredores bem como promover o mundo literário publicando poesias, contos, crônicas e trechos de obras de autores famosos. Sua importância evidencia-se na sua longevidade, na tiragem expressiva de suas edições e no fato de alcançar diversos municípios tornando-se uma fonte considerável para analisar quais eram os papéis sociais femininos disseminados entre as classes privilegiadas durante o período castilhista. Com esse intuito, a pesquisa concentrou-se nos discursos que eram veiculados sobre as mulheres, para as mulheres e também em textos que eram assinados por mulheres, situando as análises nas discussões de gênero.
Palavras-chave: Mulheres. Representação. Imprensa.
Banca: Lorena Almeida Gill (UFPel, orientadora), Denise Marcos Bussoletti (PPG em educação/UFPel), Francisca Ferrreira Michelon (PPG em memória social e patrimônio Cultural/UFPel), Charles Monteiro (PUC-RS)
Data da defesa: 13/09/2012
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PROPAGANDA E COERÇÃO NA POLÍTICA EDUCACIONAL DO ESTADO NOVO (1937-1945), EM PELOTAS/RS
Vanessa dos Santos Lemos
Resumo: Esta dissertação analisa os elementos propagandísticos e coercitivos empregados na educação no Estado Novo (1937-1945), especialmente em Pelotas – Rio Grande do
Sul. O trabalho verifica como a política do regime ditatorial de Vargas manifestou-se na educação, quais mecanismos promoveram a participação massiva da população escolar nas cerimônias cívicas, assim como a adesão da sociedade ao regime. O governo Vargas, através da sua política educacional, buscou inculcar na sociedade brasileira o culto ao líder, valores cívicos e patrióticos, forjando a identidade nacional. São estudadas como as Celebrações Cívicas (Semana da Pátria) e as práticas da Educação Física foram empregadas neste processo e como foram mesclados, na confecção do projeto pedagógico estadonovista, elementos pedagógicos da proposta Católica e da laica. É avaliado o papel das Instituições escolares na organização e na vigilância da comunidade onde estavam inseridas e como o Estado cooptou as famílias no desenvolvimento da Campanha de Nacionalização. Percebe como um discurso liberal esteve atrelado à prática ditatorial na articulação da adesão e aprovação ao regime. Demonstra de que forma o Ensino de História foi utilizado na formatação de uma educação calcada em um nacionalismo ufanista. Reflete sobre a promoção de um ensino físico e “cívico” nas Caravanas dos Coloninhos, nas Colônias de Férias e nos Grupos de Escoteiros, e como os militares concorreram para o disciplinamento da juventude brasileira, de forma coercitiva e massiva.
Palavras-Chave: Estado Novo, História de Pelotas, Educação, Campanha de Nacionalização.
Banca: José Plínio Guimarães Fachel (UFPel, orientador), Edgar Ávila Gandra (UFPel), Giana Lange do Amaral (PPG em Educação/UFPel)
Data da defesa: 17/08/2012