Segue aqui a dica de um documentário bem interessante, intitulado “
Vidas Tragadas“, o qual é resultado de um ano de investigação jornalística sobre as condições de trabalho dos agricultores familiares responsáveis pela produção de fumo no país, segundo maior produtor mundial de tabaco e fornecedor das principais empresas do setor, como British American Tobacco (BAT), Philip Morris International, China National Tobacco Corporation, Imperial Tobacco Group e Japan Tobacco International.
O vídeo traz diversos elementos interessantes e passíveis de consideração no campo da Engenharia de Produção, dentre os quais temos as pressões relacionadas à governança em cadeias produtivas e também à aplicação de modelos de negócio no envolvendo agricultura familiar. O vídeo também aponta elementos muitos interessantes no tocante à Ergonomia, presentes em relatos sobre posturas, rejeição aos EPIs devido ao desconforto, organização do trabalho, riscos psicossociais, etc.
O tema tratado no vídeo, pela natureza do conteúdo, traz algumas manifestações isoladas de algumas representações do setor, insatisfeitas com os relatos nele apresentados. Contudo, cabe lembrar que os argumentos trazidos pelo vídeo já são recorrentes em outras matérias, pesquisas e inclusive, documentários em temas correlatos com a indústria do tabaco, o que remete à necessidade de um olhar empático para a condição dos agricultores familiares envolvidos neste setor produtivo. Abaixo colocamos parte de um texto de divulgação extraído do MPT-PR. Leia também o post “
Agrotóxicos, depressão e dívidas criam ‘bomba-relógio’ de suicídios no RS“, com tema correlato ao referido documentário, postado aqui no site em 2016.
Assista e reflita!!
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O cenário encontrado (pelos produtores do vídeo) durante a produção na região Sul do país, que concentra quase toda a produção brasileira, foi o de agricultores familiares em jornadas extenuantes, expostos a agrotóxicos e contaminados por overdoses de nicotina. Médicos e cientistas associam o cultivo do fumo aos alarmantes índices de depressão e suicídios registrados em todos os polos produtivos.
O trabalho infantil também está presente. Adolescentes trabalham tanto para a própria família quanto para empreiteiros de mão de obra, em áreas de cultivo integradas às empresas.
Os autores da pesquisa percorreram 5 mil quilômetros entre os três estados do Sul do país. A pesquisa foi conduzida por jornalistas da Papel Social, organização especializada na identificação de violações de direitos humanos em cadeias produtivas. O Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) e a Associação Paranaense de Vítimas Expostas ao Amianto e aos Agrotóxicos (Apreas) foram os apoiadores deste projeto.
Dividido em seis capítulos, o livro Vidas Tragadas traça um panorama sobre as condições de trabalho no setor, com relatos sobre a exploração e dependência econômica das famílias aos contratos de integração com as empresas, o trabalho infantil, os impactos ambientais e na saúde dos fumicultores e as estratégias das multinacionais para controlar as decisões de gestores municipais e influenciar organizações do terceiro setor.
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