Política e o racismo estrutural

Wesley Quevedo/Em Pauta

Movimento negro nos EUA, nos anos 60, atacou o preconceito racial e é modelo de resistência para o mundo e o Brasil. Fotografia editorial de Everett / Shutterstock / Em Pauta

No Brasil, 54% da população se declara preta ou parda, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse índice populacional majoritário, no entanto, não se reflete na representatividade dos líderes negros na vida política do país.

Segundo a pesquisa da página de estatísticas do Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta que, nas últimas eleições para o Congresso Nacional, assembleias legislativas estaduais e a Câmara Legislativa do Distrito Federal –, 27,8% dos eleitos eram pretos ou pardos, sendo 4,28% pretos. Nas Eleições Municipais de 2020, essa proporção melhorou para 43,03%. Porém, é ainda um percentual muito baixo quando se refere apenas a candidatas e candidatos pretos, especificamente, que constituíam somente 5,63% dos eleitos.

As razões para grande desvantagem de representatividade de negros na política é vista por pesquisadores por conta do racismo estrutural. Desde nossos antepassados a sociedade em si se organiza deixando a população negra em sua margem. A escravidão até os dias de hoje reflete na sociedade brasileira e na política, excluindo descaradamente a população preta e mestiça de diálogos democráticos, com pouco compromisso quanto a desigualdade racial e social.

Nos dias de hoje isso impacta nas escolhas para líderes negros e nas dificuldades que eles encontram no caminho para serem indicados como candidatos para cargos públicos. A estrutura de um o sistema de dominação branca, repercutiu na ausência de acesso à cidadania e à igualdade de direitos, mexendo diretamente nos índices de sub-representação da população negra nas casas legislativas.

Michel Escalante é um vereador negro e eleito pela primeira vez na cidade de Pelotas: “na Câmara de Vereadores tem bastante variedades de causas nesse mandato, como vereadores em prol da diversidade, dos animais, das mulheres e eu e os vereadores Paulo, Barriga e Cesinha em causas raciais.”

Michel também conta que a cobrança é maior em cima deles: “o pessoal da comunidade nos cobra voz, iniciativa e posicionamento, além de sermos representantes do povo, somos também representantes de toda comunidade da onde viemos como Dunas, Pestano, Getúlio Vargas e Guabiroba.”

Para o vereador, estamos no início de um longo processo, onde, infelizmente a população recém está se acostumando com pessoas pretas no poder político. Espera-se que daqui para frente existam mais oportunidades para essas pessoas tão desvalorizadas ao longos dos anos.

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