Ruas de Pelotas são alvo de intervenções artísticas

Por Raquel Thormann

As ruas da cidade de Pelotas estão sendo constantemente alvo de intervenções artísticas de estudantes, artistas e designers. Esses movimentos são uma expressão cultural e caracterizam o público da cidade. Grafite, música, teatro e literatura são alguns dos exemplos de arte típicos das ruas de Pelotas que vêm se expandindo com o crescimento do público universitário.

Foto: Manoela Nogueira

Foto: Manoela Nogueira

Como capital cultural, a cidade possui um grande número de artistas urbanos que não estão interessados na fama, mas em mostrar para o público seu verdadeiro talento e ideologia. A relação que a cidade possui com as artes é antiga, o que fez com que a cidade recebesse o título de capital cultural. Com esse incentivo à cultura na cidade, muitos moradores sentem uma vontade de compartilhar com os outros os seus dons artísticos.

Neidi é um dos muitos artistas que estão nas ruas de Pelotas, embora às vezes não seja reconhecido como tal. Há mais de vinte anos trabalha como vendedor de rua e vende os seus trabalhos com o intuito de conseguir renda para se sustentar. Natural da cidade de Pelotas, conta que trabalhou poucas vezes fora do município. Em relação à receptividade das pessoas ao seu trabalho, Neidi conta que é positiva, contudo nem toda época do ano é fácil para ele. “Tem algumas épocas do mês e do ano que as vendas caem. Às vezes, passamos por dificuldades por causa do clima, chuva, frio, calor. Há ainda lugares que não podemos trabalhar por causa da fiscalização, por exemplo, não somos permitidos a ficar no calçadão. Meu artesanato é de subsistência, ganho para sobreviver, sem dinheiro para comprar coisas caras.”.

A Arte Urbana ou street art foi inicialmente um movimento underground que se constituiu como forma de fazer artístico e aos poucos foi abrangendo outras modalidades como estátuas vivas, músicos, malabaristas, palhaços e teatros. Antes designada arte pública, a arte urbana passou a incluir todo tipo de expressão artística no espaço coletivo. Esta designação adquiriu um novo significado e tem por objetivo separar a arte que se faz no contexto urbano das instituições públicas.

Em uma das disciplinas do curso de Design Gráfico da UFPel, os estudantes devem ao longo do semestre realizar intervenções artísticas nas ruas de Pelotas. Ano passado quem passou pela rua Alberto Rosa em agosto, provavelmente se deparou com situações, no mínimo, inusitadas. Nas imediações do centro de artes da UFPel pôde-se ver mordomos estendendo um tapete vermelho na parada de ônibus, bolhas de sabão gigantes, fios coloridos enrolados em árvores, além de várias outras intervenções. Tudo isso fez parte de um trabalho desenvolvido por estudantes de Design Gráfico da Universi dade Federal de Pelotas, na disciplina de percepção espacial.

O estudante João Victor Fraga, um dos “mordomos” responsáveis por recepcionar as pessoas que desciam da parada de ônibus nas imediações da universidade, considerou a experiência muito interessante, e afirma que talvez jamais fizesse algo do tipo se não fosse através da disciplina: “As pessoas do lado de fora do ônibus acabavam esperando na parada junto com a gente para poder ver a reação de quem descia”. Para a estudante de Design Gráfico, Waleska Teixeira, as intervenções acabam se tornando benéficas para a população. “Deixam a cidade mais feliz”, completa.

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