Viajar em tempos de crise: sonho ou realidade?

por Thuanny Cappellari

Quem não gosta de viajar? Com a alta do dólar e a crise na economia nacional, desfrutar deste benefício pode ficar mais difícil. Mas, há quem diga que não, e encontre algumas soluções diante deste cenário.

Conversamos com Julio Santana, administrador e proprietário de uma agência de viagens em Rio Grande. No ramo há 10 anos, ele garante: “há mercado e possibilidades, é preciso saber adaptar-se”.  Além disso, viajar faz bem e proporciona novas amizades. O empresário nos explicou que cerca de 90% de seu público alvo busca por grupos, são pessoas que se conheceram nas viagens e querem viajar juntas novamente.

Em novembro de 2015, Julio foi convidado pela Trend participar de uma “FamTour”  em Aruba.  Esta é uma viagem de familiarização, treinamento e aprimoramento para os profissionais de turismo. A Trend é a maior empresa em soluções para viagens e turismo no Brasil. O convite foi concedido a ele e mais 11 agentes de viagens que se destacaram pela venda a este destino. O profissional, através de sua agência, foi o único a obter destaque no  Portal PANROTAS, que é líder em produção de informações para o profissional de turismo.

 E por isso, o EmPauta quer saber qual o segredo para não se deixar abalar pelas dificuldades econômicas.

É possível viajar em tempos de crise?

Sim, há opções possíveis. Por exemplo, temos preços 2 em 1, que são viagens onde se cobra o valor de um passageiro e o segundo é grátis.  Essa é uma das soluções que encontramos, ou seja,  se reduz a margem de lucro, mas continuamos fazendo viagens. Também mantemos uma boa negociação com fornecedores e prestadores de serviço.

Então, as pessoas continuam viajando?

Em Rio Grande, sim. Continuam viajando porque existem opções para cada tipo de bolso. E vamos de acordo com o perfil do público, por exemplo, as classes A e B querem qualidade, já a C e D pesquisam os preços. O nosso maior público alvo é o emergente, são aquelas pessoas que não tinham condições financeiras para viajar e conseguem com a facilidade do parcelamento.

Qual o destino mais procurado?

O mais procurado é Porto Seguro, mas os mais vendidos são Maceió e Fortaleza. O motivo é que Porto Seguro há alguns anos era mais barato, mas se tornou caro ultimamente. E,  ao meu ver, Maceió e Fortaleza são até melhores.

A procura por destinos internacionais diminuiu?

Não. As pessoas que querem ir para o exterior geralmente são das classes A e B e possuem boas condições financeiras. Com a alta do dólar, o que modificou é que elas, às vezes, reduzem sua estadia. Por exemplo, ao invés de quinze, permanecem doze dias.

Quais as características que um bom agente de viagens precisa ter?

Carisma, paciência e jogo de cintura, porque há pessoas de classes e culturas diferentes.

A modalidade de cruzeiros era geralmente opção para pessoas com alto poder aquisitivo. Observamos um crescimento neste tipo de viagens, isso ocorreu? A que se atribui essa mudança?

Sim. Atualmente, 35% das vendas são de viagens em cruzeiros porque estão mais acessíveis, e tem a opção de “all inclusive”, ou seja, todas as refeições inclusas na viagem. Assim, a pessoa não se preocupa com gastos em alimentação, e é mais vantajoso.

Tu falas que vendes sonhos. Explique melhor.

Digo que vendemos sonhos porque a diferença em vender viagens é que não se vende um produto como uma coisa que se leva pra casa. E por isso é um pouco difícil de compreender, que se está comprando algo que não é material. Às vezes, as pessoas criam expectativas com os roteiros e se frustram porque ele não é tudo aquilo que se esperava. Esta é a parte ruim. Não é fácil, porque tu mexes com os sonhos que as pessoas têm.

julio

Julio Santana em sua Agência de Viagens. Imagem: Arquivo pessoal

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